Capitulo I

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  Oi de novo, você consegue me ouvir? Hoje é o segundo dia após o diagnóstico. Eu não te contei, então vou explicar, eu fui diagnosticada com câncer, um tumor que se espalhou pelo meu cérebro e ninguém percebeu até que já era tarde, então, agora vou dizer como foram os meus últimos dias, os médicos disseram que tenho no máximo três meses, minha família não entende o fato de que estou prestes a morrer. Eles vivem tentando fazer com que eu me esforce pra ir a  outros hospitais, mas eu já me cansei disso.

  Em todos os hospitais que eu vou, sempre me dizem a mesma coisa. primeiro eu fico cheia de esperança e no final de tudo, acabo sofrendo de novo. Então resolvi parar com isso, e aceitar o tempo que me resta, só não sei como vou dizer isso a eles. Como uma filha diz a seus pais que desistiu dá própria vida?

  -Izzie, está aí? —minha mãe me chama.

-Estou no quarto, mãe — respondo.

-Filha, com quem está falando?

-Ninguém, mãe. — Realmente, você nem existe, não sei porque continuo falando com você.

-Ta bem, vem, vamos jantar. — Ela fala saindo do quarto

  Meu pai e meu irmão já estavam na mesa almoçando.

-Izzie, amanhã vamos ao parque aqui perto tá bom? Vai ser bom pra você sair daqui. — meu pai diz tentando me animar.

-Bom pra que? vamos lá para eu ver aquelas pessoas felizes, correndo e lembrar que eu não posso mais fazer isso? —notei que todos me olharam com uma expressão de pena, e eu odeio que me olhem assim, não quero que sintam pena de mim, parece que não sou mais um humano.

-Quero dizer, vamos sim, pai.

-Tudo bem então, só nós dois, antes do sol nascer, vai ser bom, vai se sentir viva. — ele diz fingindo esquecer o que eu disse antes.

-É, isso aí. —Forço um sorriso. Meu pai era uma boa pessoa, eu sabia que ele sempre estava se esforçando para me deixar feliz, então eu fingia estar feliz por ele, não gostava de ver ele preocupado comigo.

  Terminamos o almoço e eu fui para varanda, fiquei sentada no banco olhando a natureza, minha casa ficava a uns 200 metros dá cidade, tínhamos um pequeno jardim com várias árvores na frente de casa. Era bom ver aqueles pássaros voando. Ficava pensando no quanto deve ser bom voar.

  A tarde logo se passou, e a noite veio, a lua apareceu entre as árvores como sempre fazia, eu ficava a observando até ela chegar em seu ponto alto no céu, entrei em casa e fui tomar um banho. Depois fui pro meu quarto ler meu livro, como todos os dias, eu me encontrava naquele livro.

  Vamos rever a semana, começou normal, até descobrir que tinha um tumor no cérebro, fui levada a vários hospitais que me disseram a mesma coisa: três meses. Alguns chegaram a dizer que só dois.

  E agora estou aqui, falando com você, e você nem se quer existe. Agora é melhor eu dormir, porque amanhã tenho que acordar cedo pra ir no parque com meu pai, afinal não posso ir sozinha.

Vivendo o AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora