Prólogo

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PRÓLOGO

PRÓLOGO

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(A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.) – Picasso.


Passado...


Eu vou morrer.

Estou sufocando, lentamente, dolorosamente. Gostaria que fosse rápido, limpo e indolor, mas poucos têm esse privilegio. Já imaginei mais de mil maneiras para o meu fim, é como um pensamento inevitável, pois uma hora ou outra você acaba fazendo essa pergunta a si mesma: "Como eu vou morrer?". Imagens passam pela sua cabeça como em um filme no cinema, tudo em câmera lenta. Você se vê se afogando em uma praia remota incrivelmente bela onde ninguém está por perto para te socorrer das profundezas do oceano. Você se vê se queimando até as cinzas, sem sentir dor, só uma enorme quantidade de adrenalina enquanto você corre em busca de um refúgio que nunca vai estar lá. Você se vê sofrendo um grave acidente na estrada, seu carro irreconhecível, seu corpo abatido, a vida se esvaindo na mesma hora. Você se vê sentada em uma poltrona de hospital, encarando um médico gentil que lhe estende a mão tentando lhe trazer algum alivio para o medo que você está sentindo depois de ele te dizer que seu câncer é terminal. Você se vê cara a cara com uma arma, olho no olho com um assaltante e, de repente, aquele tiro é tudo entre você e a tênue linha entre a vida e a morte. Você se vê pulando de um precipício, cortando a própria garganta, ingerindo doses absurdas de veneno, tendo uma overdose de drogas, cortando os pulsos, entre mil e uma maneiras de morrer. Mas, entre todas as mortes que você imaginar, essa não será a sua. Sei disso, pois nunca pensei que minha morte viria pelas mãos de um homem que me enforcaria.

Meu corpo é erguido no ar por suas duas enormes, firmes, fortes e grotescas mãos que circulam o meu pescoço fino. Minhas pernas balançam, tentando chuta-lo, tentando afasta-lo, tentando atingi-lo de alguma forma. Mas é impossível, pois eu sou fraca e ele é forte como um touro de rinha. Minhas mãos, por vontade própria, tentam agarrar os seus braços e arranha-lo em uma tentativa falha de fazê-lo me soltar. Ele, porem, prossegue me encarando fixamente nos olhos, sem se alterar com os meus ruídos desesperados e meus membros balançando na esperança de que, enquanto eu estiver me movimentando, também estarei viva. Ao contrário do prazer que eu espero encontrar refletido naqueles olhos escuros, tudo o que eu vejo é o maior e mais intenso vazio que um par de olhos é capaz de transmitir. Ele não está feliz em me machucar, assim como ele não está triste também. Ele não está nada, por que ele não sente nada. Mas há alguma coisa lá, em algum lugar, dentro dele. E sabe como eu sei? Se o vazio fosse tudo o que existisse naquele ser humano, então ele não estaria tornando a minha morte dolorosamente lenta para me fazer sofrer. Mas ele está, pois eu sei que a força daquelas mãos poderia ter me matado em poucos segundos, entretanto, ainda estou aqui, ainda estou lamentando, ainda estou respirando. Não há apenas vazio lá, por trás de seus olhos castanhos escuros eu encontro outra coisa e agora sei como nomeá-la. Chama-se crueldade, e é a pior de todas, pois está coberta por sua máscara de indiferença.

Srta.Brown \ Sociedade Escarlate - Vol. II (DISPONÍVEL ATÉ DIA 23\05)Onde histórias criam vida. Descubra agora