He - Sail

Azul como seus olhos

Acordei com uma dor de cabeça horrível, estava no hospital, levantei com um pulo e alguns cabos foram junto comigo. Que saco, senti aquele famoso choque de realidade e corri para ver se o Gregory estava bem, passei pelos corredores e encontrei uma senhora chorando acompanhada de um bela mulher ruiva, fui chegando perto e percebo que elas estão falando do Gregory.

- Meu filho, não queria que isso tivesse acontecido.

- Mãe tudo bem, agora ele está em um lugar melhor.

Olhei para ela, vi o quão importante ele era, cheguei perto das duas.

- Desculpe lhe incomodar, mas o que houve ?

- É que meu irmão, Gregory, acabou de morrer.

-Eu conheci ele, sinto muito pela perda - disse segurando as lágrima.

- Meu jovem, - a mãe do Gregory falou - você é o garoto que o Ash falava que havia encontrado na chuva ?

Respirei fundo, meu coração doeu e novamente as lágrimas caíram novamente.

- sim.

- Saiba que o meu filho lhe amou muito e nunca parou de pensar em você - ela continuou - fico honrada em conhecê-lo.

...

Depois do hospital, tive que passar uns dias em casa, a única pessoa que eu tive sentimentos fortes. É como a frase de um filme " eu estou na beira do penhasco e ainda não caí". Minha mãe ligava direto para conferir se eu estava vivo, sobre o enterro do Gregory, preferi não ir, minha cabeça estava e ainda está muito perturbada. A campainha tocou, abri a porta e o Dylan abriu um sorriso.

- Olá, é que minha mãe não me deu a chave de casa, então eu posso ficar aqui com você ?

- Dylan, não é uma boa hora. - supirei.

- O que houve ? - ele mudou o tom de voz.

- Nada é que eu quero ficar longe de tudo por um tempo.

- Christian - ele pegou na minha mão - ninguém quer ficar longe de tudo sem motivo - seus olhos azuis estavam com um brilho difrente - sabe, consegue se arrumar em cinco minutos ? E não quero desculpas. Se você não for, eu me jogo no chão e dou chilique.

Não falei nada, deixei ele entrar e fui me arrumar, quando sai ele colocou a mão no peito e fingiu que estava tendo um infarto.

- Nossa, doeu quando você caiu do céu ? - não acredito, ele fez isso.

- Doeu depois que eu ouvi essa cantada barata - cruzei os braços.

- Me maltrata que eu gosto.

Corei, fui trancar tudo, enquanto o Dylan mexia no seu celular. Quando saímos ele pegou no meu braço e começou a correr, chegamos a tempo de pegar um ônibus. Demoramos um pouco para chegar no Shopping.

- Então, o que vamos fazer em um shopping ?

- Reclama menos e se solta mais - ele novamente pegou na minha mão e saiu correndo de novo.

Passamos por várias lojas e o Dylan contava estórias do que havia acontecido com ele em cada uma. Entramos em uma loja de acessórios.

- Escolhe um.

Fui olhando os objetos, encontrei um relógio antigo parecido com uma rosa. Peguei-o e entreguei ele ao Dylan.

- Esse aqui.

- Você realmente tem bom gosto.

Ele pegou uma coroa de flores e pagou tudo.

- Para quem é essa coroa ?

- Para mim - ele colocou na cabeça - sempre quis uma dessa.

Ele pegou novamente minha mão e saiu correndo, não sei qual é a graça disso. Ele me levou para o fliperama.

- Agora sim vamos nos divertir.

Entramos e fomos para o Just Dance, no início eu estava meu travado mas só foi colocar Don't stop me now do Queen que o Dylan não me reconhecia mais. Foi uma loucura, eu estava ofegante,  depois de se acabar no fliperama seguimos para a praça de alimentação, compramos um milk shake, o meu foi um de chocolate e do Dylan foi um de morango. Sentamos em uma parte afastada para evitar o barulho.

- Seus olhos me deixam perturbados - sussurrei.

Ele me olhou com uma cara de espanto e sorriu.

- O que ?

- Nada.

- Você não fez isso - o Dylan se levantou da mesa - Gente ele não fez isso - ele gritou - Você me deu uma cantada ?

- Já to me arrependendo - revirei os olhos.

- O rei do gelo e da ignorância me dando uma cantada - peguei o milk shake dele - o que você vai fazer com isso ?

Levantei a sobrancelha e saiu correndo, ele colocou as mãos na cabeça e correu atrás de mim, fui para a escada rolante e perdi ele de vista. Sorri arfando, procurei ele e quando percebi que ele estava no elevador e de ainda deu um tchauzinho, assim que consegui chegar no chão corri o mais rápido que pude. De repente alguém me derrubou estilo jogador de futebol americano, era o Dylan, ficamos cara a cara, eu sentia sua respiração e imediatamente eu fiquei mais vermelho que um tomate, o Dylan apenas sorriu e foi ficando mais perto. Engoli seco e ele foi passando sua mão devagar pelo meu rosto e pegou seu milk shake.

- Nunca mais faça isso - ele disse bagunçando meu cabelo.

Ele se levantou com um pulo, ainda estava digerindo o que houve. O Dylan estendeu a mão e para me ajudar, me levantei.

- Vamos, ainda da tempo de fazer uma última coisa.

- Que coisa ?

Ele novamente pegou minha mão mas dessa vez foi um pouco suave e ao invés de sair correndo ele apenas andou. Fui levado para um fonte de água, o Dylan pegou uma moeda.

- Pega uma moeda e faz um pedido.- ele disse - rápido !

Peguei, e fiz, pedi que... Que eu ficasse com o Dylan, não como amigos.

- Pronto.

O Dylan pegou minha moeda e colocou em cima da fonte. Pegou um papel e colocou por cima das moedas.

- Agora é só esperar - ele foi até um banco e se sentou.

- esperar o quê ? - indaguei.

- Minha mãe diz que quando estamos gosta de alguém, você vai até a fonte mais perto, faz um pedido e ela o mesmo. Ai depois coloca um papel por cima - ele me olhou e desviou - depois que ela começa o show das águas, vemos se o papel ficou molhado ou seco. - ele guardou a coroa de flores no bolso do casaco.

- E o que acontece ?

- Bem, se estiver muito molhado; o desejo se realiza e ficam juntas, mas se não, nem um e nem outro.

- Que legal - sorri, ele carinhosamente pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos.

Isso me deu um choque, engoli seco e suei frio. Começou o show das águas, foi incrível, quando acabou, coremos para ver o resultado e o papel havia desaparecido. Sorri para ele mas logo minha felicidade se desfez ao ver o Barker.

- Olha, que coisa maravilhosa. - O Barker disse.