As gotas pesadas caiam na cabeça e escorriam pelo rosto dele. Mas o garoto não as limpou. Ele nem se importava. Ele se importava apena com a garota correndo para longe dele. Não deixe ela ir, não deixe ela ir, disse Taiyou para si mesmo.
Ele fechou ambos os punhos com tanta força que os nós dos dedos perderam a cor. Vá atrás dela... chame ela... Vá atrás dela! O garoto abriu a boca, mas nenhum som saiu. Ele nem se mexeu. Tudo que fez foi continuar onde estava, assistindo as costas da garota que gostava se afastarem cada vez mais em completo silêncio.
Sou um idiota, ele se xingou. Embora soubesse que cometera um erro, Taiyou não mexeu as pernas para ir atrás de Tsukiko. Por que ela tinha de dizer aquilo... dos veteranos... e... dele... A chuva caiu sobre seu rosto sem parar, mas, apesar da água gelada, o garoto sentia as lágrimas quentes descerem pelas bochechas. Por que... por que...
O silêncio pesado e duro preenchia o vestiário. Havia mais de trinta pessoas no time de futebol de Teikou, mas ninguém falava nada. Ninguém ousava quebrar o silêncio e fazer a realidade cair sobre suas cabeças
Essa não era a única razão. Ainda que não houvesse forma de mudar a realidade da eliminação deles, Taiyou sabia que todos sentiam o mesmo. Ninguém lá tinha ideia do que dizer. Até mesmo o treinador e supervisor deles sentia o mesmo. Ele tinha uma expressão resignada em seu rosto enquanto encarava o nada, sem sequer suspirar.
Taiyou se sentia da mesma forma. Com a mente vazia, tudo que o garoto fez foi olhar para o chão, seu peito subir e descer enquanto a sensação de vazio e dormência o dominavam. O menino não sabia quanto tempo passou. Poderiam ter sido dez minutos, uma hora, ele não sabia ou se importava. Porque, no momento em que alguém falasse ou saísse do vestiário, o time que se esforçou tanto junto por tanto tempo nunca jogaria junto novamente.
Como se quebrasse o transe coletivo, o treinador respirou fundo, alto o bastante para ecoar no vestiário. Ele continuou de cabeça baixa enquanto todos os olhos viraram na sua direção. Ele inclinou para frente, mas antes que pudesse levantar ou dizer qualquer coisa, o capitão olhou para ele. Os dois trocaram um olhar longo e cheio de significados. Então o professor assentiu e sentou de volta na cadeira.
O capitão olhou em volta, encontrando os olhares daqueles que não desviavam, antes de respirar fundo.
— Perdemos — ele disse quase em um único fôlego, como se precisasse tirar de dentro de si.
Taiyou piscou e quase chorou enquanto a dura realidade daquela palavra o atingia. Mas ele não desviou o olhar. O capitão não chorou, embora todos pudessem dizer que ele segurava as lágrimas.
— Perdemos — disse novamente —, mas não devemos baixar nossas cabeças. Nem por um segundo. Eles foram, não, eles são melhores que nós e podem ir pro nacional de novo. Sabíamos disso desde o começo, mas lutamos até o final com tudo que tínhamos.
Taiyou continuou quieto como todos os outros. Pois sabia o que o capitão diria a seguir. Por favor, não... O garoto não conseguiu segurar as lágrimas dessa vez
— Embora tenhamos perdido... devemos ter orgulho de nós mesmos... — O capitão não conseguia mais conter a lágrimas, mas ele jamais fechou os olhos. Até o treinador abaixou a cabeça e escondeu o rosto com a mão. — Nunca se esqueçam disso!
— Capitão... — As vozes dos jogadores ecoavam no vestiário.
Os outros terceiro-anistas olharam entre si, limparam suas lágrimas e caminharam até o capitão. Eles ficaram lado a lado com suas mãos atrás das costas.
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Tsukiko-chan e Taiyou-kun
RomanceUm dia, depois de se encontrar sozinha, Tsukiko viu seu novo vizinho agindo de forma estranha no parque. E esse foi o começo da amizade entre a menina animada e o menino tímido.