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Por mais que Makeehna odiasse os pesadelos perturbadores, não gostava de ter seu sono interrompido. Porém estava curioso, Kevin nunca o ligava por qualquer coisa, ainda mais no meio da madrugada.

- O que você quer? - Mesmo sonolento conseguia ser rude, mas não o bastante para intimidar o parceiro. - Espero que seja algo sério, eu estava tendo ótimos sonhos com coreanas e...

- Encontramos outro corpo.

- O que? - Levantou-se em um pulo só. - Por que esses babacas nunca me chamam primeiro?

- Mais um corpo foi encontrado e você ta preocupado com isso?

- Cala a boca, Kevin. Manda a merda da localização por mensagem.

Makeehna desligou o celular calçou seus sapatos, vestiu a camisa mais fácil (a mesma do dia anterior), abriu a porta e saiu à procura de suas chaves, mas o ar gelado no corredor o lembrou de que o inverno ainda não havia chegado ao fim, então voltou para pegar um casaco que o aquecesse o suficiente no resto da madrugada. Sentiu seu celular vibrar em seu bolso, pegando-o logo em seguida já imaginando que seria a localização de onde os demais se encontravam. Saiu em direção a Penélope, dando partida no Cadillac seguindo para o destino que Kevin o instruíra. Por sorte, não ficava muito distante dali e Estevão não gastou mais do que vinte e cinco minutos para estar no local. Estacionou seu precioso carro bem conservado e logo Clarice veio ao seu encontro com um enorme copo em suas mãos.

- Bom dia Detetive, aqui está o seu café! - Entregou o grande copo branco.

- Boa noite, estagiária. - Pegou o copo sem ao menos olha-la.

- Mas, já é quase dia. - Disse em um fio de voz.
Makeehna parou no meio do caminho e encarou a moça.

- Você está vendo raios solares?

- Não, Senhor.

- Está vendo o claro do dia?

A jovem mulher negou mais uma vez.

- Então é “boa noite”, estagiária! - Tomou um gole do seu café. - Volte ao trabalho, amanhã eu quero um relatório nos mínimos detalhes sobre o corpo ate às 11 da manhã na minha mesa.

- Como quiser. - Clarisse passou por Estevão olhando para o chão, não tinha coragem de encarar nem aos próprios pés.

- Estevão! - Kevin o chamou. - Demorou uma vida.

- Eu nem queria estar aqui. - Revirou os olhos. - amanhã é domingo, minha folga.

- Pode folgar outro dia, “senhor bom humor, que sonha com coreanas”. - Enfatizou a frase fazendo aspas com os dedos.

- De quem é o corpo? - Estevão perguntou.

- Você não vai acreditar!

- Não vou se você não disser logo seu maldito.

- Letsky! - Disse esbanjando um sorriso.

- Quem diabos é essa tal de Letsky? E por que você esta rindo seu imbecil? - Bebericou mais um gole do café. - Essa porcaria esfriou.

- Anna Letsky, substituta de Melinda Lewis. Modelos da...

- Ah, sei, sei... - Saiu em direção jogando o copo em um cesto de lixo em um canto qualquer.

Makeehna resolveu observar em uma distância considerável por um instante . A mulher loira vestia roupas parecidas com as de Melinda. Seu corpo tivera sido jogado longe de olhares curiosos, em um beco sujo e escuro, porém agora não estava tão escuro, haja vista que os policiais colocaram luzes focando o local. Makeehna aproximou-se mais perto do corpo esguio e não se surpreendeu ao ver os pontos que prendiam o vestido branco perolado na pele. A chuva fina e insistente da madrugada lavou todo o sangue que deveria estar ali, tornando a minúscula fissura em seu pescoço bem evidente. Ao contrário do corpo anterior, Anna estava de olhos fechados.

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