Capítulo VII

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   Vejo meu pai andando até mim, ele para a três metros de e se ajoelha estendendo os braços me chamando para abraça-lo.

-Pai - Grito enquanto corro até ele.

-Oi Izzie. -Ele diz me olhando com uma cara meio triste e orgulhoso.

-Mas pai. Eu achei que... - Não terminei de falar e o abraço de novo chorando.

  Ele se levanta e me da uma rosa.

-Você vai ficar bem filha, nunca desista - Ele diz enquanto olho pra rosa. - Tenho que ir - Ele diz me dando um beijo na testa e indo embora até que some em meio o nada.

-Mas pai. - falo tentando ir atrás dele mas não conseguia mexer as pernas.

  Acordei no instante seguinte, era apenas um sonho, me viro e uma lágrima escorre no travesseiro. Ele segurava a rosa que levei pra ele no hospital no dia em que ele morreu

Agora o que vou fazer sem o meu pai, pelo menos ele não esta aqui pra me ver morrer, ele sofreria tanto. Quando a gente sente a morte de perto, começamos a vê-la de um novo jeito, e esse jeito não é nada bom.

  Todas as histórias e teorias do pós morte começavam a vir como tempestade na minha cabeça, não queria mais pensar naquilo. Não aguentava mais chorar, onde o meu pai estaria agora? Só tinha certeza de uma coisa, ele queria me ver bem e não aceitaria que eu desistisse de lutar.

  Desci pra tomar café, tentei não olhar pro lugar dele na mesa, que dessa vez estava vazia e não escutava mais a voz dele gritando meu nome, me chamando para tomar café. Já faz três dias desde que ele se foi, ainda não aceitava aquilo.

Depois de tomar café, o Sam veio me chamar, íamos ao lago. Havíamos deixado aquele lugar do jeito que meu pai gostava.

  Estávamos sentados em um banco que o Sam construiu bem a frente do lago, ainda não tinha contado a ele sobre meu tumor.

  -Sam. -Digo pegando a mão dele.

  -Sim. - Ele me olhou com aqueles olhos castanhos que brilhavam com a luz do sol.

  -É, eu tenho um problema... Um... Tumor no cérebro.

  -O que? Um... tumor. - A expressão dele vai mudando até uma cara triste e ficando calado por alguns instantes.

- mas, tem tratamento não é? Os médicos podem cuidar de você.

  -Não, eu não quero saber mais disso, sempre que vou a um médico, eles me dizem a mesma coisa...

  -O que? - Ele diz preocupado olhando em meus olhos

  -Que... Eu só tenho 3 meses de vida, se tiver sorte. - Digo olhando em seus olhos

-Não, deve ter outra maneira, você não pode desistir. -No momento em que ele disse aquilo, lembrei do meu pai

-Só que eu já desisti, alimentar falsas esperanças  é o mesmo que soltar uma pedra e esperar que ela não caia no chão. - Digo disfarçando a cara triste.

-Você está sendo egoísta Izzie Willer.

-Eu... Só não quero mais ter decepções.

-Tudo bem, não vamos pensar nisso agora. - Ele diz me abraçando.

-Sam. Eu não quero que você sofra quando eu também me for. É melhor a gente não continuar com isso.

-O que você está dizendo?

-É sério Sam, eu não quero imaginar você sofrendo depois que eu mo... Adeus - Falo dando um beijo em sua testa e voltando pra casa.

  Percebi que ele ficou me olhando ir embora sem saber o que fazer ou dizer, será que o que eu tinha acabado de fazer era mesmo o certo? Estava jogando meus últimos momentos fora, mas não podia ser egoísta assim, entrar na vida de uma pessoa sabendo que sairia logo e essa pessoa iria sofrer.

  Voltei pra casa, minha mãe perguntava sobre o que tinha acontecido mas nem a respondi, subi direto para meu quarto e me deitei. Novamente lágrimas rodearam meus olhos, mas dessa vez as segurei firme, não tinha que chorar, eu fiz aquela escolha, eu o deixei.

  Novamente lembrei do meu sonho, como parecia real, o modo como abracei meu pai. Depois o modo como ele foi embora. Olhei para pequena estante no lado da minha cama, havia algo lá, parecia ser uma carta.

 

Vivendo o AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora