Errar é Pecado

A Carta.

Antes de envenenar-me, estive em guerra com meu peito e minha cabeça, para decidir-me se era mesmo o covarde que você sempre me julgara ser, ou se era apenas o fato de que conheceria, finalmente, a sra. morte, e qeu nunca estive bem preparado para tal emoção. E sobre não mais existir na Terra, esse, fora o sentimento mais difícil de superar.
O único motivo que me mantivera nesse mundo por tanto tempo fora você, filha, porém, se já não me encontro hoje na pequena copa a qual me condenara, é porque você deixara der esse motivo. Sua consciência não faz a menor remota ideia do desgosto que é para um pai que um dia amou uma filha de maneira incondicional, ver esse sentimento ser triturado e atirado ao inferno. A menininha, a minha princesinha, a mais amável garotinha que você já foi um dia, transformou-se num monstro. Numa puta. Em um exemplo perfeito de um discípulo do Diabo. Você punha um fim a minha vida. Saiba disso. Você condenou-me a doença do cão, torturou e humilhou. Meus pesadelos de todas as noites são sempre os mesmos; você, aos 12 anos, rindo como o diabo ri ao ouvir o credo, e apontando com toda graça para mim ao ver-me acidentar-me na escada do segundo andar. Ao ver-me cair e me parar em uma pose que para você fora engraçada. Ao ver-me a sangrar com o fêmur a saltar para fora do seu lugar. Fora nesse dia que, então, eu descobrira o que você realmente é.
O que é um pai transformar amor por uma filha em ódio e repudia? Eu não sou um pai desalmado. Você, e somente você, é capaz de abrir as portas do inferno para a Terra. Você, e somente você, é capaz de aniquilar o amor e a paz do mundo com sua crueldade. Quero que sinta toda a carga da minha raiva nestas palavras, e que carregue esse fardo nas costas, até que o dia da sua última maldade na Terra chegue.

Dedicarei a você todo o meu tempo livre no outro mundo, implorando, a todo segundo, que queime em absurda e dolorosa lentidão no fundo do inferno.

- Ernesto Oliva. O homem que um dia fora seu pai.