Assim que terminam o jantar, Joshua pede licença ao tio para se retirar e juntamente com Mohas sobem para seu quarto carregando o baú. Querem aproveitar o tempo que lhes resta para examinarem um pouco mais todo o conteúdo da carta e admirar aquelas lindas moedas de ouro. Pela manhã, a primeira coisa que fariam seria ir ao banco depositar tudo aquilo num cofre.
Mohas abre o baú e joga tudo em cima da cama de Joshua. O quarto bem iluminado não deixa nenhum objeto escondido. Por alguns segundos ficam apenas olhando para os objetos espalhados ali. Como são lindas aquelas moedas brilhantes. Junto com as moedas está também o mapa, com uma aparência bem envelhecida, a carta que o senhor Nassif deixara para Mohas e outro pequeno objeto ao qual chamou a atenção de Joshua. É uma espécie de relógio, desses que marca o tempo pelo esvaziar de um compartimento em formato de funil, aonde uma areia fina vai passando, vagarosamente, de um lado para o outro. Mohas percebendo o interesse do amigo pergunta-lhe:
- Gostou dele?
- Sim! Deve ser muito antigo, não?
- Se veio do mesmo lugar de onde vieram as moedas, deve ser realmente bem antigo. Pode pegar, é seu.
Joshua agradece dizendo que irá guardá-lo como um verdadeiro tesouro. Levanta-se, vai até uma estante onde guarda seus livros e o coloca em um lugar de destaque.
Joshua olha para Mohas e, sorrindo, diz:
- E pensar que toda essa fortuna estava o tempo todo com você.
- É verdade. Talvez meu pai pensasse que elas não valiam mais nada por serem muito antigas. Coitado, não posso culpá-lo. Sua vida foi sempre tão sofrida, não teve chance de estudar, sempre teve que trabalhar para sustentar seus irmãos e por último, essa maldita doença que o levou tão cedo.
Mohas fala e seu semblante vai se entristecendo. Já havia se passado sete anos da morte de Zach. Na época Mohas tinha quatorze anos de idade e sofreu muito com a perda do pai, principalmente porque não compreendia como um câncer podia tirar a vida de um homem tão novo. Zach morreu com cinquenta e um anos. Logo que seu pai morreu, tio Ben convidou Mohas para morar com ele. Isso foi uma simples formalidade, pois Mohas não saia daquela casa. Trabalhava para tio Ben desde seus dez anos, fazendo pequenos trabalhos como limpar os barcos, quando chegavam do mar, apanhar as folhas do chão no jardim da casa, engraxar os sapatos de tio Ben, etc...
Joshua, melhor que ninguém, sabe como a vida fora dura para com o amigo Mohas. Percebendo que iria ficar triste, procurou logo mudar o rumo da conversa:
- Agora o que importa é que sua vida vai mudar e para muito melhor Mo.
- Sim. Pena que meu pai não vai poder usufruir de tudo isso.
Joshua levanta-se da cama, vai até a janela ainda aberta, para diante dela e fica quieto por alguns instantes. Naquele momento, seu olhar está voltado para o belíssimo mar que tão bem conhece. Porém, era como se não o estivesse vendo. Sua mente viaja muito além daquelas águas e vai aportar numa pequena ilha bem ao sul das ilhas Fiji, onde um tesouro imenso aguarda pacientemente por alguém que o resgate.
Mohas o observa sem dizer uma palavra. Sabe exatamente para onde a mente de Joshua o está levando. De repente, se deu conta que o assunto daquele tesouro escondido na ilha se tornara um tanto proibido. Ambos têm certeza de uma coisa: Mais cedo ou mais tarde, terão que conversar sobre isto. Mohas, porém, irá retardar ao máximo esse assunto, pois tem certeza que Joshua já havia decidido o que fazer e apenas está dando um tempinho a mais para ele curtir aquele momento.
Joshua não pensa como Mohas. Objetivo e direto como sempre foi, prefere não deixar para outro dia essa conversa tão importante.
Como quem retorna de uma longa meditação, Joshua aproxima-se de Mohas, coloca as duas mãos em seus ombros e na medida em que ele se levanta da cama, vai dizendo:

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SOB JURAMENTO
RomansaJoshua e Mohas jamais imaginariam o quanto o juramento feito quando crianças seria importante no decorrer de suas vidas. A amizade que existe entre os dois é tão forte que absolutamente nada poderia separá-los. Até que Mohas descobre que há um valio...