Epílogo

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Tsukiko não conseguia ficar parada. De sua cadeira, a garota estendia o pescoço o máximo que podia sem levantar do lugar, olhava na direção dos alunos do primeiro ano e mordia os lábios antes de afundar em seu assento. Apenas para fazer a mesma coisa alguns segundos depois. Não acho ele... cadê o Taiyou-kun?

— Poderia ficar quieta por ao menos um segundo? As pessoas não param de olhar pra você. — sussurrou Hana, olhando o arredor antes de puxar Tsukiko para o assento. Alguns estudantes de outras salas olhavam e riam delas. — Você pode ver o seu maldito namorado depois.

— Mas quero vê-lo agora. Só uma espiadinha dele com o nosso uniforme — murmurou Tsukiko, ficando na beirada da cadeira de novo, quase se levantando.

— Porque está tão ansiosa para vê-lo, Tsukiko-chan? — Hikari cobriu a boca e disse em voz baixa. — Vocês não vieram juntos?

— Não. — Tsukiko fez uma careta quando Hana puxou suas roupas de novo. A garota suspirou e encarou suas amigas. — Ele fugiu de mim hoje de manhã por algum motivo desconhecido.

Por algum motivo desconhecido? — Hana repetiu, tentando mostrar toda sua descrença com as palavras de Tsukiko. — Não seria porque, sei lá, você ficou provocando o coitado sobre querer ver ele de uniforme desde que ele passou no exame da nossa escola? Até a gente cansou disso. — Apesar de manter a voz baixa, a garota conseguiu passar todo seu sarcasmo e raiva.

— Eu nunca faria isso com meu namorado — disse Tsukiko numa voz sem culpa. Entretanto, a garota fez questão de não olhar nos olhos das amigas.

— Tá bom. Conhecendo você, aposto que até disse algo do tipo "quero encher um álbum só com fotos suas de uniforme".

O rosto de Tsukiko ficou pálido enquanto encarava sua amiga.

— E-Ele contou?

— Pera, você disse isso mesmo? — Hana parecia genuinamente surpresa. Então balançou sua cabeça. — Eu só tava brincando, poxa.

— I-Isso, e-eu também... — gaguejou a garota e desviou o olhar.

Hana suspirou, Hikari riu e Tsukiko corou.

— Olha, Tsukiko. Pode fazer seu namorado passar toda a vergonha que quiser. Sendo honesta, admito que é legal ver ele vermelhinho. Mas, pelo amor, faça isso depois, já que está dando vergonha alheia na gente.

Tsukiko abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a música de fundo do ginásio parou. Todas as conversas terminaram e os estudantes e pais ficaram quietos enquanto o diretor caminhava até o centro do palco sob o som de aplausos.

Vai logo, poxa. Não temos o dia todo, pensou Tsukiko enquanto o representante do primeiro ano fazia seu discurso. Ela já conferira o celular duas vezes no mesmo minuto. Isso tá funcionando? Suspirou e tentou escutar o discurso.

Foi esse aí que tirou a melhor nota? Espero que não fique na mesma sala que o Taiyou-kun. Ele parece tão certinho que provavelmente vai reclamar quando eu for na sala conversar com o Taiyou-kun. Não quero que ninguém atrapalhe a gente este ano. Finalmente estudamos na mesma escola, pensou a garota, e não conseguiu conter um sorriso.

— Finalmente — disse Tsukiko quando a cerimônia terminou. — Achei que nunca ia acabar.

— Escutar isso da vice-presidente do conselho estudantil parece muito errado — riu Hikari.

— Minha participação no conselho estudantil não tem nada a ver com isso. Interminável é interminável. Aposto que até nossa princesa concordaria. — Tsukiko massageou o pescoço.

Tsukiko-chan e Taiyou-kunOnde histórias criam vida. Descubra agora