Capítulo VI - Final

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Para quem nunca teve sua memória colocada de volta em sua mente um aviso: não tenha uma memória colocada de volta em sua mente. Além de ser uma sensação completamente estranha, também pode causar fraqueza muscular, dor de cabeça, ânsia, dor no peito, dor de ouvido, dor de dente e, em raros casos, até movimento involuntário do intestino. Em resumo, uma coisa grotesca e que deve ser evitada.

Para a sorte, ou não, de Clara, tudo exceto o movimento intestinal involuntário aconteceu repentinamente. E assim como surgiu rapidamente, se esvaiu enquanto ela começava a recordar tudo da noite anterior.

Ela se lembrou de ter chego da escola e ido tomar banho. Também de como ela havia tomado um susto quando saiu do banho e encontrou um senhor de cabelos grisalhos e terno preto sentado em sua cama brincando com o que parecia ser um GameBoy Color.

Sua memoria então pulou para ela escolhendo um vestido de gala para a festa que o Doutor falou que eles iam. Flash! Ela está entrando na TARDIS com um lindo vestido preto que achou no fundo de seu armário, o senhor do tempo já começava a reclamar da demora. Ela então ouviu o barulho da TARDIS se desmaterializando. Já estava novamente na entrada do palácio (ou seria pela primeira vez?), agora haviam lindas luzes, o lugar inteiro estava aceso, muitas naves de todos os tipos paravam e deixavam figurões.

Ela se lembrou de perguntar ao Doutor como que ele havia conseguido ser convidado, e que ele deu uma resposta evasiva como "Eu conheço um cara...". Logo ela estava no salão de bailes, lindas pessoas de todos os tipos e cores de trajes, assim como peles, dançavam junto com ela. E oh, ela estava valsando com o Doutor, quem diria que ele sabia dançar. Os pés dele eram suaves e não pareciam pesar enquanto valsava, ela notou como ele estavam bem conservado para dois mil anos. Espera, isso era o vinho falando. Ela precisava descansar.

Mais outro flash e ela percebeu estar em um belo jardim, iluminado com orbes que voavam lentamente por entre a folhagem. Lá ela avistou uma silhueta, uma pessoa, vestida de forma diferente.

A cena mudou, ela agora estava estava de volta ao salão movimentado vendo um senhor azul anunciando que o anfitrião não estava disponível para fazer o discurso e que ele o faria no lugar. Então uma sombra pareceu abrir caminho pela multidão, mas ninguém reparara além dela. Todos estavam encarando o homem que discursava. Clara viu que a sombra era quase visível, como se estivesse a todo momento saindo e entrando no salão.

Então, um ser negro com apenas uma esfera branca e brilhante apareceu atrás do homem que discursava e com uma unica investida, sua lâmina penetrou as estranhas e saiu na barriga azul e protuberante. Houve um barulho de choque e o alien explodiu em centenas de milhares de partes por todo o salão. Clara infelizmente estava perto o bastante para receber grande parte do que já fora a criatura azulada. Ela sentiu que ia vomitar, suas pernas tremiam e paralisada, estava incapaz de sair do lugar.

Ela ouvia alguém gritando seu nome ao fundo. Uma mão segurou os ombros dela. Então uma testa com sobrancelhas brancas veio de encontro à sua. Tudo ficou embaçado.

Ela se viu de novo saindo da TARDIS em sua casa. "Fique aqui comigo, por favor." ela ouviu sua voz tremida falando como se fosse uma criança com medo do mundo. Ela foi ao banheiro e se viu inteiramente encharcada de sangue. Entrou no banho como se fosse algo normal, vendo todo o resíduo descer pelo ralo. Ela saiu e encontrou o Doutor sem o paletó, sentado na poltrona próxima a cama, esperando que ela se deitasse e dormisse.

"Durma Clara," disse ele como uma ordem, "durma e esqueça tudo isso."

"Deite-se comigo, por favor", ela sussurrou em um tom enfraquecido. O Doutor encarou-a com sobrancelhas arqueadas, mas afirmou lentamente com a cabeça e obedeceu. Ele tocou sua testa na dela e tudo foi ficando muito claro até que Clara voltasse à nave alienígena, dentro da cela de energia. Ela respirava rápido, com extrema dificuldade, mas o Doutor não retirou as mãos de suas têmporas.

Uma noite sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora