Capítulo 8 - Aprendendo a ser paciente

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Vamos tomar um café no restaurante da esquina, Ana. — digo me levantando e apanhando a bolsa pendurada na cadeira. — Preciso refrescar as ideias. São muitos acontecimentos tristes e necessito de ar fresco para respirar. — Declaro com pesar, mas feliz por estar compartilhando essa linda história de amor.

Ana e eu, andamos descontraidamente pelas calçadas de São Paulo, apreciando a calorosa tarde de outono e a beleza da cidade com o sol brilhando forte no alto do céu entre os arranha-céus.

— Diga-me, senhorita Miller, quanto tempo se passou depois do acidente com Apollo e Benjamim?

— Alguns bons anos! Mas tudo está em seu devido lugar, como era para ter sido desde o princípio.

— Estou curiosíssima para saber com quem ficou. — Ana, menciona como uma menina travessa.

— Há muito o que contar. — Revelo, rindo de sua latente curiosidade.

O belo senhor concede passagem cordialmente, abrindo a porta do restaurante para que pudéssemos entrar e nos acomodar em uma das confortáveis poltronas do estabelecimento.

— Vamos continuar, senhorita Miller? — Ana, sugere pegando uma caneta e o seu bloquinho de anotações guardado dentro da bolsa.

— Garçom, traga por favor dois cafés expressos e duas fatias daquele delicioso bolo de laranja que fazem por aqui. Temos muito o que conversar nessa agradável tarde.

********

Senhorita Miller, queira me acompanhar, por favor! — A delicada enfermeira solicita.

— Aconteceu algo com Rachel? — Alicia, pergunta preocupada.

— O doutor Marshell, gostaria de dar uma palavrinha com a senhorita.

Laura aperta minha mão como um gesto de força, e eu revelo: — Gostaria de estar ao lado de Alicia. Não é justo darem duas notícias tão trágicas na mesma noite.

— Tenha fé, Apollo! Logo estará com ela e definitivamente poderão se acertar para um futuro próspero.

Por não conseguir acreditar no que acabara de dizer, resolvo continuar com o olhar fixo nas imagens, aguardando o encontro de Alicia com o médico e esforçando-me para não cair em desespero por não poder ampará-la com a perda de Rachel e o coma de Benjamim, seu noivo.

— Margareth, por favor, traga o bebê para que possamos apresentar para a Bela Adormecida.

— Senhorita Miller — a mulher se aproxima, chamando-a e Alicia se vira para ouvir o que tem a dizer — antes de entrar em trabalho de parto, a mãe deixou essa carta e disse que eu deveria entregar-lhe — a enfermeira balança o envelope amassado no ar e entrega para Alicia, por final. — Dizia precisar de ajuda para educar o pequeno Aleksander.

— Obrigada, Margareth! — Alicia agradece guardando o envelope dentro da bolsa.

Laura afana meus cabelos e sou eu quem aperta sua mão agora, ao observar nervosamente o amplo consultório de paredes brancas com quadros explicativos sobre algumas doenças da década.

Intermináveis pilhas de papel escondem o rosto do médico quase por completo, mas Alicia parece sentir seu olhar sobre ela, medindo-a dos pés até a cabeça.

— Não costumamos atender desacordados por dois anos consecutivos. — O médico diz debochando de Alicia, embora ela demonstre não entender o real motivo do deboche. — Lembrei do ocorrido, assim que coloquei os olhos em você, numa certa noite em que chegou desmaiada ao hospital acompanhada do namorado que gritava feito um maluco por socorro.

Amor Irreal: O RenascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora