Capítulo VI

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Narrado por Yohana

Chegamos em nossa casa poucos minutos depois, a parede do muro alto está coberta por uma nova tinta. Lilás. A cor preferida de Marcela, papai e eu debatemos sobre sua decisão, claro, uma discussão toda por telefone. Fiquei do lado do meu pai apenas por ele ter a mesma opinião que a minha. Cor mais sem graça não existe! - argumentei debatendo sobre os detalhes e Fernando logo concordou comigo.

- Veja só mãe... - Tentei iniciar um novo discurso para tirar da cabeça da minha mãe a ideia de que lilás é a cor da felicidade - lilás é uma cor muito...

- Feliz? Claro que é!

Marcela me cortou enquanto folheava rapidamente a nova edição da revista de sua empresa.

- Encontrei! - Marcela exclamou apontando com o dedo indicador para a página em que estava listado todas as cores e seus significados, minha mãe não acredita nisso, é apenas uma desculpa para tentar me convencer, já que Fernando já havia desistido deixando o assunto pra lá. - Não vale a pena discutir. - decidiu por telefone.

- Olhe isso, Yohana! - Marcela ajeitou os óculos estreitando os olhos verdes como se estivesse enxergando pouco - Aqui diz que a cor lilás representa longa felicidade.

- Acredita mesmo nisso? - pergunto incrédula já que ironicamente estou aqui, perdendo meu tempo discutindo sobre qual cor deveriam pintar essa casa.

- Acredito.

- Mas eu e o papai não. - debato novamente como se a discussão fosse um passa tempo. - Veja! São dois contra um.

- Aqui não tem espaço algum para a democracia. - Marcela sorria totalmente convencida, não havia mais jeito eu deveria saber, agora é tarde e tudo foi em vão, o muro já está coberto pela tinta sem graça.

- Vocês dois fizeram muito drama! - Marcela comentou enquanto estávamos paradas em frente ao muro alto, observando a tinta fresca que acabara de secar - Isso aqui ficou divino!

- Divinamente sem graça! - murmurei enquanto prosseguia para adentrar a casa, Marcela ficou para se certificar de todo o trabalho e para guardar o carro na garagem.

Segui em direção aos fundos da casa, o terraço imenso que antes estivera coberto pelo gramado perfeito agora está repleto de muitas flores, não é de se esperar pois já estamos na época. O mar colorido no chão é algo agradável de se apreciar, rosas brancas, jasmins, enormes girassóis, petunias e muitas outras espécies de flores alegram e trás vida para toda a área, plana e extensa.

Cultivamos esse belo jardim à dois anos. Em um belo dia Marcela chegou do trabalho com uma idéia que tentamos mas não conseguimos tirar de sua cabeça. Não é novidade alguma que se ela decidir algo, não à quem a faça mudar. Fernando e eu tentamos convencê-la de que era quase impossível, pois a situação do lugar estava crítica e também havia muitos entulhos por lá, uma limpeza duraria vários dias, e claro, depois de tudo isto, ainda teríamos que cuidar da terra, para que o local estivesse pronto e saudável o suficiente para que todo o esforço valesse apena.

Agora estou aqui, parada, admirando cada detalhe. Fico feliz por minha mãe ter insistido com a idéia de que podíamos cultivar um jardim, mesmo que no início minha implicância fosse totalmente contra.

Acabo me sentando no chão, insatisfeita, decido me deitar sem me importar com os insetos pequenos que passeiam por ali, meus pensamentos me levam para longe, e as cenas se repetem em minha mente várias vezes. Meus pensamentos sobre Classon insistem ainda mais. Como esquece-lo depois do nosso primeiro beijo? Me sinto em paz, mais calma e feliz, é como se o rapaz tivesse sido capaz de trazer mais cor para meu quadro preto e branco.

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