Capítulo título 11

11 4 4
                                    

Um dos motivos do jantar transcorrer no mais absoluto silêncio pode ter sido a fome que os cinco marujos sentem, depois de terem passado por um dia difícil. Porém, a expectativa de todos à espera do que Joshua tem a dizer sobre aquela expedição, supera, e muito, a enorme fome. O certo mesmo é que, de uma forma ou de outra, cada um deles já havia percebido a importância que aquela viagem teria em suas vidas, individualmente. Em suas mentes divagam sonhos, temores, expectativas, anseios, tudo isto enquanto saboreiam a deliciosa macarronada da Stephany.

Por coincidência, ou até mesmo por tática, o último a terminar o jantar foi Joshua. Após a última garfada, lançou mão de seu guardanapo, a qual está delicadamente depositado sobre suas pernas e, enquanto o leva aos lábios, percorre com os olhos os semblantes preocupados de seus quatro amigos. Todos os olhares estão sobre ele. Joshua tenta descobrir a melhor maneira de contar-lhes que também estava apavorado. Nunca poderia imaginar que a maior aventura de sua vida seria assim tão angustiante! Como contar-lhes que, a única imagem que lhe vinha à mente ao olhar as águas calmas da ilha, era a de um corpo todo mutilado boiando. E pior: quando, em sua imaginação, tentava ver o rosto do homem que boiava sem vida, percebia aterrorizado que era o rosto de seu maior amigo, Mohas!

- Acho que devemos algumas explicações a vocês, capitão Riley e Marcos.

Dizendo isto, Joshua deixa claro que os únicos ainda a não saber do real motivo daquela expedição eram Marcos e o capitão Riley. No semblante dos dois a mesma fisionomia de espanto que denuncia: são os únicos "enganados" do grupo. A sensação é a mesma daquele marido que fica sabendo da traição da esposa depois que todos os amigos e parentes já sabem do ocorrido. A diferença é que, neste caso, o segredo poderia lhes custar a própria vida.

- Antes de começar a lhes revelar algumas informações pelas quais não pôde ser reveladas por ocasião das contratações, gostaria de lhes pedir um esforço na compreensão das razões que nos levaram a isto.

Joshua aparenta relativa tranquilidade enquanto fala. Sabe que a menor demonstração de medo ou intranquilidade poderia colocar tudo a perder. Não seria surpresa, se os outros quatro integrantes da expedição se unissem e resolvessem abortar a viagem, frente a um sinal de medo ou insegurança daquele que estava à frente, conduzindo-os nessa aventura. Apesar de todos os seus medos e desconfianças, a possibilidade de vivenciar aquela que seria a maior aventura de sua vida, era muito maior do que qualquer sentimento de medo, pessimismo ou superstição. Porém, esses sentimentos teimavam em bater-lhe em sua mente. Tudo se torna justificável, quando lhe é apresentado a possibilidade de sair daquela ilha milionário, juntamente com seus amigos. Joshua não tem dúvidas: ao final, todos dariam boas risadas dessa aventura! O melhor de tudo é que fariam isso com as suas contas bancárias recheadas de muitos, muitos milhões de dólares!

O relato de como aquelas moedas havia parado nas mãos de Mohas, até o momento em que resolveram embarcar nessa aventura, foi colocado por Joshua em seus mínimos detalhes. O capitão Riley e Marcos estão completamente hipnotizados com a forma com que Joshua alinhava os últimos acontecimentos. Na medida em que a história se desenrola, Mohas vai apresentando as provas referentes ao fato citado por Joshua.

Quando Mohas tira algumas das moedas de ouro e as joga em cima da mesa, é como se tivesse jogado um balde d'água gelada em cima do capitão Riley, despertando-o do transe. Com os olhos arregalados, arcou-se para frente em direção onde estavam as moedas, como se olhasse para um fantasma. A expressão em seu rosto é de espanto, mas, ao mesmo tempo, demonstra certo alívio. É como se Joshua tivera tirado um peso enorme de suas costas. Estava claro que o capitão, naquele momento, compreendera os motivos pelos quais Joshua, Mohas e Stephany haviam lhes omitido parte da verdade.

SOB JURAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora