Capítulo IV

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Narrado por Marcela

Meus pensamentos são o verdadeiro motivo para meu cansaço, vários deles me assustam repentinamente, as cenas de tudo o que já aconteceu comigo, meu emprego em jogo, meu casamento complexo e minha mente confusa, tudo ao mesmo tempo.

- Ainda não foi embora? - Luiz pergunta de repente, e eu nem havia reparado que meu chefe estava dentro da minha sala e me observava.

O homem bem vestido com cabelos escuros não aparenta beirar seus quarenta e cinco anos.

- Estou fazendo hora extra hoje. - respondo confusa - O senhor mesmo foi quem pediu.

- Não me lembro disso. - Luiz fitava minha mesa e parecia perdido em alguma dimensão - Não precisa ficar, você não está nada bem. Parece doente. Pode ir embora, Lorrane adiantou três horas de serviço, e vim avisa-la que amanhã você estará de folga.

Isso é estranho, deveria me preocupar, mas não existe espaço em minha mente para mais uma preocupação.

- Certo. Tudo bem.- concordei me levantando da cadeira e senti uma mão pousando em meu ombro.

- Você pode vir até minha sala um instante? - Luiz perguntou e senti uma certa tensão em sua voz. Alguma coisa deve ter acontecido, ou ele deve ter percebido algo, não consigo evitar esses pensamentos.

Sentada em uma cadeira de frente para meu chefe, observo seu rosto sem jeito e o silêncio me constrange. Não tenho a mínima idéia de qual assunto ele gostaria de tratar comigo.

- O que o senhor gostaria de tratar comigo? - pergunto e minha voz soa um tanto insegura.

- Como voce já sabe, prefiro que me chame apenas de Luiz. - pediu fitando meus olhos.

- Tudo bem, como desejar. - respondo com desdém e devolvo o mesmo olhar.

- Marcela, sei que esta acontecendo algo de errado com você. - observo seu rosto, pasma, e longo em seguida desvio meus olhos dos seus, me esforço parq segurar a risada. Está tão óbvio assim? Agora todos estão vendo como realmente estou? Preciso disfarçar melhor, meu lado pessoal não tem nada a ver com isso aqui. - Consegue enganar a todos, menos a mim.

Observo perplexa o rosto do homem que está à minha frente.

- Você precisa pensar antes de tomar decisões. - Luiz continua a conversa me aconselhando como se fosse meu psicólogo ou algum outro tipo de profissional da área. - Está na cara que está sofrendo!

- Achei que quisesse tratar algo que fosse do interesse e importância da empresa. - minha voz sai naturalmente fria, sem muito esforço.

- Isto é importante - Luiz parece se empolgar e consigo perceber um brilho estranho em seus olhos - Você é importante.

- Luis, eu não estou te entendendo. - falo em voz baixa e incrédula, tento disfarçar meu incômodo mas é inevitável, não sei aonde ele quer chegar.

- Consigo enxergar isto em seus olhos! - Luiz parece perder o controle e é completamente visível a euforia em seus olhos intensos e azuis - Fernando não é homem pra você, ele não a faz feliz! Deveria ser minha e eu te daria o valor que você merece! Você é cabeça dura, se desde o começo tivesse me dado aquela maldita chance, não estaria sentindo tanto desgosto na vida e...

- Espere aí! - decido interromper o homem cortando o seu discurso ridículo, já que ele não tem o direito de falar tanta besteira - De que chance está falando afinal?

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