3°- CAPÍTULO ✝

1.3K 190 304
                                    

27/10/2016 — 20h10

Saio apressada pelo corredor, querendo ficar o mais longe possível de todos eles.

Indo pelo caminho mental, viro em uma outra bifurcação, quase não conseguindo ver nada devido à falta de claridade no lugar. Sinceramente, eu queria nunca ter participado dessa aposta ridícula.

Tento iluminar o caminho o máximo possível com a minha lanterna, não enxergando nada além de outro corredor vazio. E mesmo que ainda não tenha encontrado o quarto que Nikki indicou, me sinto aliviada por pelo menos aqui não ter aqueles quadro estranhos por toda parte.

E preciso andar por apenas mais alguns minutos, para encontrar a primeira porta em meio a essa imensidão escura do corredor. Caminho cautelosamente, sempre apontando a lanterna em todas as direções, querendo não ter nenhuma outra surpresa por onde passo. Aquela porta velha e com pequenos resquícios de amarelo era a única coisa visível, por isso, julgo ser ela o local que eu deveria adentrar. E não demoro ao alcançar a maçaneta, que trato de girar lentamente, sentido o ar gelado e pesado que vinha de dentro do ambiente sujo. Dou um passo em direção ao quarto, enquanto tento captar cada detalhe do lado de dentro, que para minha surpresa, era apenas um quarto comum, sem traços estranhos dos quais eu imaginei.

Vejo uma pequena janela na parede em frente à entrada do quarto, e deixando a porta encostada. Caminho em direção a janela na tentativa de abri-la, sem sucesso, ela parecia estar soldada. Solto um longo suspiro, olhado ao meu redor e sendo subitamente atraída por uma fraca canção que começava a entonar sobre a pequena cômoda perto da cama. Era uma velha e destruída, caixinha de música aberta com uma pequena bailarina no topo, rodando sem parar.

Vou em direção a cômoda, e com cuidado para não a quebrar, tomo a caixinha em mãos, observando a bailarina que continuava fazendo seus movimentos, vez ou outra travando nos rodopios devido ao estado enferrujado que se encontrava.

— Como isso aqui ainda pode funcionar? — Pergunto retoricamente para mim mesma, quando vejo a bailarina encerrar seu curto espetáculo.

Fico ali parada, perdida na pequena caixinha de músicas, até escutar a porta do quarto ranger, indicando que mais alguém havia chegado. Devolvo o brinquedo para a cômoda, me virando em direção a porta, sentindo todo meu corpo se arrepiar ao enxergar em meio a escuridão do lado de fora, um pequeno par de pontos vermelhos que me observavam.

Isso de novo não.

Me apresso ao correr para direção contrária do quarto, só agora, procurando pelo baú que Nikki havia mencionado. Mas antes mesmo de poder ter a chance de alcançá-lo, a porta do quarto se abre, e logo me vejo sendo colocada contra a parede mais próxima, tendo meus pulsos prensados na madeira gelada, fazendo com que eu soltasse minha lanterna que cai direto no chão.

— Qual o seu problema?! Você quer me matar do coração?! — Pergunto, assustada, enquanto encaro a imagem de Harry parado em minha frente.

— Eu só vim te ajudar, não podia te deixar sozinha por aí. — Ele rebate.

— Comece me soltando então. — Aos poucos, vou me recuperando do susto, mas começo a ser preenchida pela raiva. Harry é realmente um idiota.

— Me escute. — Harry coloca pressão sobre os meus pulsos, fazendo com que sua lanterna prensasse entre sua mão e meu pulso direito, ficando apontada para o teto, iluminando bem pouco o ambiente.

— Você não pode falar quando eu estiver solta? — Pergunto, sarcasticamente, o vendo ficar sério.

— Só me escute, por favor. — Ele suspira, me fazendo revirar os olhos, mas me mantendo em silêncio, esperando que ele começasse a falar de uma vez. — Eu não deveria ter feito aquilo com você, e eu me arrependo muito. Eu estou sendo sincero, Katherine. Não tem um dia que eu não pense na merda que eu fiz, e agora, estando aqui com você... É realmente torturante te ter por perto e não poder fazer nada. — Harry trava sua mandíbula, parecendo estar nervoso. Ele mantém seu olhar contra o meu, em busca de uma resposta.

RIZE || H.S [SHORTFIC]Onde histórias criam vida. Descubra agora