T R Ê S

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Ω

          Sempre chega um momento na vida em que temos que aceitar coisas com a quais não concordamos, não achamos justo, não gostamos, mas não podemos mudar. Seja a matemática na escola, seja os legumes no jantar... Seja um participante eliminado no reality show favorito.

Sempre haverá alguma coisa da qual discordaremos. E que nos fará sentir impotentes.

E isso vai causar raiva. Ah, vai!

É assim que eu me sinto; com raiva. Há um buraco no peito. Destroços de sonhos podados jogados aos meus pés. Poros por onde se ploriferam lágrimas.

Mas, mais do que isso, há raiva. Com raiva de não poder fazer algo que quer. Forçado a se conformar. Resignar-se. Se humilhar diante das circunstâncias. Ser obrigado a continuar...

É assim que eu me sinto. Queria tê-lo aqui, comigo. Me sinto meio egoísta também.

Na verdade, quando isso acontece, quando ela (a morte) vem e surrupia alguém "nosso", não choramos por exatamente esse alguém ter ido, mas, sim, por NÓS não podermos mais vê-lo, tocá-lo e falar com ele.

A gente chora por que NÓS vamos sentir saudades. Por que NÓS "não conseguiremos viver sem ela".

Muito egoísmo.

E agora chegou o meu momento de aceitar algo que não posso mudar. De me resignar. E me humilhar diante das circunstâncias. Minha vez de sentir raiva e impotência. E ser egoísta.

Acho que, depois de tudo o que aconteceu naquele dia aparemente normal, estou me tornando como ele; deixando de acreditar nas coisas. Na vida. Acho que minha estrela cadente está danificada.

E não posso imaginar alguém que a conserte a não ser ele.

Prometo MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora