O outro lado - Gustima

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-Gustavo? Porque você tá me evitando seu idiota?

Ele continuava andando rápido por um corredor extremamente comprido, iluminado por archotes e que me dava arrepios.

-Eu tô cansada de ir atras de você sempre, cansada dessas brigas idiotas. Eu sei bem porque você tá aqui.

Eu estava praticamente gritando e correndo atrás dele pelo corredor, que fazia várias curvas. Mas ele não respondia, se quer olhava para trás.

-OK! Eu desisto de você IDIOTA.

Parei de andar e os barulhos das minhas passadas também cessaram. Coloquei as mãos nos joelhos cansada daquela perseguição por tanto tempo e respirei fundo. Estava quase chorando. Como eu tinha renunciado tudo por uma pessoa que estava fazendo tudo aquilo comigo? Qual era o problema dele? Sem querer demonstrar todas as coisas que sentia, me ergui e com uma expressão quase furiosa comecei a andar na direção em que tinha vindo. Não estava mais prestando atenção nele e nem fazia ideia de onde ele estava indo, apenas caminhava em fúria para procurar o André. Suspirei muitas vezes no caminho de volta. Eu sei que eu poderia simplesmente obrigar ele a voltar, obrigar a me contar tudo, obrigar ele a me amar. Mas não era isso que eu queria, eu queria uma coisa genuína e verdadeira. Queria entender porque ele estava ali e o porque de ter derrubado tudo em cima da minha família. Mas enquanto estivesse sobre o teto do Adilson, só podia usar meu talento quando ele permitisse. Pelo menos enquanto ele estivesse naquele projeto de castelo horrível que agora era o meu lar. Suspirei outra vez ao lembrar do Adilson e do porque eu estava aqui. Comecei a ver a porta por onde eu tinha entrado atrás do Gustavo, andei um pouco mais depressa querendo sair logo dali. De repente ouvi seu grito.

-FÁTIMA!

Automaticamente congelei no mesmo lugar e então suas passadas foram se aproximando mais, me virei em sua direção e antes que eu pudesse piscar, suas mãos estavam em mim, minhas costas estavam encostada na parede e seus lábios estação sobre o meu. Finalmente esse menino acordou para a vida e tomou uma atitude. Envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, puxando ele para mais perto de mim, como se fosse possível. Nosso beijo era de uma raiva apaixonada e quase agressiva. Representava os dias que tinha ficado naquele lugar sozinha, preocupada com ele, representava toda a raiva que senti quando ele derrubou o sótão em cima da minha família, o medo de não ter ninguém mais vivo e o medo dele realmente estar do lado do Adilson.

Estávamos a uns bons minutos aos beijos, meu fôlego ia embora cada vez mais rápido, minhas costas ardiam, mas meus lábios não queriam deixar os dele. Infelizmente precisavam. Empurrei-o para longe de mim, reuni toda pouca força que ainda me restava e dei um tapa em sua face.

-O que você pensa que está fazendo? O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO TODO ESSE TEMPO? TÁ DOIDO? PERDEU O JUÍZO?

Ele simplesmente coloca a mão no rosto, vermelho onde eu bati, e me olha calado. Será que passei dos limites? Mordo meu lábio inferior para não chorar, enquanto tudo que queria era ter uma crise no meio daquele corredor. Ele abriu a boca para falar, mas antes que conseguisse pronunciar qualquer palavra a porta se abriu e André surgiu com um olhar de reprovação.

-Vocês estão loucos? Parem de gritar! Vocês querem ter mesmo ESSA conversa aos gritos em um lugar onde todas as paredes têm ouvidos?

Olho para ele me sentindo realmente culpada. Ele tinha razão, as paredes ali tinham ouvidos e todos eram do Adilson, até porque, para todos os efeitos eu concordava plenamente com tudo que tinha acontecido. Mordo meu lábio inferior nervosa, me sentindo ficar agitada. Falo praticamente num sussurro.

-Desculpa André, você tem razão.

-Estou de saída.

Gustavo diz, vermelho de raiva, mas antes que ele recomeçasse a andar André segurou-o pelo braço e encostou-o na parede.

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