Capítulo 9 - Reencontro

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Dias eternos que se arrastaram lentamente sobre os ponteiros do relógio, esse é o sentimento durante as duas semanas que permaneci trancado no quarto branco com os ensinamentos de John e Laura.

Fui submetido a fortes emoções e lições árduas para qualquer homem de posicionamento machista. Permiti curar o ódio, a raiva, o rancor e o medo que carregava na alma. Pude colocar os pensamentos em ordem, analisar as situações contraditórias e traçar um plano de mudanças para o futuro.

Com a ajuda de Laura, consegui aceitar o que o destino me reservou, admitindo o quanto fora tolo no passado por não aceitar a felicidade com Alicia desde o princípio com o receio em sofrer com a dor de um novo amor.

Enquanto aprendia, apreciei a distante companhia da minha, doce Alicia, que tomara conta de nossa enfermidade com a maestria de uma experiente cuidadora, revezando as visitas de Benjamim com o senhor Cake e, tomando frente aos cuidados comigo nos intervalos em que não estava com o noivo.

Bia auxiliava na educação de Aleksander, e de uma forma estranha, tudo se encaixava, enquanto eu tentava manter o domínio do meu ciúme egoísta por Alicia estar metade do tempo com Benjamim.

Senhor Collins nos visitou por algumas vezes trazendo consigo flores brancas em sinal de respeito, insistindo vez ou outra a pagar todas as despesas hospitalares, além de incansavelmente, agradecer com carinho a Alicia, por toda a dedicação com nossa lenta recuperação.

— Não posso acreditar que não queira se aquecer ao sol, ler um bom livro ou simplesmente conversar. — Laura, diz com as mãos sobrepostas na cintura chamando minha atenção.

— Estou preso a esse hospital como ferro ao imã. — explico com um sorriso tímido nos lábios.

Laura se aproxima, coloca uma bandeja repleta de guloseimas para o café da manhã sobre a mesa e abastece uma xícara de café e leite quente.

— Vê o mesmo que eu? — diz assustada como quem acaba de ver um fantasma. — Senhor Cake, visitando Apollo Volkmer... — diz ironizando. — Eu não posso acreditar!

— Apollo, não imagina o quanto é difícil driblar os sentimentos ruins que vem à tona ao olhá-lo de perto. — Se senta na cadeira de visitantes e estreita um olhar raivoso que me faz arrepiar mesmo à distância. — É imensamente doloroso admitir que você é a última esperança para meu querido Benjamim. — Soca o criado mudo ao lado da cama. — O obscuro terá que aparecer, e mesmo sentindo ódio de você, não posso recusar a verdade, muito menos a sua ajuda.

Senhor Cake se vira rapidamente em direção ao estrondoso barulho no momento em que a porta é empurrada aos trancos e alguém cai ao chão.

Não consigo conter a gargalhada ao constatar a mania que Alicia tem em abrir a porta com o pé, como no dia em que aconteceu no escritório com a bandeja de café.

— Senhor Cake, o que faz aqui? — Questiona intrigada. — Digo, não que não possa visitar o Apollo, mas é inevitável não estranhar levando em consideração sua antipatia por ele. — Alicia, admite com sinceridade e por sua feição, sei que se arrependeu de ter dito as últimas palavras. — Me desculpe, vou ficar com o Benjamim. Fique o quanto quiser!

— Volte, Alicia! — Senhor Cake ordena. — Eu já estava de saída!

— Certeza?! — pergunta vergonhosamente e o velho sai como um foguete deixando-a sem resposta.

— Algo não se encaixa, Apollo!

— E o que seria?

— Nunca se perguntou o motivo pelo qual o senhor Cake te odeia tanto? — Penso por um breve momento e fico intrigado com a dedução de Laura. — E porque seria a última esperança para Benjamim?

Amor Irreal: O RenascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora