Alex

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 Desligo o celular e olho para Lucas quem encarando-me do outro lado da mesa.

- Por que você disse que estava trabalhando? Até onde sei, você não trabalha em um restaurante.

Reviro os olhos e ele sorri. Não queria ter que sair. A muito tempo não tinha um momento tranquilo com Lucas e havíamos acabado de chegar no restaurante.

- Não queria ter que sair - Faço beicinho e ele sorri.

Conheci Lucas na faculdade, estudávamos juntos e ao contrário de mim, que só queria saber de festas, ele vivia estudando e a todo momento estava com um livro nas mãos. Ele é um homem negro, com olhos claros e um porte físico maravilhoso, mas o que realmente me encantou nele, foi seu sotaque Jamaicano.

- Está tudo bem querida, vá ver sua irmã. Se algo acontecer com ela, você nunca conseguiria perdoar-se.

A parte boa de nosso relacionamento é que a parte sentimental é toda dele. Dou um beijo demorado em meu belo marido, vou até a casa da maluca e ele segue rumo a nossa casa. Embora não goste de admitir, fiquei preocupada com o que ela disse no telefonema, não pela possibilidade de ter alguma ligação com o que fizemos, mas porque pode ter alguém pregando alguma peça em Julia e isso não é coisa que se faça com alguém mentalmente perturbada.

Deixei meu carro estacionado em frente à sua casa. O céu estava escuro e a lâmpada que fica em frente à casa de Julia havia queimada. Andei com cuidado em direção a sua porta, o caminho iluminando apenas com a luz que passava pela janela de sua sala, não era suficiente para me dar confiança, ao andar naquele chão mal cuidado. Bati na porta e Julia abriu ela dois segundos depois.

- Entra e tranca a porta.

Fiz o que pediu, ela correu até a cozinha e a acompanhei em passos lentos.

- E então, onde está seu coração?

Ela me olha irritada. Preciso aprender a controlar minha língua. Aprendi a ser irônica quando entrei na delegacia, era o método mais simples para responder as provocações dos outros policiais. Julia abre caminho e consiga ver a caixa que ela estava tapando.

É uma caixa de papelão e dentro dela está outra caixa de vidro que se assemelha a um aquário. Retiro o quadrado de vidro e observo seu conteúdo. Meu estômago embrulha e agradeço a Lucas por cancelar o jantar. Um coração bovino dissecado, alguns anzóis o perfuravam e os fio que passavam por ele, se esticavam e prendiam na caixa, fazendo parecer que o coração estava em meio a uma "cama de gato".

- É humano?

- Não Julia.

- Tem um furo de bala.

Ela aponta para o lado oposto ao que estava olhando. Giro a caixa e olho no ponto em que ela mostrou. Realmente existe não só um buraco de bala, como ela ainda está aloja no coração.

- Você viu quem deixou isso?

- Não.

Olho em seus, ela está morrendo de medo.

- Isso pode não se ser nada. Deve ser alguém querendo brincar com você.

- Tem isso também.

Ela me entrega um cartão com a figura de vários corações coloridos.

- Estava com a caixa?

Ela faz um gesto positivo um pouco exagerado com a cabeça. Espero um momento antes de abrir. Sinto uma insegurança no peito, mas não posso demonstrar isso, não posso parecer fraca, principalmente na frente da maluca.

Um texto foi digitado no cartão, seu interior é branco e as letras em vermelho sangue, deixam o conteúdo com um ar sombrio.

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Desculpem não postar ontem, mas hoje tem mais capitulo novo.

P.S.: Conheço seu crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora