Ela
―☻―Eu ainda sou nova, é o que ele diz, é o que ele acha. Meu querido, já vivi o suficiente para saber que o mundo não é um lugar bom.
Baixei os braços e tirei os cílios postiços na vã tentativa de, na verdade, tirar as mentiras dos meus olhos. As mentiras que eu vi.
No bolso esquerdo do vestido branco que eu usava, tinha um lenço também branco, com ele comecei a tirar a maquiagem que impregnava meu rosto, na fracassada tentativa de me desfazer das máscaras sob as quais eu sempre vivi.
Eram muitas e diferentes entre si.
Existia um Eu Alegre, o mais falso e o que eu tentava usar por mais tempo. Tinha um Eu Sábio, mas esse era seminovo, quase não o havia usado. Tinha um Eu Triste, esse era o que as pessoas não queria ver para não terem que fazer nada. Não perguntar nada. Nem se importar com nada.
Quando terminei, restou apenas um Eu Vazio e Perdido e o garoto ainda estava lá em baixo gritando, mas sua voz apenas servia de pano de fundo para os meus pensamentos.
Queria mandá-lo embora, mas, de uma forma muito surpresa, eu estava gostando de sua presença ali. E de sua voz mansa e tediosa. Era bom receber atenção, mesmo que fosse nessas circunstâncias.
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Prometo Morrer
Short Story. Prometo Morrer Fúnebre · 01 ― Mórbido · 02 ― Póstumo · 03 Três contos sobre vida e morte e coisas entre elas. Sobre coisas pequenas e grandes ao mesmo tempo, como o amor ou a dor... ...