Capítulo II

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Narrado por Marcela, mãe adotiva de Yohana.

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 Hoje acordei mais cedo do que por costume, sem sono algum permaneço deitada, da mesma forma que estava quando abri os olhos, fitando a janela. Não posso impedir que as milhares de cenas atinja minha memória.
O primeiro flash do dia é ela. Minha filha. Yohana.

Acompanhar seu crescimento é algo surpreendente. Ela não é exatamente minha filha biológica, mas é como se fosse. Seu tom de pele é diferente do meu, seus cabelos são escuros e muito lisos, meus cabelos são claros e ondulados, tenho os olhos verdes, mas não tão brilhantes quanto os de Fernando, meu marido.

Temos uma filha completamente diferente de nós, lembro quando à vi pela primeira vez, era um encanto de criança. Tinha poucos meses de vida rostinho perfeito e risonho, sua pele era tão sensível e macia.
O mais intrigante era seus grandes olhos escuros, jamais havia visto um bebê tão lindo.

  Mas ela cresceu, e cada vez mais está mudando. Nós somos amigas, mas também afastadas por causa do meu trabalho. Yohana não sabe sobre sua verdadeira família, mas no fundo eu sei que será melhor assim, me dói o coração lhe esconder isso pois não quero que ela se iluda mais com seus pais adotivos, embora seria um choque de qualquer maneira, se ela descobrisse.

Fernando é quem parece estar mais distante, trabalha à negócios, quase sempre viaja e raramente conseguimos nos comunicar. Parece até que existe um buraco entre nós dois.

De repente sou acordada dos meus pensamentos  pelo toque insistente do telefone, me obrigo a levantar da cama quente e meus pés sentem o frio do chão, com certa preguiça consigo apanhar o aparelho.

- Pois não? - pergunto impaciente esperando que a ligação seja breve.

- Olá... minha querida. - Sua voz é tranquila e assustadora, mas não consigo decifra-la. Seja lá quem for, não parece ter boas intenções.

- Quem é? - pergunto nervosa torcendo para que seja um mal entendido e, que a pessoa do outro lado da linha tenha discado o número errado.

- Lembra- se? - a voz é desconhecida embora o sotaque seja bastante familiar. - Sou o coração da Floresta Negra.

Como se fosse óbvio. Perco o controle das minhas pernas e sinto meu coração querer sair pela boca.

- Ouvi dizer que estava morta. - observei sentindo um gosto amargo na língua.

- Bruxas não morrem minha querida...

- O que quer comigo? - pergunto  direta, sem tempo para perder e sem uma mísera gota de paciência.

- Yohana. Quero sua filha Yohana.

- Para que você a quer?! - quase grito no telefone, sentindo a falta de ar nos pulmões. - Maia trouxe-a para mim, para que fosse minha filha!

- Não grite feito uma louca. Ela ainda deve estar dormindo. - sua voz demonstra cansaço e a escuto  suspirar impaciente do outro lado da linha - Não tenho tempo para bater papo com você. A vida de alguém dependem disso. Todos lá estão em perigo. Vou precisar muito de Yohana futuramente.

- O que quer dizer com "todos lá estão em perigo"? - perguntei confusa sem entender muito bem à que ponto à mulher quer chegar.

- Me deixe refrescar sua mente. - sua voz estava um tanto agressiva - Sou Natasha. Me tornei a bruxa da Floresta Negra. Preciso de Yohana mais do que nunca.

- E colocar a vida dela em risco? - pergunto rindo sem humor, não podem simplesmente chegar balançando a vida de alguém assim. O silêncio parecia não ter fim.

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