Capítulo 9

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Luiza saiu do prédio da A&M andando a passos largos, seu coração doía no peito e segurava as lágrimas que ensopavam seus olhos. Queria não sentir tanto. Queria não amá-lo tanto.

Ela sabia que esse dia iria chegar. Eduardo não era e nunca foi fiel a alguém. Também sabia que sua sogra iria conseguir o que desejava. Teria finalmente a nora dos sonhos, uma mulher à altura de seu filho mimado.

Sentia um peso no peito, precisava conversar com alguém ou até mesmo gritar. Caçou o celular na bolsa e discou para Beatriz, sua melhor amiga.

_ Alô? – uma voz masculina conhecida atendeu.

_ Vitor? – ela disse com a voz embargada. – Eu liguei errado, cara... Eu queria falar com a Bia...

_ Não, não, Lu... – ele a interrompeu. – Vou chamar a Bia, peraí.

_ Luiza? – a amiga atendeu.

_ Eu preciso falar com alguém. A gente pode se encontrar?

_ Claro! O que foi? Aquele engomadinho te magoou? Eu mato ele! – ela ameaçou em um tom que misturava nervoso e proteção.

_ Só encontra comigo naquele barzinho que fomos na Augusta. Pode ser?

_ Tá bom, eu chego lá em quinze minutos.

Lu desligou o celular e olhou a foto do seu papel de parede. Ela, ele e os filhos. Sua família. Na imagem, apesar de cansada, ela sorria para a câmera.

Seus filhos, seus amores.

Desligou o aparelho e o escondeu no fundo da bolsa. Começou uma caminhada até a estação de metrô mais próxima.

_ Você não vai falar nada? – Catarina questionou o silêncio do filho.

_ Qual foi, mãe? O que você acha que aconteceu?

_ Você acha que a sua mãe é idiota, Eduardo? Esse bando de fofoqueiros já espalhou o escândalo para todos. Foi a Luiza. O que ela viu naquela sala?

_ Nada do que você queria que ela visse. – respondeu sem papas na língua.

A mulher suspirou.

_ É isso que você acha que eu quero, filho? Que vocês se separem?

_ É o que parece! Implantando a Bianca aqui... As coisas já não estão fáceis com os bebês, nosso casamento e você sabe que a Luiza é insegura... E fica com essa palhaçada!

_ Não entendo por que me acusa, Eduardo! Sou sua mãe e só quero o seu bem! Você não vê isso?

_ Não, o que eu vejo, dona Catarina, é você querendo o meu divórcio a todo custo...

_ Peraí! – ela reagiu com um tom nervoso na voz. – Não é culpa minha que vocês dois estão brigando feito cão e gato, não é culpa minha que a aquela esquisita é insegura!

Eduardo começou a protestar, mas a mãe o calou.

_ Eduardo... – ela começou em um tom mais calmo. – Confesso que no começo, era isso que eu queria sim. Queria o melhor pra você e a ripong...

Ele lhe lançou um olhar cheio de rigidez e ela se corrigiu.

_ E a Luiza nunca foi o meu sonho pra você. Não desejava uma nora como ela, assim como aconteceu com a Adriana, mas eu quero que você entenda que eu aprendi a gostar dela.

Fogo e Gasolina - Chamas - v. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora