Taiyou olhou para o portão, prendendo a respiração sem perceber. Quando confirmou que sua mãe ainda estava lá, ele soltou um suspiro aliviado.
— Vai ser uma vergonha — disse o garoto ao seu lado. Apesar de se esforçar para evitar olhar na direção do portão, Kazama-kun arrumou o cabelo com uma mão.
— Né? — Mitobe-kun esfregou uma mão no rosto. — Não posso acreditar que a escola faz isto. Quantos anos eles acham que temos?
— Pois é... — Taiyou concordou com seus amigos, olhando de relance para sua mãe de novo. Ela conversava com os outros pais, contudo, quando notou que o filho a observava, acenou com a mão e um sorriso.
— Olhe elas conversando — falou seu amigo antes que Taiyou dissesse qualquer coisa. Ele também olhava para os pais, balançando a cabeça. — Minha mãe falou o caminho todo de que queria ver como eu era na sala de aula.
— A sua também? A minha disse que seria uma benção se eu não me comportasse que nem em casa — disse Mitobe-kun, e os três riram. — Ela até penteou meu cabelo assim. — Apontou para a cabeça, as mãos ansiando para deixar o cabelo do como sempre. — Ao menos Teikou não tem gravata, senão ela me faria colocar e abotoar tudo.
Taiyou sorriu com a conversa dos amigos e para contribuir, comentou o que sua mãe disse, tirando algumas risadas deles, mas congelou ao ouvir um toque de celular. Parou de sorrir por um momento enquanto virava a cabeça e via sua mãe fazendo uma mesura para os demais pais.
Ela caminhou até estar longe o suficiente para não a escutarem e levou o telefone ao ouvido. Taiyou ficou sem respirar enquanto a via levar a mão livre até a testa, negar com a cabeça e falar com pressa. A mãe assentiu, guardou o celular e suspirou. Ela ficou vários segundos de olhos fechados, pressionando a têmpora, antes de caminhar até os outros pais. Então disse algo e fez outra mesura.
Mitobe-kun e Kazama-kun ainda reclamavam sobre o Dia de Visita dos Pais, mas suas vozes pareciam distantes para Taiyou. Ele finalmente lembrou-se de respirar, embora de maneira lenta e irregular, quando sua mãe caminhou com pressa até ele. Só de ver o rosto dela, ele já sabia; algo do trabalho surgiu e ela precisaria ir. Mesmo com as pernas tensas, ele forçou-as a se mexerem e encontrou com a mãe no meio do caminho.
— Desculpe — disse ela, unindo as mãos e abaixando a cabeça. — Um cliente importante perdeu metade das flores para um casamento porque alguém ligou o ar condicionado do armazém e as flores morreram. Eles nos imploraram para trazer mais e preciso ir pro trabalho.
O garoto conteve as emoções em seu rosto enquanto olhava para a mãe. Você prometeu... você prometeu, era o que Taiyou queria dizer, gritar, mas guardou as palavras em seu coração enquanto abaixava os olhos. Ele respirou fundo e quando levantou a cabeça de novo, havia um sorriso forçado nos lábios.
— Tudo bem, mãe — disse, forçando as palavras a saírem enquanto segurava as lágrimas. — Seu trabalho é importante, eu entendo.
A mãe pressionou os lábios e depois sorriu.
— Obrigada por ser tão compreensivo, Taiyou. Eu prometo que compensarei você — disse ela no mesmo momento em que o celular tocou. Ela beijou Taiyou na bochecha antes de olhar para a tela e se afastar. — Eu tenho os papéis, mas estão em casa... Tudo bem, eu vou pegar antes de ir para o escritório... certo...
Taiyou assistiu enquanto ela acenava adeus para ele antes de sumir portão afora.
— Sua mãe não vai ficar? — Seus amigos vieram para perto dele.
— Que sorte — disse Mitobe-kun, colocando as duas mãos na nuca. — Não vai precisar levantar a mão quando os professores perguntarem qualquer coisa só porque sua mãe tá vendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tsukiko-chan e Taiyou-kun
RomanceUm dia, depois de se encontrar sozinha, Tsukiko viu seu novo vizinho agindo de forma estranha no parque. E esse foi o começo da amizade entre a menina animada e o menino tímido.