Capítulo 4 - Rafael

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"O maior erro que você pode cometer, é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum."

-Elbert Hubbard


Uma semana se passou depois da festa na casa de Rafael sem que eu o visse novamente. Passei todos os dias sem conseguir tirá-lo de minha cabeça. Seu cheiro, sua voz, seu toque, me lembrava de tudo como se tivesse acabado de acontecer, a pior parte era olhar para a toalha e sorrir, eu estava enlouquecendo.

Na escola, Helena contou as meninas, com uma super empolgação, que eu havia beijado um garoto, ela só esqueceu de dizer que não era um garoto qualquer, era Rafael, mas talvez isso não seja de muita importância para elas, mas é para mim. As garotas se empolgaram com a notícia e marcaram de irmos em uma festa juntas e Helena disse que a festa que tínhamos ido no fim de semana acontecia com bastante frequência e se comprometeu a falar com os organizadores, enquanto falava me lançou olhares de cumplicidade sem disfarçar, e óbvio que as meninas perceberam e logo ligaram os pontos. O menino que eu havia beijado era organizador dessa tal festa? Perguntaram elas, respondi que sim e elas me fizeram contar todos os detalhes do que havia acontecido. Relatei para elas o que aconteceu, só deixando de fora as partes em que meu cérebro se intrometeu e me fez achar que estava apaixonada por ele, eu não estava, certo?

Na véspera da festa eu estava muito nervosa, não me lembro de já ter ficado tão nervosa quanto aquele dia, nem quando ia apresentar um trabalho na frente da sala ficava daquele jeito. Meu coração ficou palpitando forte e rápido dentro do meu peito e meus batimentos demoraram bastante para voltar ao normal. Meu estômago se revirava tanto que nem consegui comer direito antes de sair de casa.

Mais uma vez fui de carona com Helena e dessa vez Sara foi junto. Deixamos as toalhas no carro para a hora que fossemos embora devolvermos para o dono da casa, mas espero vê-lo bem mais do que só na hora da devolução.

A música preenchia meu coração, minha alma, como se fosse uma parte minha que estava faltando e se encaixava perfeitamente quando entrava por meus ouvidos. Estávamos somente eu e Sara dançando, Helena tinha ido procurar seu namorado pela casa. Meus olhos não paravam quietos, estava sempre olhando para o lado ou por sobre o ombro a procura de Rafael.


— Daqui a pouco ele aparece Clair, relaxa — grita Sara tentando ser ouvida sobre o som da música.

— Acho que esse é o problema — grito perto de seu ouvido. — Ele aparecer, não tem como pensar que talvez ele não venha, ele mora aqui, então ele vai aparecer, mas essa ideia me deixa nervosa. — Sara da risada e balança a cabeça.

— Só fica calma e curte o momento, quando ele aparecer a gente vê o que acontece, tá bom?

Faço que sim com a cabeça e sigo seu conselho. Um tempo depois ele aparece e passamos boa parte da festa juntos. Parece que me apaixono cada vez mais por ele, tudo que ele fala soa magicamente belo em meus ouvidos, se ele disser que adora matar filhotes de cachorros não irá parecer algo tão ruim, apenas pelas palavras estarem saindo de sua boca.

*****

Na semana seguinte e nas outras que se seguiram minha vida se assemelhava a um conto de fadas, tudo corria tão perfeitamente, na escola e fora dela. Minhas notas estavam boas, minhas amigas estavam sempre ao meu lado e eu tinha algo que quase podia ser chamado de "namorado", quase. Eu ia em todas as suas festas e mesmo as que não eram em sua casa nós nos encontrávamos e eu acabava gostando mais dele a cada dia que passava, quase podia dizer que o amava, mas quanto tempo leva para você amar alguém? Existe alguma regra para isso? Porque mesmo que eu me sinta dessa forma não me parece correto, afinal você só pode amar alguém quando realmente conhece essa pessoa e me sinto desse jeito desde a primeira vez que o vi, o quão real pode ser o que eu sinto por ele? Eu conheço-o o bastante a ponto de amá-lo? Acho que não, mas como posso me impedir de sentir dessa maneira? Nunca tivemos uma conversa real, não sei qual o nome de seus pais e nem porque nunca os vi em casa, meu desejo era conhecê-lo e parece que foi a única coisa que não consegui fazer, acho que acabei antecipando as coisas, gostando de um cara antes de aprender coisas básicas sobre ele. E a pergunta que não sai da minha cabeça: "o que ele sente por mim?", já se passou tanto tempo desde a primeira vez que ficamos juntos e ainda não consegui identificar os sentimentos dele, posso ser só uma amiga que ele beija de vez em quando, ou posso ser parte de um jogo, ou ele pode estar apaixonado, são várias possibilidades e cada atitude dele me faz pensar em uma diferente.

Incontáveis vezes Rafael me convidou para passar a noite em sua casa, o que me fez pensar se era isso que ele queria, se era esse o objetivo final, todo esse esforço em ficar ao meu lado só para no final passar uma noite comigo e depois esquecer que eu existo. Ouvi muitas pessoas comentarem que ele era exatamente assim, que para ele era tudo um grande jogo e que esse era realmente o prêmio máximo, e é claro que não acreditei, ele não é assim, na verdade eu só posso esperar que ele não seja, porque de qualquer jeito ele já conseguiu, estou em suas mãos.

Sangue de Dragão [Completo no DREAME]Onde histórias criam vida. Descubra agora