Luiza dormiu toda torta na cama pequena do quarto dos filhos e seu marido dormiu no quarto de hóspedes. Ela passou a madrugada alternando entre amamentar os filhos, trocar fraldas e cuidar das cólicas. As babás iriam chegar logo, então, se ajeitou para amamentar Catherine.
Demorou um pouco, mas a menina começou a sugar o seu leite aos poucos. Ela acariciava a filha, ainda não acreditava que aquele pequeno ser tão delicado era tão seu. Depois que os filhos nasceram sentia como se sua vida estivesse neles. Nada mais era tão importante quanto eles.
Eduardo passou o dia concentrado no trabalho, expressão fechada sem as habituais piadas, deixou seu carisma junto com a briga que teve com a esposa. Sua cabeça, vez ou outra, raciocinava em como conquistar novamente aquela que era a mulher de sua vida. Sabia que não havia flor no mundo, nem chocolate, nem joia que comprava o amor dela. Ela era diferente de todas as outras.
Chegou ao duplex pouco após o expediente, tomou um banho e foi direto para o quarto dos filhos. Luiza se assustou com a presença dele, porém aceitou de bom grado quando ele se ofereceu para ficar com os bebês enquanto ela tomava um banho.
A ruiva odiava o silêncio. Eduardo era o seu único amigo próximo, a única pessoa que conversava naquela casa, além das babás. O celular nem vibrava sem a constante troca de mensagens deles.
Ela foi até o quarto dos dois buscar um pijama confortável e limpo, e encontrou um conjunto dobrado na cama com um creme hidratante que amava usar do lado. Imaginava que era coisa dos empregados.
Tomou um banho demorado. Algumas lágrimas caíram junto com água que saia do chuveiro, jamais amou alguém como amava Eduardo. Já tinha pensado até em se mudar para São Paulo morar com a mãe e levar os filhos, só queria sair daquela situação sufocante.
Ela se secou, enrolou os cabelos e o corpo úmido em toalhas, e antes de sair do banheiro, viu algo estranho no espelho embaçado com o vapor d'água quente. Aproximou-se e viu um coração desenhado tortamente. A letra E do lado esquerdo e a letra L do lado direito, involuntariamente deu risada daquela declaração desajeitada.
Eduardo sempre foi o mais romântico dos dois e sempre a surpreendia, às vezes, com coisas melosas e outras, com coisas mais simples. Mesmo que tenha gostado iria fingir que não viu nada, não seria um coração no espelho que iria reparar toda aquela discussão. Queria ver até onde ele seria capaz de ir para não perdê-la de vez.
Luiza demorou no quarto, passou o creme pelo corpo, vestiu o pijama e quando estava para sair ouviu baterem na porta.
- Senhora Luiza? O jantar está servido. - era o mordomo.
- Não vou jantar hoje. Muito obrigada.
Ela esperou os passos do mordomo ecoarem até o andar de baixo e voltou para o quarto dos filhos. Eduardo estava lá, Augusto estava na cama de barriga pra cima e ria das caretas do pai, enquanto Catherine dormia no carrinho que ele balançava levemente com um dos pés.
Luiza se aproximou em silêncio da cama com receio de acordar a filha e ficou observando Eduardo brincando com o filho.
"Por que não foi assim desde o começo? Iria evitar tanto estresse", pensou.
Eduardo sentiu o cheiro do hidratante que comprou exalando da pele de Luiza. Não sabia se ela tinha visto o espelho, porém não iria arriscar perguntar. Sabia que teria que reconquistá-la aos poucos novamente.
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Fogo e Gasolina - Chamas - v. 2
RomanceMaria Luiza e Eduardo se encontraram quando ambos estavam perdidos, acharam um no outro razões para seguir em frente. Tornaram-se amigos e se apaixonaram profundamente, mas nem tudo seria flores na vida dos dois. Agora, rumo ao altar, a ruiva teria...