Calgary oferece um estilo de vida extremamente atraente, desde que as pessoas possam lidar com o clima frio. Sua população é de 1.096.833 habitantes a partir do censo de 2011. Eu sou canadense mas sempre quis morar na Suíça, é meu projeto para quando eu for independente.
Moro no bairro Mission District, e agora estou a equivalente 100 passos de casa, contendo as lágrimas para não ficar sentimental. Em meus dias estressantes e ansiosos costumo contar meus passos desde quando salto do ônibus no ponto mais próximo até minha casa.
Na metade do caminho e isso significa que só preciso segurar minhas lágrimas por mais 50 passos. Explicando, no envelope que minha mãe me dera no jantar de domingo havia três ingressos para o show do Bring Me the Horizon em Vancouver. Eu fiquei feliz, como eu estava feliz, gritei e abracei meus pais a noite inteira, pensei até em mandar uma mensagem ao Oliver mas a probabilidade dele ver era zero. Pensei em mandar para Jasmim, mas lembrei-me de nossa discussão e achei melhor ir até sua casa para conversarmos pessoalmente.— Oi, tia Bethany. Jas está? — perguntei assim que a mãe de Jas me atendeu.
— Oi, querida, faz tempo que não nos visita, sempre Jas que vai na sua casa.
— Pois é — sorri coagida.
— Hum, Jas está no banho. Entre, vou avisá-la de sua visita — me deu espaço para entrar.
Assenti. Bethany caminha até o corredor que leva até as portas dos quatro quartos da casa. Assim que sumiu de vista caminhei até a sala de chão de madeira e paredes personificadas com pedras e me sentei no sofá preto de couro.
Me proibi de pegar o celular até mesmo para ver a hora, eu estava ali para me desculpar e chamá-la para viajar, não podia vacilar. Jas adora sair, ver coisas novas, amanhecer em festas, andar, decerto não recusará, e ficará muito feliz. Vancouver pode ser só uma prévia para o sonho dela e o meu que é viajar o mundo, apenas nós duas.
Nunca saímos de Calgary, nem em viagens em família ou algo do tipo. Desde pequenas vendo as mesmas coisas, o desejo de expandir nossos horizontes pode se realizar semana que vem.— Ela disse para você ir até o quarto dela — avisou Bethany.
— Ela vai sair? — perguntei.
— Não me disse nada.
Caminhei pelo largo corredor cinza e parei em sua porta amarela com desenhos feitos pela própria Jas com tinta preta.
Entrei e Jas secava os cabelos longos e pretos. Seu quarto era típico de uma garota mimada. Paredes rosas, uma grande cama no centro forrada com seda, um grande espelho com fotos nossas coladas nas laterais. Organizado e com bastante espaço vazio para Jas não deixar de praticar ballet mesmo depois da escola que ia ter se fechado.— Por que não mandou mensagem? — senti o tom sarcástico sair de sua pergunta. Jas é a pessoa mais rancorosa que conheço.
— Quis conversar com você pessoalmente.
— Hum. Sobre o quê? Bring Me the Horizon?
Engoli em seco. Era praticamente sobre isso, mas eu também fui lá para pedir desculpas, então achei melhor falar sobre os ingressos depois que as desculpas forem aceitas.
— Vim pedir desculpa, Jas. Sei que não venho sendo uma boa amiga. Sou egocêntrica, admito..
— É, você é — me interrompeu.
— Como posso me redimir?
— Não tem como, Charlotte. Você é assim desde sempre, algumas pessoas nunca mudam. Você nunca mudou, e eu estou mudada. Não aceito mais que me tratem como segunda opção...
— Eu nunca te tratei como segunda opção. Desde sempre você é minha única e melhor amiga, Jas — argumentei. — Eu posso mudar também, como você mudou ou está mudando.
— É sempre você que está falando. Sobre sua vida, seus gostos, sobre o Oliver..
— Você também fala, sobre suas paixonites desenfreadas, o Zacky, sobre os cinco garotos que ficou na festa.
— Mas você nunca se importou, é como se eu estivesse falando para a parede. Eu falo sobre os cincos garotos que eu fiquei e você nem me pergunta se eles beijaram bem.
— Para que eu quero saber se eles beijam bem? — perguntei com desleixo.
Ela bufou.
— É disso que estou falando, Charlotte. Para que eu quero saber o que o Oliver te respondeu? E mesmo assim eu li o texto, não li? Comentei o que eu achei sobre. Você não tem interesse em saber sobre os detalhes da minha vida, os detalhes que eu gostaria de contar para minha “melhor amiga” — fez aspas no ar.
— É só você chegar e contar — senti meus olhos arderem com a chegada de algumas lágrimas.
— Que graça tem contar coisas para pessoas desinteressadas? — vociferou.
— Jas..
— Eu caí na real sobre nossa amizade.
— Você não caiu na real. Lauren te empurrou no buraco errado.
— Para de achar que você sempre sabe tudo. Eu cansei, Charlotte, é melhor você ir embora, sairei com Lauren daqui meia hora.
— Por que está assim?
— Charl, outro dia terminamos essa discussão, tenho compromisso — disse friamente.
Não queria chorar na frente dela, saí e bati a porta do quarto. Fiquei parada por uns dois minutos no corredor para não parecer abalada para Bethany. Mudei minha expressão e fui me despedir dela.
— Estou indo embora — falei. — Você pode entregar isso para Jas hoje a noite. — Entreguei à ela o ingresso.
— Claro, querida. Mas, por que não entregou à ela agora?
— Quero... quero que não seja por mim. É uma surpresa.
Ela assentiu e me acompanhou até a porta. Me despedi e saí andando ligeiro. Estava realmente difícil digerir aquilo tudo, estava difícil digerir a nova Jasmim. Intolerante, mimada e dramática.
Eu queria tirar satisfações com Lauren, queria agredir ela de todas as formas, mas pensei bem e isso pareceu estúpido.— Jasmim gostou da surpresa? — perguntou mamãe assim que cheguei em casa.
— Super — menti. — Vou para o quarto.
Ela me olhou desconfiada e assentiu.
Entrei em meu quarto e me joguei na cama. Comecei a lembrar de cada momento inoportuno, desde a nossa primeira discussão. Me parece ser por motivos tão tolos, ou não deve ser só isso que ela me dissera. Lauren deve ser culpada disso, foi do dia para noite essa revolta de Jas, começou depois que Lauren chamou ela para sair. Ela me disse tanta coisa que pareciam estarem entaladas em sua garganta, e disse de uma forma que se não dissesse aquilo o mais rápido possível morreria asfixiada. Me senti uma pessoa tóxica.
Está tudo como uma avalanche, eu me sinto soterrada.
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Follow You
FanfictionEu vou seguir você, então você pode me arrastar pelo inferno, se isso significa que eu poderia segurar sua mão, eu te seguirei porque eu estou sob seu feitiço. E você pode me jogar às chamas, eu te seguirei, eu te seguirei.