Capítulo 05

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Aranha-lobo - temível espécie de aranha gigante com cabeça de lobo. É creditada como uma espécie criada pelo alquimista Eurimedon Domelre. Essa aranha é robusta e ágil, possuindo pelo preto e grosso cobrindo o corpo, com manchas brancas laterais nas patas. O volumoso pelo é repartido em duas camadas, uma de pelos resistentes que repelem água e sujeira, e uma outra camada de pelagem mais densa e isolante à água. Suas pernas que têm uma envergadura que pode abranger até 18 cascos, sendo maiores do que charretes comuns, e são capazes de percorrer longas distâncias e com relativa velocidade. Possuem 42 dentes afiados para retaliação, uma de suas principais armas e instrumentos essenciais para o corte da carne da presa, podem até mesmo partir ossos. As íris dos olhos são douradas. Podem usar o pêlo para sentir a direção do vento e se guiar e possui uma audição potente, capaz de ouvir a queda das folhas das árvores da floresta. Apesar do tato e da audição muito apurada, essas aranhas dependem muito do sentido da visão para caçar. Devido ao par de olhos de lobo, são excelentes caçadoras noturnas.


03° dia do mês Plúmbeo de X206

Jorge Augusto abotoou o blazer verde sob a camisa preta e se olhou no espelho da penteadeira carmesim. A criada havia se oferecido para fazê-lo em seu lugar, mas ele não via necessidade de desperdiçar tempo da funcionária com uma coisa que ele podia fazer por si mesmo. O herdeiro de Conditoris, embora parecesse muito com o pai fisicamente, quando este tinha a sua idade (os mesmos cabelos castanho-amendoados, os mesmos olhos cor de cobre, o mesmo queixo retangular), era muito diferente em opinião e em personalidade. Não era incomum eles divergirem em ideias, atitudes e até discutirem. Porém, Aníbal não era apenas seu pai, mas também seu Rei, o Sol vivo, o que dificultava as coisas, porque ele não tinha autoridade para bater de frente e discutir.

Desde jovem, o príncipe foi educado para ser gracioso e pontual. Entretanto, não havia nada de gracioso nem de pontual quando o jovem correu pelos degraus de mármore, atrasado para a reunião dos cinco reinos. A reunião dos cinco príncipes herdeiros dos cinco reinos era rara e, portanto, provavelmente tratava-se de um assunto importante, onde estar no horário estabelecido era mais do que essencial.

Quando era mais novo e não precisava se preocupar com atos políticos ou com seu povo, o príncipe costumava se divertir saltando os degraus da escadaria do salão de dois em dois e rindo. Hoje, aos vinte e um anos e carregado de responsabilidade pelo seu povo nos ombros, ele descia de um em um, porém com uma notável pressa, mal apoiava um pé em um degrau e o outro pé já procurava pelo próximo. Jorge imaginou se ele não parecia um tanto ridículo descendo as escadas com urgência.

Parando em frente às portas do salão, respirou fundo, ajeitou a postura e a roupa. E então, abriu as duas portas com as mãos e adentrou ao recinto, o queixo erguido como um príncipe preparado e orgulhoso, sem nenhum resquício do garoto desajeitado que descia as escadas apressado momentos antes.

O salão abobadado era bem claro, tinha as paredes brancas e decoração com estátuas de mármore e detalhes em gesso. Estandartes verdes com o brasão de Smaragdina encontravam-se também na parede, em destaque, cercado de pequenas bandeiras com os brasões e cores dos cinco reinos. O dragão na heráldica do reino flamulava ao vento brando proveniente da janela entreaberta. Ao entrar, todos os rostos na mesa redonda de carvalho se voltaram para Jorge Augusto. O herdeiro de Smaragdina não se abalou nem se deixou intimidar com os olhares irritados com o atraso e sentou na cadeira vaga que o aguardava. Olhando de relance, ele notou os rostos familiares.

Todas as famílias reais de Smaragdina estavam ali. Em outras palavras, todo o sangue nobre da casa principal, exceto por Basca Loberta, esposa do príncipe de Polghar, que estava ali acompanhando-o e cuidando do seu filho de 4 anos, Pedro Igor Polghar. Todos os nobres estavam ao redor da mesa, com exceção do Rei Aníbal, que não comungava da mesma mesa que eles, mas estava em seu trono real a parte, seu trono solar dourado e altamente decorado, também no salão de reuniões, e imóvel tudo observava, como um predador astuto. Sentiu falta de Asgrid Cermyat, princesa de Cermyat. Ele simpatizava com os ideais da jovem garota. Aparentemente, ela estava mais atrasada do que ele próprio. Um homem com pele clara e rosto com grandes bochechas se levantou da mesa e começou a falar. Era Andrea Cermyat, irmão mais velho de Asgrid e príncipe de Cermyat.

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