— Tsukiko... Tsukiko... — A garota ouvia uma voz chamando-a de algum lugar distante.
— Hã? — falou, sem se dar o trabalho de tirar os olhos do celular.
— Tsukiko! — A voz gritou em seus ouvidos logo em seguida. Um segundo depois, uma mão agarrou seu celular e o tirou de seus dedos.
— Ei... — Tsukiko piscou e virou a cabeça. Quando viu Yui segurando o aparelho, ela estendeu o braço sem levantar da cadeira. — Devolve.
Sua amiga levantou o braço, tirando o celular do alcance de sua dona.
— Agora vai finalmente prestar atenção, hum? Estou te chamando há séculos.
Tsukiko pressionou os lábios e suspirou.
— Foi mal — disse, abaixando a mão. — Estou esperando uma mensagem e...
— Daquele garoto? — Yui devolveu o celular. — Taichi-kun?
— O nome dele é Taiyou-kun, e não. Estou esperando uma mensagem da tia dele — disse ela, com os olhos novamente grudados na tela. Rin-nee já devia ter enviado agora, pensou Tsukiko. Ela conferiu se tinha sinal, estalando a língua quando viu todas as barras. Por que está demorando tanto? Aconteceu alguma coisa? Fazem dias desde que falei com ele...
Taiyou-kun voltou para sua cidade natal para passar o final das férias com os avós. Não passara-se nem uma semana desde que ele fora, mas depois de passar quase todo o recesso com ele, era estranho não ter o garoto ao seu lado. Nem ler mangá é tão divertido sem ter ele lendo outra coisa no mesmo quarto.
E eu queria vê-lo no uniforme do colégio dele. Ela queria ver desde o momento em que Taiyou-kun contou que iria para a Academia Particular Teikou. Queria ver só porque sabia que o uniforme do Teikou era um gakuran.
Não combina nada com ele... Aposto que vai ficar uma gracinha usando, bem fora de lugar e envergonhado, pensou ela, um sorriso malicioso nos lábios. É uma pena que ele se recusou a vestir pra mim. Ele percebeu que eu queria tirar sarro dele?
Com um sorriso nos lábios e a imagem do rapaz usando o uniforme preto em seu coração, Tsukiko bateu na porta dele àquela manhã. Você não vai pra a escola sem que eu veja antes, pensou, controlando a risada.
Rin-nee abriu a porta.
— Bom dia, Tsukiko-chan. Pode entrar — disse a mulher, com um bocejo, voltando para dentro. — Se estiver aqui para ver o Taiyou, sinto informar que ele não voltou ainda.
— Quê? — Tsukiko sentiu toda a animação deixar seu corpo, junto com o sorriso. Ela seguiu a mulher e sentou no banquinho. — Ele não deveria ter voltado ontem de noite?
Rin-nee tinha um sorriso desconfortável nos lábios enquanto preparava uma xícara de café para si.
— Sim... Ele e meu pai foram pescar ontem e aparentemente perderam a noção do tempo. O pai ligou ontem à noite dizendo que Taiyou estava cansado e que o mandaria de volta de manhã. — A médica riu quando viu a expressão chocada da garota. — Minha irmã fez a mesma cara antes de dar um sermão no pai. Vou te dizer, nunca irrite a nee-san — falou, sentindo calafrios pelo corpo. — De toda forma, ela foi buscá-lo na estação. Vou encontrá-los na escola.
Tsukiko olhou para o chão.
— Ah, qual é. Não fique tão deprimida — disse Rin-nee. — Só foram cinco dias desde que vocês se viram. Não pode estar sentindo tanta falta dele assim.
A garota suspirou e mostrou um pequeno sorriso.
— Não é isso. É só que eu queria... — A voz de Tsukiko foi sumindo e seu rosto ficando vermelho.
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Tsukiko-chan e Taiyou-kun
RomanceUm dia, depois de se encontrar sozinha, Tsukiko viu seu novo vizinho agindo de forma estranha no parque. E esse foi o começo da amizade entre a menina animada e o menino tímido.