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Tides will bring me back to you.

— Você não deveria faltar tanto, Charl.

— Mãe, só foram dois dias. Não exagere. E eu estou muito mal para ir a aula.

  Eu estava mentindo para minha mãe. Eu não estava mal de saúde, de saúde não. Faz dois dias que me declarei para Jas e ela me deixou. Eu não a tinha, não tinha sua amizade, só tinha um amor platônico e o vazio que ela deixou.

— Você deveria pelo menos ir ao hospital ver o que é. Pegar o atestado e levar até a escola...

— Mãe — a interrompi. — Está tudo bem, okay? Posso ficar sozinha?

  Suspirou derrotada e assentiu. Beijou minha testa e saiu de meu quarto.

  Jas havia me bloqueado do aplicativo de mensagem, ela estava fugindo e eu estava ajudando na sua fuga, não comparecendo na escola. Eu sei que ela vai voltar, ela sempre volta, só precisa de um tempo para digerir tudo isso, e eu estou dando à ela esse tempo. Mas, mesmo assim, aproveitando que ela não me bloqueou nas outras redes sociais, eu gostava de bisbilhotar para ver se tinha um sinal, por menor que fosse, que ela sentia minha falta. Nunca teve.
  E pela segunda vez naquela manhã fui atualizar o perfil do facebook de Jas. Ela sempre compartilha frases e imagens de lugares paradisíacos.

  — O que? — perguntei a mim mesma num fio de voz.

  Jas estava em um relacionamento sério com Zacky. Aquela publicação parecia estúpida demais para ser verdade. Eu não conseguia acreditar. Eu não conseguia nem saber o que senti ao ver aquilo. Dois dias, dois dias e já fora o suficiente para Jas perdoar Zacky e entrar em um relacionamento com ele. Isso não podia ser real. Eu estava deprimida por ver que eu realmente não tenho chance, brava por ver que Jas estava sendo enganada, por ela mesma e por ele. Eu não acredito nele, ele nunca me desceu, ele é um garoto mesquinho e imbecil.
  Eu estava tão desacreditada e indignada que, quando vi, já discava o número de Jas.

— Charlotte? — atendeu, com a voz sonolenta. Então ela também não esta indo a aula?

  Me vi sem palavras.

— Charlotte? — chamou outra vez.

— Você e o Zacky? O quê? Isso é possível?

— Tudo é possível.

— Eu não consigo acreditar. De todas as burradas que já fizeste, essa é a maior.

— Esta falando isso por quê?

— Jas...

— Charlotte, não estou afim de conversar por telefone. Estarei tomando café em Weeds Cafe. Se quiser me encontrar, esteja lá em vinte minutos — desligou.

  Encarei meu celular, eu estava incrédula. Não conseguia acreditar em nada, desde o dia em que meus sentimentos por Jas mudou, até agora. Jas não parecia Jas, e eu... eu não parecia eu. Não podia culpá-la, nem tinha porquê. A culpa era toda minha.
  Eu não ia até ela. Jas não fará o que quer comigo só porque a amo. Provavelmente vê-la agora, e questionar sobre esse assunto que me machuca agora, me machucará mais ainda.

— Não vou — confimei em voz auta.
 
  A vontade de saber porquê Jas estava fazendo aquilo fez-me auto flagrar descer as escadas quase correndo, minutos depois de negar auto e claro que não iria.

O Weeds Cafe são duas ruas antes da casa de Jas. Jas e eu sempre íamos tomar café lá e comer os donuts de tamanha gostosura. Eu amo aquele lugar, é aconchegante, claro por ser preenchido por janelas enormes, e um maravilhoso aroma de café e pão feito na hora. Eu nunca ia quando estava muito movimentado, eu gosto de calmaria.
  Assim que fui chegando perto do estabelecimento, bisbilhotei pelas janelas o movimento, e procurei Jas, não a vi, então entrei para ver melhor.
  Não estava movimentado, a maioria das mesas estavam vazias, do jeito que eu gosto. Rolei meus olhos ao redor e, meus olhos não acreditaram no que viram, ou não queriam acreditar. Zacky estava sentado com Jas. Como ela teve coragem? Quem era essa Jasmim? Eles riam como se fossem o casal mais feliz e perfeito do mundo. E, por impulso saí. O vento gelado bateu em meu rosto e eu queria que estivesse gelado o suficiente para congelar minhas lágrimas nos meus olhos, mas elas desceram. Eu estava me sentindo sufocada, outra vez. Queria xingar Jas, eu estava com raiva. Eu poderia parar de amá-la agora mesmo se eu mandasse em meus sentimentos.
  Eu estava sentada sobre meus calcanhares, chorando, ao lado de fora, ao lado de fora do mundo de Jas, isso nunca me aconteceu. Há muito tempo Jasmim era minha luz no fim do túnel, há muito tempo era ela quem esvazia minha canoa com um balde quando tudo ameaçava afundar, e agora eu não a tenho mais para isso, e eu desaprendi a fazer essas coisas sozinha.