Naive • JDM

Capítulo 27

Jeffrey saiu de casa correndo, tinha pressa de chegar logo ao hospital para conversar com Gwen e esclarecer as coisas.

Os dois estavam aflitos, a garota não parava de pensar em como seria ver o detetive novamente, e em como seria tentar evitar como ele era tão alto e charmoso por fora, ao mesmo tempo que era um enigma por dentro, daqueles que você chega a ter medo de tentar decifrar. E pior ainda, não sabia como seria quando ela falhasse em tentar evitá-lo, era quase impossível.

Quanto ao detetive, só pensava em como ela iria reagir à notícia; provavelmente choraria e pediria para que ele fosse embora de sua vida e a deixasse em paz. Ou, na pior das hipóteses, gritaria com ele e tentaria agredi-lo. Mas ele tentava pensar que eles conseguiriam resolver isso no mesmo dia. Ela iria entendê-lo.

Jeffrey entrou às pressas no hospital, sem parar para pedir informação, foi direto ao quarto da irmã de Gwen. Assim que chegou, parou na porta e engoliu seco ao ver que a garota havia o olhado e desviado o olhar logo em seguida.

- Gwen...

- Estou ocupada.

- Por favor, me deixa apenas explicar. Eu sei que deveria ter te falado antes e eu sinto muito por isso, mas eu só quero uma chance.

Gwen notou que ele estava fazendo uma tempestade num copo d'água, e achou estranho tudo aquilo apenas por ela ter descoberto que ele já havia tido uma família. Não havia necessidade de pedir desculpas ou de pedir apenas uma chance. A não ser que ele estivesse escondendo algo a mais. Algo que ela não tinha conseguido descobrir.

- Como você soube... que eu sei da sua "família"?

- O envelope com as fotos estava exposto, e eu sempre o deixo escondido.

- Então diga o que tem para dizer. Estou ouvindo.

- Certo. Há alguns anos atrás conheci uma mulher, por quem me apaixonei e me casei...

Jeffrey dizia cada palavra com calma, para que ela entendesse que tudo era realmente passado. Mas era claro o ciúme que ela sentia, principalmente por ser tão nova em relação à ele.

- Depois que nos casamos tentamos aumentar a família, e depois de muitas tentativas minha esposa conseguiu engravidar. Quando o menino nasceu, não sabíamos como chamá-lo...

Os olhos de Gwen se arregalaram ansiando pela continuação, ao mesmo tempo em que seu coração disparava cada vez mais e ela sentia seu sangue esfriar.

- Decidimos chamá-lo de Olavo Daniel.

Neste momento, Gwen sentiu o mundo acabar. Acabar de verdade. Pensou no Olavo que conhecia. Aquele Olavo que Sebastian disse não se chamar Olavo. Aquele Olavo que a havia perseguido e depois a sequestrado. Aquele Olavo que havia deixado sua irmã em coma. Aquele que tinha agredido-a inúmeras vezes. Seu coração parecia estar prestes a explodir, e ela deu um passo falho para trás, e quase caiu no chão. Quando Jeffrey tentou segurá-la, ela o empurrou e o olhou com o olhar mais desapontado que ele iria receber.

- Você... Jeffrey... Por quê?

- Gwen, me deixa continuar.

- Eu não consigo, não consigo ouvir mais nada, eu não quero ouvir mais nada que você tem a dizer.

- Mas Gwen, eu não sabia. Por favor, me deixa continuar.

- Jeffrey, vou pedir pela última vez. Vá embora.

Ele a olhou nos olhos, e seu olhar se desculpava a todo momento, ele queria dar mais alguns passos para frente apenas para abraçá-la e continuar explicando, queria dizer que não era sua culpa, queria dizer que ele não sabia, queria confortá-la e se explicar de qualquer jeito, tudo ao mesmo tempo. Mas não era o que ela queria, e ele iria respeitar isso.