Capítulo 2

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A paisagem da janela do meu quarto era nublada... Os pingos grossos, pesados e incessantes da tempestade continuavam... Quando o ranger do portão de ferro fundido me roubou a tormenta de perguntas e o vazio contínuo, eu encarei o quintal lá em baixo.

Um carro sedã preto atravessou os portões que foram abertos por José. Estranhei a chegada daquele veiculo. Não esperava a chegada de hospede algum naquela tarde, muito menos um tão rico que chegaria em um taxi executivo e não em um taxi comum.

Usava uma jardineira jeans surrada, dobrada nas panturrilhas, por baixo um top branco de ginástica. Não éramos um hotel de luxo, estavamos mais para um Hostel Alternativo. Calcei meus chinelos de dedo novamente, peguei o tablet e desci os dois andares que me separavam daquele recente hospede.

Dona Olária já estava na pequena recepção, onde antes era apenas a varanda de frente da casa. Naquela varanda, colocamos um carpete Indiano, um jogo de poltronas de vime, algumas orquídeas e samambaias nas paredes, um pequeno balcão de madeira antigo e uma banqueta atrás dele... Que quase nunca era ocupada.

– Quem é este? – Perguntou Dona Olária assim que parei ao seu lado, ligando o tablet e abrindo imediatamente as reservas de hospedes.

– Não sei... – respondi um tanto nervosa, pois odiava contratempos.

Quando o carro estacionou frente a minha casa, me senti ansiosa. Não sabia como reagir... Senti uma inquietação, um tipo de energia já conhecida.

O motorista abriu a porta e desceu do carro, correndo para a mala do carro, tentando se proteger da tempestade com seu blazer. José foi ajuda-lo com a bagagem do hospede. No entanto, apenas uma mala de tamanho mediano foi tirada facilmente do porta-malas.

O motorista correu de volta para o interior do veiculo e o José em nossa direção. Ele colocou a mala sobre um canto da varanda-recepção e pegou um guarda chuva atrás do balcão.

Ninguém falava nada um com o outro. Estavamos mudos. Paralisados como fora logo no inicio, quando ficávamos nervosos em agradar os primeiros hospedes.

Jose desceu os dois degraus da varanda e foi em direção ao carro. Abriu a porta e um homem usando terno, saiu do veiculo. Ele estava de óculos escuros, seus cabelos negros cobriam parte de seu rosto, e ele mantinha sua cabeça baixa... Mas, sua semelhança foi algo que notei imediatamente.

– Samael... – não percebi que sussurrei o nome dele.

– Você o conhece? – Dona Olária perguntou, encarando-me brevemente.

– Não! – neguei de imediato, depois suspirei. – Talvez... Não sei.

A chuva não dava trégua... José ofereceu o guarda chuva ao homem misterioso, que aceitou e seguiu ao lado de José até onde estava eu e Dona Olária. O guarda chuva ocultou ainda mais a face do hospede.

Um raio clareou o céu, luzes tremulas em forma de veias, que me fez arrepiar-se, que por um segundo me fez desviar os olhos do misterioso homem. Um segundo que pareceu deslizar lentamente.

– Boa tarde. – aquela voz... Suave e perigosa.

Meu corpo todo tremeu mais uma vez. Desta vez, não por causa do raio ou as trovoadas, mas por causa dele... A presença dele me tomou, fiquei muda, sentindo meus lábios ficarem frios... Provavelmente estava pálida. Senti-me tonta, tinha a sensação que meu sangue não estava irrigando meu cérebro... Quando meus olhos se fixaram aos dele, eu tive certeza.

– Samael... – Foi a ultima coisa que me lembro ter dito naquela tarde antes de literalmente desmaiar.

Suas mãos deslizaram por minhas pernas... Subindo por minhas coxas, até meu quadril, despindo-me de minha camisola de algodão azul clara, até que suas mãos tocou minha calcinha. Lentamente, ele a retirava... Seus olhos não se desviaram dos meus. Meu coração acelerava em expectativas... Podia sentir meu corpo vibrar em desejo...

Possuída Por um Incubus (VOLUME 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora