Papai Noel, Velho Batuta

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Sinopse: Nicolau, homem bondoso, tornado santo após domar uma tempestade, converte-se em Papai Noel, o velhinho bonachão que leva presentes às crianças do mundo todo. Mas, com o tempo, ele é esquecido, mesmo pelas crianças...

Conto criado para o PRIMEIRO CONCURSO DO GRUPO VERSOS DESCOBERTOS (conquista do Segundo Lugar).

Capa: Grasiela Lima (@grasi100)

  Capa: Grasiela Lima (@grasi100)

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INTRO

Natal. O significado místico da data parece ter se perdido há muito tempo. As famílias se reúnem, sim. Mas não tanto para comemorar o Nascimento do Homem. Nem tampouco para curar suas mágoas e amar desbragadamente o próximo.

Papai Noel, símbolo do consumismo exacerbado que parece ter se tornado a tônica do feriado, não merecia esse fim...

Mas, e se ele resolvesse, após tantos anos de desmoralização, voltar e se mostrar ao mundo? Acompanhe...


Papai Noel, Velho Batuta (Ou: Papai Insanoel)

Eram outros e longínquos tempos. Onde as lendas eram reais, e a intuição comandava os impulsos. Havia um santo, São Nicolau, que ajudava as pessoas mais necessitadas, em priscas eras. Nicolau, em vida, era homem de muitos bens, mas para ele, dividir o que tinha era o que dava sentido à existência. O Espírito da Bondade e da Oferta o dominava, e levava esse dom às pessoas que ajudava. Quando da morte de seus pais, sem chão, colocou os pés na estrada, rumo à Terra Santa. Foi acometido por uma violentíssima tempestade no caminho, que o teria matado. Porém, Nicolau deitou-se, pôs-se a rezar, e a tempestade amainou de imediato. De homem bondoso, tornou-se santo, idolatrado e respeitado.

Foram séculos de ajuda anônima, invisível, até que, em meados dos anos de 1800, passou a se materializar diante das crianças, sempre na noite do dia 24 de dezembro.

São Nicolau, ou Papai Noel, corporificava-se através das crenças de milhões de crianças mundo afora. O velhinho de sorriso bondoso, vestes vermelhas e brancas, o gorro clássico, descendo pelas chaminés, encantava e fazia brilhar os olhos dos pequenos, donos exclusivos do privilégio de ver o santo milenar, e de ouvir seu riso ribombante e macio.

Ano após ano, por décadas e décadas, o ritual manteve-se inalterado, para alegria das tantas crianças mundo afora, que mantinham, de tal forma, esperança em dias mais belos, em meio às brumas da realidade pragmática.

Num desses mistérios da magia da noite natalina, o tempo parava, os adultos dormiam e as crianças acordavam com o som dos sinos e o riso forte do velho. Uma rápida olhada pela janela, e lá estavam elas, as renas, sobrevoando a cidade, trazendo os presentes, riscando o céu como um meteoro recheado de amor, do belo, do sublime. Dentro do saco, amor, bondade, sabedoria.

Binho Horror Story - Contos de Fabiano JucáOnde histórias criam vida. Descubra agora