Capítulo 04

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Hecatônquiros - Gigantes criados com alquimia. Estima-se que a altura deles varie entre 110 e 200 cascos, e o peso, entre 680 e 1250 varós. Apesar dos três espécimes variarem entre si quanto as características físicas, todos são muito fortes, e possuem centenas de mãos e braços espalhados pelo corpo, assim como várias cabeças, que lhes concede uma aparência horrenda. Urram colericamente, mas parecem incapazes de se comunicar. Com esse tamanho colossal, são dotados de imprescindível força, poder e ferocidade. São extremamente perigosos, portanto, deve-se evitar ficar dentro do alcance de seus membros. São musculosos o bastante para derrubar árvores de 400 cascos de altura e partir pessoas ao meio com facilidade. Até hoje, apenas foram vistos escondidos na floresta Gasoil e se alimentam de seres humanos.


31° dia do mês Cerúleo de X206

Após um bom tempo em silêncio, ambos caminhando, Ricardo foi o primeiro a falar.

- Pelo que entendi, você não sabe dirrreito como funciona a sua magia. Talvez você devesse beber do sangue do gigante também, experrrimentar para ver o que acontece.

- Pela última vez, não é magia. Eu não sei o que é, mas não é magia. - Drika disse, frustrada e confusa - E achei que você não fosse mais insistir para que eu bebesse sangue.

- Isso é diferrrente. Eu disse que não insistirrria antes de saber que você conseguia tirrrar poderrres pelo sangue das criaturrras.

- Ai, quer saber? Eu tomo então, mas só pra ver se você cala a boca um pouco.

- Sérrrio? Certo, vamos voltar parrra perto da água.

Era uma meia verdade, porém. De fato, a caçadora queria um pouco de silêncio para organizar seus pensamentos, pois estava muito confusa, e talvez experimentar o sangue e não acontecer nada de inusitado colocasse um fim em todo aquele assunto. Mas por outro lado, tinha um certo asco de beber sangue, ainda mais de uma besta morta, medo de contrair algum tipo de enfermidade, e a possibilidade que mais a assustava: a de realmente acontecer algo de diferente de novo.

Drika então se lembrou que havia ferido o colosso de vários braços com sua adaga, mas não havia pego ela de volta. Assim que removeu a arma, sangue escorreu pelos três furos que ela abriu nos músculos do gigante. O sangue era mais escuro e tinha um gosto muito pior do que o da salamandra-de-fogo, mas ela bebeu mesmo assim. Sentiu ânsia de vômito ao pensar naquilo que acabara de fazer, mas se controlou.

Nos instantes seguintes, não sentiu nada de diferente. Mas como também não havia sentido nada de errado de imediato na outra vez, aguardaram. Continuaram caminhando, rumo ao coração da floresta Gasoil. Dessa vez, os enjoos e dores musculares começaram muito mais rápido do que no dia anterior, mas ela continuou andando, compassadamente, sem nada dizer ao companheiro de trabalho.

Tão rápido quanto vieram, os enjoos passaram e Drika se sentiu bem novamente. Aliás, ela estava se sentindo ótima. Bem revigorada e cheia de energia. Talvez o incidente do sangue e do fogo fosse um caso isolado, ou algo assim. Não sabia o que pensar, mas ao que notou, não havia nada de errado consigo. Resolveu parar de pensar naquilo e continuar focada na missão.

Andaram muito. Só pararam quando a Lua surgiu no céu. Com uma lança improvisada, a partir de um galho quebrado, Drika pescou peixes no mangue, que eles assaram na fogueira e comeram. Novamente, Ricardo ficara encarregado de montar a fogueira, e ela, o acampamento. Mas diferente do dia anterior, dessa vez foi a caçadora quem proveu a refeição.

Estavam muito cansados por enfrentar o gigante, estarem feridos e terem andado muito mais do que no dia que chegaram na floresta. Dormiram em questão de instantes, e só acordaram no outro dia, bem mais tarde que o usual. Drika trocou o ferimento do braço de Ricardo por um outro pedaço de tecido mais limpo, passando mais da pomada de calêndula que ela fez. Comeram frutas novamente, como primeira refeição do dia, e voltaram a marcha. Trilharam por três horas seguidas, suados pelo calor, e se sentindo desconfortáveis com a umidade.

A Caçadora de BestasOnde histórias criam vida. Descubra agora