Capítulo 14

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Gwen entrou em pânico. Ele havia acabado de levar um tiro de raspão por ter ido atrás de uma pista, ela sabia que era seu trabalho, mas se sentia culpada pois ele disse que estava fazendo isso por ela.

Ela não conseguiria arrastar seu corpo até o carro; além de estar meio longe, a terra era horrível e ela cairia alguma vez.

Não conhecia essa cabana, não sabia se era realmente um lugar, com coisas e móveis, ou se era apenas uma construção sem sentido no meio do nada.

Tentou se acalmar e controlar a respiração, não seria capaz de fazer nada se continuasse nervosa. E isso era algo difícil de se fazer. Antes de Jeffrey desmaiar, ele disse que o lugar era uma armadilha, e isso só deixava tudo mais complicado, pois seja lá quem poderia voltar e acabar com os dois.

Olhar pra ele desmaiado, com a mão e a blusa com sangue a machucava. Era um aperto no coração e uma vontade de chorar incontrolável toda vez que se julgava ser incapaz de ajudar o homem que estava disposto a protegê-la a qualquer custo.

Gwen se afastou e resolveu procurar algo pela casa, algum pedaço de pano ou até mesmo alguns algodões; qualquer coisa serviria.

Ligou a lanterna do seu celular e começou a explorar o andar de baixo. O que aparentava ser a sala não tinha quase nada, apenas um sofá com uma grande prateleira que devia ter umas 5 gavetas em um canto afastado. Ela se dirigiu até o móvel abandonado, abriu a primeira gaveta e nada, assim foi com a segunda e com a terceira, mas ao abrir a quarta, se deparou com um papel, não sabia o que era, mas o guardou no bolso mesmo assim.

Esqueceu de abrir a última gaveta e se dirigiu até a cozinha, que tinha apenas um fogão antigo, com uma geladeira mais antiga ainda e armários estragados e caindo aos pedaços. Aquilo era assustador. Começou a abrir a porta dos armários, praguejando em voz baixa a cada vez que via apenas teias de aranha.

Assim que colocou a mão para abrir outra dessas portas, ouviu um barulho vindo do lado de fora, e ela sentiu todo o seu interior congelando.

Sem pensar muito, ela recuou silenciosamente até a escada, chacoalhando o detetive.

- Você precisa acordar - ela sussurrava enquanto tentava fazer isso.

Depois de algumas tentativas, percebeu que não conseguiria fazer com que ele acordasse, então passou a mão pelos seus bolsos a fim de encontrar uma arma, que estava, na verdade, na bainha da calça.

- Tudo bem, eu não sei atirar, mas nós não vamos morrer - ela dizia para ele, como se ele estivesse consciente.

A sombra estava cada vez mais próxima, e o barulho de passos ficavam cada vez mais altos, fazendo com que Gwen levasse sua mão de encontro com a do detetive, apertando-a forte como se fosse adiantar alguma coisa. Quando viu uma silhueta, soltou a mão dele e apontou a arma na direção da pessoa.

- Pra trás - Gwen disse segurando a arma com as duas mãos.

- O quê? Me escute, eu estou aqui para ajudar.

- E como eu vou ter certeza disso?

- O detetive me contou que estava vindo até aqui, e pediu para dar cobertura a ele.

- Eu não acredito nisso.

- Por que eu estaria mentindo?

- Eu não sei, você pode ser um deles. Apenas me dê sua arma.

- Eu não vou fazer isso - ele disse endireitando o corpo.

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