Último Capítulo

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- Acho que as surras que te dei não foram o suficiente.

- Ah foram suficientes sim. Eu só não encho a tua cara seu velho desgraçado, por que eu tenho ainda um pouco de dignidade que minha mãe me ensinou de nunca erguer a mão para pai e mãe.

- Chega vocês dois. – Gritou Lúcia. – Pelo amor de deus. – Ela chorava desesperadamente.

- Chega mesmo. – Gritou Reinaldo. – Esse vagabundo não é mais meu filho. Suma dessa casa, eu se fosse você se esconderia. Por que eu esqueci que sou teu pai a partir deste momento. Amanhã mesmo vou mandar alguém que esta muito bem preparado pra te denunciar. Gabriel, você está encrencado, corrupção, lavagem de dinheiro, assassinato? – Reinaldo ria descontroladamente. – Eu não queria estar na sua pele.

Escutei tudo isso, e algumas lágrimas caíram por meu rosto. “Que monstro desgraçado” – Falei.

- Você não vai fazer isso. – Gritou Lúcia.

- Vou sim, e não vai ser você que vai me impedir.

- Tudo bem mãe. – Falou Gabriel. – Eu até faço questão de não ter mais um pai sabe. Nunca tive mesmo. Aliás, papai, nos encontramos na cadeia então. – Falou Gabriel rindo, escutei barulho da maçaneta do meu quarto se abrindo. Ele entrou e fechou a porta. Me olhouseus olhos estavam vermelhos e marejados. Ele se aproximou e sentou na minha cama, eu me sentei a o abracei. Ele me abraçou fortemente, suas lágrimas molharam meu ombro.

- Bruno. Desculpa te fazer passar por isso. Eu não aguentava mais ficar calado.

- Tudo bem Gabriel. Você não tem o porquê me pedir desculpas. Eu no seu lugar acho que faria pior.

Ele me olhou, secou suas lágrimas. E falou:

- Arruma suas coisas, vamos sair daqui.

- Vamos.

Arrumei minhas coisas que estavam já meio organizadas. Passamos pelo corredor e ouvi mais discussão entre os pais dele. Gabriel não quis se importar com isso, mas sei que ele sofria por sua mãe. Saímos daquela mansão, o Gabriel pegou um dos carros que estavam na garagem.

- Única coisa que tenho aqui e que me pertence. – Ele falou segurando forte o volante com as duas mãos.

Ele saiu com o carro, guiando pelas ruas naquela noite estranha que estava. Parou em frente a um hotel. O carro foi guardado por um manobrista, peguei minhas bagagens e o Gabriel as dele. Ele pegou uma chave e me disse:

- Não se importa de dividir o quarto comigo não é?

- Claro que não. – Falei.

Subimos 4 andares em um elevador. Entramos no quarto que tinha duas camas de solteiro. O quarto era bem confortável, mas não era um hotel de alto luxo, como eu costumava ver o Gabriel. Deitamos cada um em uma cama. Peguei meu celular e tinha 34 ligações não atendidas e 10 mensagens do Arthur, todas dizendo “Me atende por favor”. Involuntariamente uma lágrima escorreu por meu rosto. Doía demais isso.

- O que foi Bruno. – Falou Gabriel se levantando. – É o seu namorado?

- É sim.

- Liga pra ele então. Não sei o que aconteceu, mas vocês devem conversar. – Falou se sentando na beirada da cama.

- Ele me traiu. Eu não vou ligar. – Falei desligando o celular e jogando-o embaixo do travesseiro.

Eu me virei para o lado. Deixei o Gabriel ali. Queria poder assassinar minha mente que não parava um minuto de pensar no Arthur.

- Ei. – Falou Gabriel me puxando. – Não fica assim não. Tudo vai se resolver, de tempo ao tempo.

- Que egoísta eu sou, você com milhões de problemas piores que o meu, e vindo me ajudar. Sendo que deveria ser ao contrário.

Duas Caras (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora