capítulo 18

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Ele me virou pra si e me abraçou tão forte, que por mais incrível que pareça ele me acalmou. Assim que ela se apercebeu que estavamos a ignorando saiu, e nós ficamos nos encarando mudos.
Vi que podia chatear ele, parecia distante mesmo me encarando, com aquele azul avassalador que nem as ondas do mar. - O que foi "Amorzinho" ?- perguntei ironicamente, mas, creio que soou meio como se fosse real. Porque ele me adimirava com um sorriso de canto e um brilho diferente em seus olhos. - Nada minha princesa!- senti borboletas no estômago, um choque do pé a cabeça. 
Senti sua palma da mão me acariciando suavimente e me permiti debruçar meu rosto em sua mão para sentir mais ainda o seu carinho. Eu parecia uma gatinha sendo domada, isso não acontece sempre caramba. Eu não sou mansa!

Me desvencilhei de seus braços e dei um último olhar para ele e deixei claro que não gostaria da sua presença em meus ensaios, que não se repetisse esse erro. E claro, o idiota disse que se ia embora mas se faria presente para a apresentação, ele achava que seria algo marcante para si e para Petterson.  Não sabia o porquê disso, apenas assenti e me distanciei dele.

Fui até meu colega e falei com os alunos e começamos a marcar a coreografia de novo, sem música.  E os mandei repetir e fiquei a observar corrigindo as falhas e acho que estavamos prontos.

- Vamos iniciar, vamos passar essa coreografia mais uma vez e estão dispensados, se quisserem podem usar está sala para repassar se vos convém fazê-lo. Sejam vocês mesmos, deiam tudo de vocês agora, concentração no topo porfavor lindos! - falei e ouvi eles aplaudindo e se posicionando.

Fiz sinal para a menina que estava no som, que pôs o play e veio se posicionar correndo, como tinhamos de esperar dois tempos contamos 1...2... e iniciámos a coreografia em pares. Era apenas magia, eu me entregava de corpo e alma. Precisava me entregar aqui, agora, nesse momento e nesse instante.  Me sentia livre de todos os meus problemas, depois de 4 anos duros e de puro stress, hoje posso voar. Demos uma pirueta completa, terminando com um leve pliê, levantando em 1...2... e a ultima posse dos rostos juntos.

Amo essa dança, a professora que criou a coreografia foi muito nossa amiga, que saudades. É uma pena ela ter morrido, foi durante o parto eu acho, que tragédia.  Ela sempre disse que meu par devia ser o Sérgio, porque a nossa química era bonita e nos davamos muito bem. Eu adorava ele de todo o meu coração era um bom amigo, pena ser gay pois seria um óptimo partido. Mas ele namora o Maxim, um rapaz daqui da academia que era super talentoso mas fazia contemporânea apenas.

Nos soltamos e o abraçei o puxando para a nossa sala especial, a sala onde sempre tivemos lições com a nossa antiga professora que faleceu, onde tudo se repetia em nossa mente, onde a inspiração e a coragem vinha logo. Eu amava esse lugar!

- E ai Sérgio? Pronto pra ver a nossa próxima coreografia? Acho melhor gravar cara! - falei ofegante pela corrida que a gente fez da outra sala até essa.

- Mais do que pronto Gata,e você tem razão farei isso!- ele foi até o rádio,colocando o celular de lado e eu indiquei a música que eu queria. Christina perry thousand years, essa música é tudo e mais um pouco de mim. Eu montei essa coreografia enquanto vivia em Londres. Mas decidi mostrar a alguém e que seja esse cara, que me vio crescer na dança. E ele sabe que eu danço de alma e coração.

-Pronto! Estou em posição...- falei e fiquei no fundo da sala até que era o ponto certo, arranjei as sapatilhas, meias e coloquei as joelheiras e protetores.

Inicei a dança sentada, a música começou a tocar e me deixei fluir por tudo que eu tinha idealizado. Meus 4 anos se revelaram em apenas 4 minutos dessa música, eu dançava com a dor, a alegria, o amor e delicadeza necessária. Como sempre, me sentia completa dançando!

Acabei abraçada ao meu corpo no mesmo ponto, como era a minha vida. Fugi mas acabei voltando, e ali estava eu. Sérgio havia entendido que aquela dança era a minha vida retratada, e veio me abraçar.  Já não conseguia controlar minhas lágrimas, meu coração estava todo quebrado e era tão frágil, que se algo a mais acontecesse eu iria morrer de vez. Estava cansada de sofrer demais por pessoas como ele. Dilson arruinou minha vida, meus planos, meus sonhos, mudou meu destino, rebentou com minha auto estima e amor próprio, só agora vejo o quão idiota eu fui. Já não o amo, mas também não o odeio. Queria tanto o odiar mas não conseguia,não sabendo que ele era doente, e estava sobre o efeito da doença. Ou talvez, não!

- Se acalme Gata, eu sei que doi. Eu senti isso em cada passo e expressão facial, a cada queda, e agora vendo você chorar eu sei que essa dança tem algo significativo para você! Eu quero lhe pedir, do fundo do meu coração para que pare de chorar sua baranga...- ele enxugava minhas lágrimas enquanto me acariciava os braços para me confortar, eu senti um sorriso brotar. Pois eu sabia que ele sentio tudo, pelo menos uma parte, pode ter feito piada. Mas era isso que eu sentia por dentro agora.- Isso baranga, não chora mais. Esse seu rosto de Barbie não merece ser tocado por lágrimas de dor, você é tão menina que até chega a dar dó... não dó das notas musicais, você entendeu ne?

Me esparramei no chão rindo, mas rindo tanto dessa figura do Sérgio todo abixado e louco. Eu amo esse cara! Ele é um amigo e tanto, merece tudo de bom e do melhor sempre cara.

Meu Incrivel Desejo [HOT]Onde histórias criam vida. Descubra agora