4°- CAPÍTULO ✝

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27/10/2016 — 23h35

— Onde estão os seus amigos? — Kyra pergunta, enquanto deixa seu olhar atento.

— Eu não sei. — Minto, querendo evitar qualquer tipo de contato com eles. Afinal, eu não poderia dizer que fugi porque desconfio. — E os outros, onde estão todos?

Pergunto assim que noto a ausência de todos os turistas curiosos que vieram com a gente. E Kyra suspira

 — Eu deixei eles esperando no terceiro andar para vir atrás de vocês. Não devemos nos separar, é perigoso. — Ela informa, seriamente, me fazendo franzir o cenho.

Eu realmente não posso entender Kyra, algum tempo atrás ela nem parecia ligar para o corpo morto no chão, e agora simplesmente se preocupa?

— E você realmente se importa com isso? — Pergunto antes que possa parar minhas próprias palavras, a fazendo estreitar seus olhos sobre mim. — Tomas e aquela garota morreram, e você nem parecia se importar. — Mexo nervosamente em minha lanterna.

Ela dá alguns passos em minha direção, se inclinando para frente, ficando cara a cara comigo. 

— Esse é o meu trabalho, Katherine. Eu avisei que era perigoso entrar nessa casa, e mesmo assim, vocês vieram. — Seus olhos castanhos encaram intensamente os meus. — O que você queria que eu fizesse com dois corpos sem vida? Ressuscitasse eles? Eu ainda não posso fazer isso. Me desesperar naquele momento faria com que todos os outros ficassem ainda mais assustados. Eu já estou nessa há muitos anos, então, não me diga como fazer o meu trabalho. — E finalizando suas palavras, ela endireita sua postura, se virando de costas para mim, enquanto faz um sinal para que eu a siga.

Fito atônica em meu lugar, apenas processando todas as suas palavras, e me sentindo uma completa idiota por ter feito aquela pergunta ainda mais idiota. Kyra pode ser estranha, mas estou apenas a julgando sem conhecer. Ela é nossa guia, e se Kyra se desesperar, provavelmente, todos também iriamos, ela estava certa.

Lenta e receosa, eu começo a acompanhar seus passos à medida que vou iluminando o caminho escuro a nossa frente com minha lanterna. Mordo o interior de minha boca, olhando de canto de olho para a garota de longos cabelos castanhos, ao meu lado.

— Me desculpe. — Falo, quase inaudivelmente, atraindo os olhos de Kyra sobre mim outra vez. — Eu só estou nervosa. Esse lugar é estranho, e me faz ver coisas estranhas... Não deveria ter dito aquilo para você. — Suspiro pesadamente, encarando o chão de madeira.

— Não se preocupe com isso. — Diferente de antes, sua voz é calma e suave. — Eu sei como esse lugar pode mexer com as pessoas. Apenas ir atrás dos outros. — Ela mira sua lanterna em minha direção, lançando-me um pequeno sorriso, que me faz assentir.

Em silêncio, Kyra continua guiando nosso caminho pela casa. E só paramos de andar quando sua lanterna começa a piscar, uma, duas, três vezes. Talvez ela estivesse sem bateria, já que estamos aqui dentro dessa casa por horas.

— Droga! — Kyra resmunga quando sua lanterna se apaga de vez.

Viro o feixe de luz de minha lanterna em sua direção, a vendo dar pequenas batidas contra sua lanterna, na tentativa de acendê-la outra vez, mas sem sucesso.

— Vamos continuar, a minha ainda está pegando. — Falo, iluminando ao nosso redor, vendo que a poucos passos de onde estávamos, havia uma escadaria que provavelmente levaria para o terceiro andar.

— Espera. — Ela segura meu braço.

— O que foi? — Olho para ela, sem entender.

Kyra não diz nada, apenas enruga o rosto e torce a boca, parecendo esperar por algo. O silêncio cai sobre nós, outra vez, sendo acompanhado por uma forte corrente de vento que invade o local onde estávamos. Nossos cabelos e roupas balançavam de um lado para o outro, enquanto miro o feixe de minha lanterna em todas as direções, não encontrando nada, nem ao menos uma janela que pudesse explicar toda essa ventania repentina.

RIZE || H.S [SHORTFIC]Onde histórias criam vida. Descubra agora