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Dias atuais 

O telefone de Estêvão Makeehna vibrava sem parar, fazendo o barulho ecoar alto por causa da madeira da cômoda.

- Alô. - Atendeu com sua voz embargada de autoridade e passou as costas da mão na testa ligeiramente para secar uma gota de suor que insistia em escorrer.

- Detetive Makeehna, temos um caso. Praça da Rua Lincoln.

- Ok. Chego em 20 minutos.

- Quem era? - Perguntou sua acompanhante de quem ele não recordava o nome.

- Trabalho. Tenho que ir. - Disse enquanto se vestia.

- Mas já? Volta pra cama baby. - Mordeu os lábios enquanto acariciava a cama.

- Não posso, tenho que ir. Fique à vontade, e tranque a porta ao sair. - Voltou-se para a moça de aparência coreana e a beijou rapidamente nos lábios e saiu sem a menor intenção de vê-la novamente.

Entrou no seu carro, um Cadillac vermelho ano 1975, que estava personalizado de acordo com suas características marcantes. 

Estêvão Makeehna era um homem brilhante, sagaz e que dispunha de uma percepção de fatos que o faziam um jovem e notável detetive do Departamento de Polícia de Londres. Seu temperamento não era tão brilhante quanto sua mente.  Afabilidade, carinho e cordialidade não eram seu forte, o que gerava um grande descontentamento de seus colegas de trabalho. Makeehna acreditava que não estava ali para agradar as pessoas, estava ali para trabalhar seriamente se dedicando para dar um fim conclusivo e obvio a cada caso.

Detetive Makeehna nunca havia passado mais de três meses com o mesmo parceiro, pois sempre os assustava com seu gênio. Ate que um dia, seu superior designou Kevin Martin para lhe acompanhar. Um jovem igualmente inteligente. A mente simples e às vezes complexa de seu parceiro encantara o Detetive Makeehna e depois de dois longos anos juntos, eles já eram mais que parceiros, tinham uma cumplicidade de irmãos.

Em exatos 20 minutos, o detetive Makeehna pairava na cena do crime.

Os bancos da pracinha estavam molhados pelo sereno da noite, a luz da lua dava um toque sobrenatural aquela cena. Estevão nunca vira uma coisa como aquela, parecia ter saído de um filme, o corpo estava em meio às flores do jardim, a moça ruiva estava bem vestido, um filete de sangue escorria pelo seu pescoço manchando todo o vestido branco, não havia indícios de força bruta ou coisa do tipo, seus olhos abertos condiziam com uma mulher assustada, que com certeza não estava pronta para morrer, não agora, não de uma forma macabra como essa.

O detetive aproximou-se do corpo frio e sem vida notando algo diferenterente ao tecido da roupa, Makeehna pegou uma lanterna e chegou ainda mais perto do cadáver. Analisou, olhou atordoado para Kevin e disse: 

- A roupa foi costurada no corpo da moça! 

Kevin o encarou incrédulo e aproximou-se para ver com seus próprios olhos tamanha crueldade.

- Então não tem como ela ter sido morta aqui. – Cogitou Kevin, abismado com aquela situação.

- Ou talvez sim. Mas não vamos tirar conclusões precipitadas, vamos esperar para ver o que Nick diz.

A primeira vista o corpo estava praticamente intacto. Suas roupas eram aparentemente caras, um pouco de maquiagem borrava seu rosto, porem seus cabelos estavam bem penteados.

- Que tipo de pessoa faz isso com alguém? - Makeehna perguntou a Kevin.

- Do tipo psicopata sádico. - Respondeu.
O detetive chefe afastou-se do corpo para que o resto da equipe fizesse seu trabalho. 

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