Capítulo 2 - A festa

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 "Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas,pois eu também sou o escuro da noite."

     -Clarice Lispector


Os outros dias não foram tão ruins, eu tinha com quem passar os intervalos, quem conversar na sala de aula, quem me chamar para festas, quem rir comigo, e essas coisas que amigas fazem. Não era em todas as festas que eu ia e quando acontecia de eu aparecer por lá nada muito interessante ocorria, mas teve uma festa em especial que mudou tudo.

                                                                                              *****

O som estava tão alto que eu conseguia sentir o chão vibrando sob meus pés, as luzes giravam e piscavam, o som de vozes ecoava pelo aposento. Apesar de o lugar ser grande as pessoas dançavam tão próximas umas das outras que pareciam um só organismo. Minha mão agarrada a de Helena suava, enquanto tentávamos passar por aquela massa de adolescentes balançando os corpos no ritmo da música. Fomos empurradas e vários braços e cotovelos nos acertaram, mas conseguimos, enfim chegar ao outro cômodo.

— Pelo menos agora eu consigo te enxergar, Clair.

— Quanta gente. Quem é o dono dessa casa?

— Um amigo meu, vem, vamos pegar algo pra beber.

Estávamos na cozinha, que provavelmente dava umas três cozinhas lá de casa juntas. Os azulejos eram todos brancos assim como a luz sobre nós. Helena caminhou até a geladeira e a abriu. As prateleiras internas estavam cheias de bebidas da qual nunca tinha ouvido falar e as prateleiras da porta transbordavam de latinhas de cerveja.

— O que você vai querer? — ela pergunta enquanto pega uma cerveja para si.

— Nada por enquanto.

Ela fecha a geladeira e abre sua cerveja.

— Daqui a pouco meu namorado vai estar aqui, e pra você não ficar sozinha pensei em te apresentar uns amigos meus — ela fala, cantarolando a última palavra. — Quem sabe rola algo entre você e algum deles... — ela encosta na bancada e dá um gole em sua cerveja.

— Como assim? — Pergunto com um sorriso tímido.

Ela me olha e dá risada.

— Quem sabe ele não queira ficar com você, você com ele e coisa e tal... — continuo olhando pra ela sem querer entender o que ela está dizendo e ela ri mais ainda. — Poxa Clarisse! To falando de beijar, quem sabe vocês não ficam juntos e dão uns beijos.

— Ah... — sinto meu rosto ficando vermelho e sorrio para ela. — Bom, é que eu... Eu... — gaguejo e não consigo finalizar a frase, baixando os olhos.

— Clarisse! Eu não acredito! — ela coloca a mão sobre a boca. — Você nunca beijou ninguém? — meneio levemente a cabeça, respondendo que sim. — Pois então, vamos mudar isso hoje.

Sangue de Dragão [Completo no DREAME]Onde histórias criam vida. Descubra agora