DOIS DIAS ANTES

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Acordei com o toque da campainha, estava deitado na minha cama com o Jack, não tinha acontecido nada, simplesmente me deixara dormir, levantei-me e fui abrir, era a Beth, não a deixei entrar, disse que estava ocupado e que ia sair, ela deu-me um beijo e saiu, não queria falar com ela naquele momento.

Quando me virei vi o Jack a olhar para mim, apesar dos curativos que lhe tinha feito na noite passada via-se que estava magoado.

- Que merda é que acabou de acontecer aqui? - Perguntou exaltado.

- Han? - Perguntei confuso. - Como assim? - Não estava a entender.

- Tu e a Beth deram um beijo! - Disse ele friamente. - Posso estar ferido, mas não estou cego? - Não estava a compreender a reação dele.

Aquilo tinha chegado ao limite - Sim e depois o que tens a ver com isso? - Questionei aos berros. - Tu também só me ajudaste porque estavas feito com o Frank! - Disse irritado. Ele calou-se e ficou a olhar para mim. - A Beth disse-me que vos viu aos dois a rir no bar e que estão a organizar uma festa.

- Eu bem suspeitava que essa puta andava a fazer das suas! Ela é a cadela da Amy, faz tudo o que esta lhe pede. - Respondeu enervado. Fiquei em silêncio, não sabia o que dizer. - Mas ... sabes o que me magoa? Depois de tudo o que fiz por ti, duvidares de mim. - Estava ofendido. - Sabes porque estou neste estado? - Perguntou encarando-me nos olhos, ia responder, mas ele continuou. - Porque te defendi, porque não deixei que partilhassem o vídeo. Não esperava que duvidasses de mim! - Fiquei envergonhado e arrependido de tudo o que tinha pensado, ele tinha sido a minha salvação.

- Tens razão ... - Olhei para o chão. - Desculpa-me! - Pedi sinceramente.

- Obrigado por me teres ajudado ontem, agora vou-me embora! - Afirmou friamente.

- Fica, por favor! - Implorei. - Eu sou um idiota.

Virou-me as costas e foi ao quarto buscar o casaco, corri atrás dele pedindo-lhe para ficar, abriu a porta da rua, antes dele partir ainda lhe disse que estava a gostar muito da sua companhia, que sempre sentira um interesse por ele. Os seus olhos fixaram-se nos meus.

- Agora é tarde! - Voltou-me as costas e fechou a porta.

Caí no chão a chorar, perdi-me em várias interpretações daquela resposta, fiquei assim o dia inteiro encostado à porta a chorar, não tinha comido nada, precisava de espairecer, não aguentava ficar naquela casa mais tempo, tinha de sair, esquecer. Fui para o quarto, peguei no meu casaco de cabedal, estava todo de preto, depois saí.

Tinha anoitecido, estava frio, a pé dirigi-me para um restaurante de comida rápida, pedi um menu médio e jantei numa das mesas, sozinho, era o único sem companhia naquele espaço, aquele ambiente estava-me a sufocar.

Saí e fui a pé para uma discoteca gay, ali ia curtir a noite sem olhares discriminatórios, entrei e fui logo para o bar, pedi a bebida mais forte que tinham, não perguntei o que era, mas repeti mais duas vezes. Eu que não estava habituado a beber, já estava a sentir os efeitos no meu corpo, as músicas das divas da pop tocavam em alto e bom som, fui passando até chegar ao meio da pista e dançar como se não houvesse amanhã, senti algumas mãos a tocarem-me, não me importei, estavam a olhar para mim, fechei os olhos e abanei ainda mais o corpo.

A música mudou e voltei ao bar para beber mais alguma coisa forte, o empregado sorriu-me, eu retribui, deu-me a bebida e piscou-me o olho, depois disse-me alguma coisa que não percebi e debrucei-me sobre o balcão para o ouvir, ele encostou-me a boca ao ouvido, senti a sua respiração, arrepiei-me.

- És um gato! - Depois mordeu-me o lóbulo da orelha. Agradeci e voltei para a pista.

A música estava muito boa, fiquei lá um bom bocado, não me lembro de muito, tive de ir à casa de banho, precisava de mijar. Estava a lavar as mãos quando senti umas mãos agarrem-me a barriga e uns lábios percorrem-me o pescoço, senti o seu pénis pressionando-me, eu faria tudo naquela noite.

Nesse momento uma terceira pessoa apareceu, puxou o homem que me tocava.

- Ele está comigo. Arranja outro! - Os meus olhos estavam quase fechados, mas parecia-me o Jack, não conseguia perceber.

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