Capítulo 2

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ARGOR
- como começou bem a minha semana – desabafo para mim mesmo, o silencio na agencia é reconfortante.  Já passou da minha hora aqui mas não consigo ir embora. Para onde eu iria agora? Casa? Não é opção, o lugar onde cresci esta cheio de lembranças  dela. E agora com meu querido irmão de volta como posso me distanciar de tudo. Meu telefone toca o pego e reconheço o número o código de área da Grécia fico tentado a não atender, mas sou medroso de mais para ignora-la.
- alo. Eu digo cansado.
- como está esse seu dia de merda, nesse pais de merda – fala a voz feminina que me arruinou para qualquer outra – espero que os Deuses te mandem direto pro ades, sem direito a passagem com o barqueiro. Ela diz, amaldiçoando-me como faz sempre que me liga. Ouvi-la despedaça-me mas não consigo ignora-la. Reconheço minha culpa e a perversão de minha alma, já aceitei meu destino a muito tempo. Sei que não há salvação para mim, mesmo que o barqueiro quisesse fazer a travessia para o olimpo de graça.
Ouço a ligação se encerrada e vou ate o bar que tenho em meu escritório, pego uma garrafa de jack e encho meu copo, esse sem duvida será meu companheiro esta noite, como tem sido em tantas outras desde que cheguei ao Brasil.
Não sei quanto tempo passou ou quantos copos já tomei e não me importaria, continuaria ali observando a noite cair e as luzes desta cidade que aprendi a gosta acenderem para as criaturas da noite, mas quando se esta fodido como eu, esses momentos de paz nunca são apenas isso. Encostado na vidraça ouço os passos e sinto seu perfume, mesmo me negando a acreditar que os deuses enviassem justo ela para me penitenciar. Amaldiçoo os deuses por tornar tão real está ilusão, odeio os por não me deixarem em paz com meus muitos demônios.
Estou mesmo alucinando e desta vez o whisky fez seu papel, estou até sentindo seu toque – cristo onde esses devaneios vão me levar? – Olho para a miragem na minha frente e sinto seus dedos quentes em meu rosto, seu toque me queima, passo minhas mãos em meu rosto para afastar a alucinação, mas não adianta, ela continua ali, com seus olhos grandes e cinzas – não devia ser permitido recriarem assim alucinações tão perfeitas.
- Você é real? – Pergunto tocando seu rosto – não, não é possível, anjos não existem no inferno, não é permitido para vocês – eu desabafo e as malditas lagrimas caem pelo meu rosto, infernos agora isso além de alucinações estou chorando como uma mulherzinha.
- Diga-me, porque me atormentar tanto? Sei que estou condenado, que minha alma negra não tem salvação, não sofri o bastante para minha vida –seus lábios perigosamente perto dos meus, seu calor e seu cheiro de baunilha inundam minha mente e estou perdido quando toco meus lábios aos dela, deixando sair de mim toda angustia e desejo possuindo-os, gemendo em sua boca enquanto aprofundava o beijo. Pressiono meu corpo no dela e minha ereção aperta entre nós ela geme e é minha perdição, minhas mãos criam vida e apertam sua cintura com força colando nossos corpos, tenho certeza que ficara marcado, mas no momento não me importo, não consigo raciocinar com ela tão próximo e me tocando daquela maneira tão primitiva e imprudente. Mordo seu lábio inebriado por seu sabor ser tão real, beijo seu ombro deixando ali uma mordida que também deixara marcas amanhã, ela se entrega quando minhas mãos descem até sua bunda e ergo seu corpo pequeno para meu colo, passo suas pernas por minha cintura num movimento e sinto sua  excitação, gememos ambos com o contato, o animal que tomou conta de mim não pensa apenas age jogando-a sobre a mesa de reuniões rasgo sua blusa espalhando os botões por todo chão seguro um rosnado quando vejo o sutiã delicado e branco que ela usa por baixo aperto seus mamilos estão rígidos e sensíveis pelo desejo  mordo de leve enquanto ela estremece embaixo de mim, espalho beijos pelo seu abdômen liso enquanto suas mãos se apossam de minha camisa arrancando alguns botões em sua urgência ,minha mente vaga entre lucidez e sonho, não pode está mesmo acontecendo, como que para confirmar minhas suspeitas ouço o barulho de vidro se espatifar aos meus pés e a realidade me toma.
Como se despertasse de um transe percebo o que estava fazendo, paralisado com minha mente ainda nublada pelo álcool e pela culpa sinto a ardência me minha face quando sua mão pequena me acerta com força me trazendo de volta a realidade. o ódio que sinto de mim mesmo neste instante me sufoca e mais do que posso suportar, escondo meus olhos dela e de seu olhar frio. Ela me observa com descrença acredito que agora me odeie realmente, sou realmente um fodido. Destruo tudo que toco. As maldiçoes me seguiram desde a Grécia e nem Zeus poderia aliviar meu tormento ou livrar minha alma do inferno agora.
- Me perdoe – falo na tentativa de desviar sua atenção de mim – o que você está fazendo aqui?
- Só queria ajudar –ela responde num sussurro, me viro pois o menor vislumbre de seus olhos magoados me faria quebrar neste momento – não falarei nada fique tranquilo, tenho minha parte de culpa, não deveria ter entrado aqui. Meu coração martela em meus ouvidos e me falta o ar naquele ambiente onde seu perfume é predominante não vejo alternativas saio de perto dela o mais rápido que posso e me escondo no banheiro.
-Não posso envolve-la nisso, não posso arrasta-la para meu inferno – me amaldiçoo por ter sido fraco novamente, se aquele copo não tivesse caído onde estaríamos agora? Provavelmente enterrado nela – o demônio que me olha no espelho ri de mim, minha desgraça e sua alegria, meu tormento sua felicidade. Ligo a torneira na esperança de lavar de mim seu cheiro de tirar de minhas mãos a sujeira que esta impregnada em minha alma como lama. Sei que sou um condenado, que não tenho direito a ela, mas eu a desejo, só de pensar nela meu corpo se aquece, mas isso é loucura não serei responsável por corrompe-la Agnes merece alguém melhor, ela merece alguém digno dela. Sinto o sangue escorrer de meu punho e ouço o vidro do espelho se espatifando ao redor da pia a dor dos cortes é bem-vinda e me distrai da dor de minha alma.
Não sei quanto tempo fiquei ali perdido em minha dor, só que quando sai a sala estava vazia e fria, no chão o único sinal da visita dela os botões dourados de sua blusa e os cacos do copo. Num movimento impensado me abaixo e guardo em meu bolso os botões, me permitindo uma lembrança daqueles instantes de insanidade, me encaminho para o elevador, este maldito cubículo de aço, sinto as garras da claustrofobia tomando conta de mim, meu sangue gela nas veias e meu coração parece que vai sair pela boca, maldizendo o gênio que inventou os elevadores chego enfim ao estacionamento, para minha infeliz surpresa lá estava se despedindo de meu irmão bastardo o motivo do meu tormento. Em meu rosto deixo transparecer a máscara de frieza ao qual estou acostumado por tantos anos, mas por dentro meu coração perde uma batida, fito seus olhos pelo retrovisor e o sorriso amistoso que ela exibia some deixando em seu lugar uma carranca de dor e ira. O que eu fui fazer, céus – meu pensamento me martiriza, o mostro me olha e sorri satisfeito.  Foco meu olho naquela íris cinza como um céu que precede uma tempestade e um arrepio me percorre quando ouço o barulho dos pneus de seu carro deixando o estacionamento.
- Você? Ainda aqui? – Meu irmão questiona intrigado – pensei que não admitisse horas extras? Ele zomba, seu sorriso irônico reascende minha ira, elevando ao nível de ser explosivo.
- A empresa é minha se me lembro bem – respondo rude – o que você ainda faz aqui? Assediando minhas funcionárias agora? Não te bastam as modelos? Falo entre dentes deixando claro meu descontentamento com sua presença, minha relação com Asker nunca foi das melhores, o que piorou significativamente após meus problemas na Grecia, o que me fez voltar para o Brasil e deixar a terra que tanto amo. Meus pais nunca entenderam a minha necessidade em abandonar tudo e recomeçar aqui.
- Corrigindo, a Antares é da família – ele responde – o que você fez com Agnes lá em cima querido irmão? Sua pergunta me pega de guarda baixa, pelos sete infernos como ele percebeu? Ela não diria nada, principalmente a ele ou diria? – O que foi? Já e
stá tendo recaídas? Será que preciso te lembrar dos estragos que você causou a uma certa jovem não muito diferente dela Argor?
- Você não sabe do que está falando –repreendo, a ira cresce em meu interior cerro os punhos para impedi-los de acertarem o rosto irônico que me fita.
-Você é toxico irmão, destrói tudo que toca – ele cospe em mim, suas palavras fazendo o mostro rir de mim mais uma vez, mostrando o quanto estou fodido - ela é minha entendeu. Sua voz soa como um aviso, meu estomago revira com a imagem dele com as mãos em Agnes.
- Ela não te pertence – revido, mas o monstro se manifesta mais uma vez e aplaude prevendo o embate entre nós  - deixe-a ela não é igual as suas outras conquistas. Eu aviso.
- E como você pode saber? Seu maldito pervertido – ele grita pra mim, suas palavras com um peso esmagador em meu corpo, um soco seria menos doloroso – guarde suas perversões e delírios para essa sua mente doente Argos e nos deixe em paz. A única coisa que você merece é viver no inferno pelo resto de seus dias. Ele pragueja, mal sabendo que eu já vivo no inferno, não preciso que ninguém me lembre disso.
Dou as costas para que ele ao perceba o quanto suas palavras me afetam entro no meu carro, vim sem motorista por ter deixado Jonas a disposição deste idiota, terei que enfrenta o transito de São Paulo com os pensamentos em plena desordem e depois de ter bebido uma garrafa inteira de whisk. Tudo que faltava agora seria um bloqueio policial para completar minha noite de merda. Penso quando passo pelo portão do estacionamento deixando meu irmão e seu desprezo para traz.  O que ele tinha de vir para a antares?  Reflito enquanto o sinal me impede de chegar em casa, casa, palavra estranha para o lugar onde eu moro agora. Não me sinto realmente em casa desde, bem desde muito tempo, minha mão toca minha perna que treme de inquietação enquanto o transito não anda, sinto com a ponta dos dedos os botões que apanhei da sala de reuniões e as lembranças me invadem, o cheiro dela, suas mãos pequenas, seu calor, a maciez de sua boca pequena, seus gemidos. Sou interrompido de meus devaneios pela buzina insistente do carro atrás do meu o que me faz perceber que o sinal abriu e estou segurando o transito.  Maldito anjo, me causando problemas até com sua lembrança. – praguejo baixinho em meu carro, percebendo o desconforto em minhas calças – você também? Sou o quê, um maldito adolescente para ficar assim duro só com as memorias? – Me pego divagando novamente e nem percebo que já estou parado em frente ao prédio onde moro agora, na portaria Jonas me encontra e tenho a sensação que esta noite ainda não chegou ao fim.

Tentação GregaWhere stories live. Discover now