Vejo meu pai andando até mim, ele para a três metros de e se ajoelha estendendo os braços me chamando para abraça-lo.
-Pai - Grito enquanto corro até ele.
-Oi Izzie. -Ele diz me olhando com uma cara meio triste e orgulhoso.
-Mas pai. Eu achei que... - Não terminei de falar e o abraço de novo chorando.
Ele se levanta e me da uma rosa.
-Você vai ficar bem filha, nunca desista - Ele diz enquanto olho pra rosa. - Tenho que ir - Ele diz me dando um beijo na testa e indo embora até que some em meio o nada.
-Mas pai. - falo tentando ir atrás dele mas não conseguia mexer as pernas.
Acordei no instante seguinte, era apenas um sonho, me viro e uma lágrima escorre no travesseiro. Ele segurava a rosa que levei pra ele no hospital no dia em que ele morreu
Agora o que vou fazer sem o meu pai, pelo menos ele não esta aqui pra me ver morrer, ele sofreria tanto. Quando a gente sente a morte de perto, começamos a vê-la de um novo jeito, e esse jeito não é nada bom.
Todas as histórias e teorias do pós morte começavam a vir como tempestade na minha cabeça, não queria mais pensar naquilo. Não aguentava mais chorar, onde o meu pai estaria agora? Só tinha certeza de uma coisa, ele queria me ver bem e não aceitaria que eu desistisse de lutar.
Desci pra tomar café, tentei não olhar pro lugar dele na mesa, que dessa vez estava vazia e não escutava mais a voz dele gritando meu nome, me chamando para tomar café. Já faz três dias desde que ele se foi, ainda não aceitava aquilo.
Depois de tomar café, o Sam veio me chamar, íamos ao lago. Havíamos deixado aquele lugar do jeito que meu pai gostava.
Estávamos sentados em um banco que o Sam construiu bem a frente do lago, ainda não tinha contado a ele sobre meu tumor.
-Sam. -Digo pegando a mão dele.
-Sim. - Ele me olhou com aqueles olhos castanhos que brilhavam com a luz do sol.
-É, eu tenho um problema... Um... Tumor no cérebro.
-O que? Um... tumor. - A expressão dele vai mudando até uma cara triste e ficando calado por alguns instantes.
- mas, tem tratamento não é? Os médicos podem cuidar de você.
-Não, eu não quero saber mais disso, sempre que vou a um médico, eles me dizem a mesma coisa...
-O que? - Ele diz preocupado olhando em meus olhos
-Que... Eu só tenho 3 meses de vida, se tiver sorte. - Digo olhando em seus olhos
-Não, deve ter outra maneira, você não pode desistir. -No momento em que ele disse aquilo, lembrei do meu pai
-Só que eu já desisti, alimentar falsas esperanças é o mesmo que soltar uma pedra e esperar que ela não caia no chão. - Digo disfarçando a cara triste.
-Você está sendo egoísta Izzie Willer.
-Eu... Só não quero mais ter decepções.
-Tudo bem, não vamos pensar nisso agora. - Ele diz me abraçando.
-Sam. Eu não quero que você sofra quando eu também me for. É melhor a gente não continuar com isso.
-O que você está dizendo?
-É sério Sam, eu não quero imaginar você sofrendo depois que eu mo... Adeus - Falo dando um beijo em sua testa e voltando pra casa.
Percebi que ele ficou me olhando ir embora sem saber o que fazer ou dizer, será que o que eu tinha acabado de fazer era mesmo o certo? Estava jogando meus últimos momentos fora, mas não podia ser egoísta assim, entrar na vida de uma pessoa sabendo que sairia logo e essa pessoa iria sofrer.
Voltei pra casa, minha mãe perguntava sobre o que tinha acontecido mas nem a respondi, subi direto para meu quarto e me deitei. Novamente lágrimas rodearam meus olhos, mas dessa vez as segurei firme, não tinha que chorar, eu fiz aquela escolha, eu o deixei.
Novamente lembrei do meu sonho, como parecia real, o modo como abracei meu pai. Depois o modo como ele foi embora. Olhei para pequena estante no lado da minha cama, havia algo lá, parecia ser uma carta.
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Vivendo o Amanhã
RandomIzzie era uma menina como qualquer outra, corria, dançava, e era feliz, até o dia em que descobriu um câncer, um tumor alojado em seu cérebro, os médicos estimaram que ela só tinha mais 3 meses de vida no máximo. A partir daí ela passou a enxergar a...