Capítulo VII

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Narrado por Yohana

  Acordei de repente, sem saber se ainda era dia ou se já havia anoitecido, me surpreendo ao perceber que estou na cama dos meus pais, com dor de cabeça e sozinha. Lembro-me apenas de algumas cenas. Marcela estava vestida e pronta para sair, o som da sua voz e suas poucas palavras não foram traduzidas de imediato. Por extinto viro-me para o lado e encontro o que já imaginava. Um pequeno pedaço de papel, sem dúvidas de que era um bilhete, ali deixado para mim.

"Querida, fui até a empresa, já estarei retornando"

Sem dar muita atenção, e com os pensamentos dispersos, me vejo andando de um lado para o outro. Uma inquietação constante, daquelas que você não consegue controlar mas pode retomar o controle, e ainda assim, mesmo tomando conhecimento disso, é como se não valesse a pena tentar. Estou entregue e, não sei o que sou capaz de fazer à mim mesma.

Mas havia uma pequena luz, algo que quebrasse aquela corrente de energia incontrolável. Um som feito música. Era o toque do celular. O meu celular, que nesse momento, está tocando no cômodo ao lado.

- Alô? - minha voz saiu grave e cansada, como se o sono houvesse insistido em se exibir junto à ela.
A voz que respondeu era uma voz masculina e doce, um som apreciável para aos meus ouvidos.

- Olá, Classon. Como vai? - tentei pigarrear para melhorar a voz, embora não tenha tido diferença, sorri da minha própria idiotice e escutei o rapaz do outro lado da linha dizer que minha risada é adorável. Precisei rir de novo, pela segunda vez. No fim Classon fez a pergunta que com certeza era o motivo da ligação.

- Quer sair comigo?

A pergunta não me surpreendeu, mas me pegou desprevenida. Dizer "não" não é uma boa. Afinal, hoje meu pai  chega de viagem. Lhe ofereci a devida desculpa, lhe oferecendo também uma ideia. Ele poderia vir em minha casa no horário de almoço do dia seguinte e aproveitaria para nós conhecer melhor.

Meus olhos fixos no relógio imenso na parede da sala fotografaram o minuto em que escutei o som da campainha e dois toques na porta. 11:35 hrs. Meus pés se arrastaram até lá e imaginei que Marcela havia chegado mais cedo do que prometera.

- Filha! - mas não era Marcela, sem sombra de dúvidas, ficaria tão feliz quanto. A mesma voz, os mesmos olhos, o mesmo sorriso.

- Quanta saudade! - Fernando me abraça apertado e me sinto muito mais do que acolhida. Um sentimento que vai além do amparo - Fico alguns meses sem te ver e quando retorno, já está maior do que eu.

Apesar de seus olhos serem verdes e brilhantes, não posso deixar de notar algo a mais, tristeza. O sorriso não esconde a tristeza, nem em seus olhos, nem os olhos de marcela. Algo incomoda ambos, e eu não posso adivinhar o que é, mas percebo algo que eles não podem negar.

Sua aparência revela cansaço, talvez, exaustão, barba por fazer, alguns fios brancos perdidos no cabelo loiro cabelo loiro. Vestido com uma camisa simples com estampa escura da mesma forma que sempre se veste. Ainda assim,mesmo sendo casualmente, sua vestimenta só comprova que ele se arrumou as pressas.

- E sua mãe? Onde está? - me pergunta enquanto leva suas malas para dentro de casa. Seus olhos passeiam por toda a extensão da casa, consigo vê-lo suspirar, talvez de alívio ou saudade.

- Ela precisou ir até a empresa para resolver algo. - minha fala se esvai automaticamente me fazendo refletir sobre o que eu mesma falei, o automático me assusta, sem controle sobre minha própria língua, me imagino entrando em apuros por causa do meu defeito qualificado. Sinceridade.

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