Capítulo 5 - O perigo de saber demais.

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Logo eu já estava fora daquele hospital. Fora daquelas roupas brancas feias e daquelas enfermeiras resmunguentas.

Enfim, fora.

— Querida, você sabe que se precisar de qualquer coisa, pode me me chamar, não é? — Minha mãe me pergunta dentro do carro.

— Claro mãe — Reviro os olhos — Você repetiu isso no mínimo umas mil vezes.

— Meu bem, é que eu me preocupo com você...

— Eu sei mãe, mas veja. Eu já estou bem... Fantine Fantine Fantine — Repito — Viu? De pé e inteirinha.

Minha mãe ri um pouco o mas logo fica seria.

— Nem brinque com isso — Ela adverte.

— Desculpa — Digo ainda rindo e saio do carro entrando no colégio.

Quando dentro dou de cara com o professor bonitão dá primeira aula. Fico sem fala por alguns segundos até conseguir emitir algum som com a boca.

— Ah, Lua, certo? — Ele pergunta e eu só balanço a cabeça — Soube que ficou internada... Puxa... Não sabia que era tão grave, me sinto tão culpado. Acho que fiz com que o acidente de sua amiga viesse a tona e você passasse mal assim...

— Não! — Grito — Você não provocou nada, eu só... Nada — Me corto antes que conte sobre a mensagem, até agora o remetente é o principal suspeito do acidente de minha amiga e, até que eu encontre o meu celular ninguém vai saber disso.

— Ah — O professor ri um pouco — Tudo bem. Fico feliz que eu não seja o culpado pela sua quase morte.

Dessa vez sou eu quem rio.

— Exagerado. Até mais, André — Falo e deixo o professor que ainda ri.

Assim que longe sinto minhas bochechas se avermelharem rapidamente.

— Eu vi mesmo o que eu vi, Lua? — Ouço a voz pertinente de Luis atrás de mim. Quase reviro os olhos — A menina doente amiga dá acidentada flertando com o novo professor?.

Ele começa a rir.

Reviro os olhos avidamente.

— Idiota — Falo alto para que ele ouça e apresso o meu passo para sair logo de sua vista.

— Um idiota que um dia você vai amar — Luis diz, viro meu rosto bruscamente e encaro seus olhos azuis claro contrariando seus cabelos negros cacheados.

Luis nunca gostou de mim, mas me zoavam que eu gostava dele. Eu sempre o odiei. Então ele falou que era tão irresistível que um dia eu iria estar beijando o chão que ele pisou.

O maior eufemismo dá história dá humanidade.

Até hoje eu o evito com todas as forças, por mais difícil que fosse já que ele namorou Fantine certo período de tempo.

— Sai, Luís — Cruzo meu braços e o encaro raivosa — Eu te odeio e sempre vou odiar.

— Ai, socorro — Ele fala sarcástico e coloca os bracos em volta do meu pescoço numa espécie esquisita de abraço — Eu sei que você quer beijar esses lábios aqui.

Ele se aproxima muito perto de mim e com o braço me prendendo contra ele, ele aponta para a própria boca.

Faço um bico de nojo e o empurro para longe.

— Eca, Luiz. Mil vezes eca.

— Você finge muito bem, sabia? — Ele diz com um sorriso altruísta e sai dá minha visão rindo de algo que eu nunca vou entender.

O ignoro e sigo meu caminho, irritada.

Vou para a sala de aula e já lá dentro encontro Priscila. Nos cumprimentamos e depois de pouco tempo uma professora aparece.

Logo descubro que ela é de geografia.

A professora começa a fazer a chamada e então percebo que apenas Steven faltou.

— O que... Steven faltou? Ele nunca falta — Falo para Priscila.

— Estão dizendo que ele ficou traumatizado depois de... Você sabe...

— Hã... Não, eu não sei — Falo como se fosse óbvio.

— Não? — Ela Pergunta genuinamente confusa e então suspira — Ele que te encontrou, sabe... Quando teve a convulsão... Dizem que a cena foi tão forte que ele não aguentou e por isso faltou aula.

— Meu Deus — Digo pasma — Então Steven... Que me salvou?

— Pelo o que parece...

Aperto com força a extremidade dá mesa.

Então Steven deve ter pego meu celular.

E Steven que deve saber sobre o Desconhecido que abusou de Fantine e a levou ao coma.

Steven sabe demais.

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