Frio Eterno

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Eu estava desnorteada. Minha visão estava embaçada e embaralhada, assim como meus pensamentos.

Meu corpo estava trêmulo e pude sentir uma mão quente acima da minha, assim que meus dentes começaram a ranger.

Eu fitei a mão grande que estava em cima, era de Justin. Rapidamente, retirei minha mão debaixo da dele.

- Não toque em mim. - falei rígida e com pausas para aguentar o frio que sentia.

- Vai ficar com raiva de mim agora? Não tenho culpa de sermos irmãos. - ele perguntou. Pude sentir seu olhar cair sobre mim, isso me incomodou.

Eu ri ironicamente pelo nariz, dando um sopro frio.

- Pode não ter culpa disso, - falei aponhando minhas mãos no chão para conseguir escorar minhas costas na parede. - mas tem culpa de ser fraco.

Eu olhei em volta buscando mais alguém no cômodo, mas só havia nós dois. Isso era ruim, muito ruim.

- Não deveria falar dessa forma, nós nos casaríamos hoje. - Justin falou aponhando seu braço em um dos joelhos, enquanto balançava negativamente a cabeça.

- Hoje? - perguntei desentendida fitando meu tênis. Não aguentava ao menos ficar no mesmo ambiente que ele, quanto mais olha-lo.

- Se não tivesse desmaiado por tanto tempo, veria que já passou de meia noite. - o frio estava intenso, mas não tanto quanto seu tom de voz.

- Eu não... Não consigo entender. Se sabiam que você era meu irmão, porque nos deixaram namorar? - falei abraçando meus braços. O cômodo estava escuro, sendo iluminado apenas por uma lanterna, isso definitivamente estava me incomodando. Tudo estava me incomodando.

Ele riu pelo nariz.

- Você é a mais sagaz de nós. Deveria concluir que fizeram isso pra tentar esconder o passado. - Justin estava com um sorriso sem mostrar os dentes no rosto.

- Lauren! - Luke exclamou, passando pela porta. - Que bom que acordou. - ele falou enquanto me abraçava e acariciava meu cabelo.

- Me tira daqui, Luke. Estou com frio. - falei baixo com os lábios batendo um no outro.

Hemmings me afastou e me fitou, seus olhos penetraram nos meus e pude me sentir mais calma. Seus dedos se entrelaçaram nos meus, me transparecendo segurança. Um sorriso se formou em meu rosto, mesmo me sentindo em pedaços.

- Vou ligar pro Ashton, ele virá te buscar. - Luke falou firme, mas ao mesmo tempo soava compreensivo.

- Não precisa. - as palavras de Justin eram como lâminas perfurantes de diamante.

- Eu já falei, vou ligar para o Ashton e...

- Eu falei que não precisa. - Bieber voltou seu olhar para Hemmings. Sua voz estava firme e rígida. - Ainda sei dirigir um carro.

Luke me fitou e eu apenas olhei para o chão.

- Vamos sair daqui. - ele falou em sussurro e eu apenas assenti enquanto íamos em direção a porta e deixávamos Justin para trás.

Eu não queria mais vê-lo. Não queria mais senti-lo. Não queria mais ouvi-lo. Não queria mais absolutamente nada que viesse de Justin Drew Bieber, ou seria, Justin Jauregui Bieber?

Minha mente estava criando todos os bloqueios contra Justin, e eu não vedaria, pelo contrário. Como pude ser tão estúpida? Era o que passava pela minha cabeça.

Luke e eu entramos em seu carro e eu pouco me importava para onde estávamos indo, contanto que eu pudesse parar de pensar.

- Não deveria ficar sozinha com seus pensamentos ou deixá-los falar mais alto que sua razão, - Hemmings falou enquanto desligava o ar condicionado do veículo. - isso pode matar você de dentro pra fora.

- Eu estou morta dês dos meus oito anos, quando meus pais decidiram fazer uma viagem para Londres e, coincidentemente, meu pai conheceu Jeremy em um restaurante, enquanto eu e minha mãe estávamos no banheiro. Eu só não sabia que um filho entre a mulher do novo amigo dele se tornaria meu carma. - falei encostando minha testa no vidro da janela, podendo ver a vista.

- Você é tão vaga que as coisas que conta, parece serem observadas de um sonho e não vivenciadas. - Luke falou. Eu virei meu rosto para poder vê-lo, um sorriso estava esboçado em sua face.

- Eu as observo, mas, as vivencio dentro da minha mente. - falei com um sorriso e Hemmings soltou uma leve risada que, por alguns segundos, me fez esquecer de tudo.

- O que ta pegando? - Luke perguntou atendendo uma ligação.

- É o Justin cara...

- Só um segundo. - ele tiraria a ligação do viva-voz, mas eu segurei seu pulso para que não fizesse isso. Seus olhos se reviraram. - Fala, Ashton.

- Luke, presta bem atenção... - Irwin falou nervoso. - Justin está morto.

- Como? - Luke falou freando o carro de uma só vez.

Eu não sabia mais o que pensar. Minha mente chegou ao ponto de rir do acontecido, ela gritava algo esbanjando felicidade, pois assim não teria mais que vê-lo, senti-lo ou ouvi-lo.

- Já estamos indo! - ele falou desligando a ligação e voltando a pisar no acelerador.

- Ashton vai levá-lo ao hospital, vamos ir para lá.

- Eu não quero ir, Luke. - falei.

- Como? - ele riu debochado. - Lauren, nós vamos até lá e...

- Eu acabei de dizer que não quero ir, qual o seu problema? - gritei tentando alcançar o freio do carro.

- E quer ficar no meio da estrada com todos esses carros e pessoas? - Luke perguntou parando o carro e me fitando nervoso.

Eu apenas sai do carro, batendo a porta forte. Hemmings veio atrás, mas estávamos na Time Square, ele não me alcançaria se me enfiasse no meio de todas aquelas pessoas.
O olhei para o céu e estava tudo nublado, assim como em minha alma. O preto dominava meu eu interno, e isso não me assustava, não mais.
As gotas de chuva caiam e eu podia me sentir viva fisicamente quando sentia algo, mas a verdade é que eu já estava morta a muito tempo. Você não parte quando para de respirar, mas sim quando não se tem mais algo pelo qual fazer isso.
As pessoas são tão automáticas que podem ser chamadas de robôs, eu não quero ser assim. Não quero me encaixar nos padrões quando o padrão é ser um idiota.
Apenas deixe-me ficar em paz.
Eu tirei a arma da minha cintura e a fitei com um certo amor e apego, enquanto os outros gritavam com medo do que poderia fazer. Eu ri com o medo deles. Policiais me rodearam é quando ia apertar o gatilho para me livrar de um deles, o outro atirou em mim, certeiro no abdômen e logo em seguida na cabeça. Eu sorri.

- Lauren! - pude ouvir a voz de alguém ao longe. Luke correu até mim e quando chegou, se ajoelhou apoiando minha cabeça em suas pernas. - Por que fez isso com você? - ele dizia enquanto as lágrimas caíam.

- Porque eu quero ser feliz, Luke. Eu só quero... ser... feliz.

Minha respiração estava parando e finalmente, pela primeira vez em minha vida, pude sentir que seria realmente feliz.

THE END 💕

Living in my Dreams | Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora