Desventuras em Série

38 1 0
                                    

A medida que o meu aniversário se aproximava, me sentia como se tivesse ficando muito doente. Até que um dia pela manhã antes das aulas da universidade começarem, acordei com um zumbido no ouvido muito alto. Chamei a minha mãe mas parecia que ela não estava me ouvindo. Quanto mais eu gritava menos eu me ouvia, fiquei em desespero e o zumbido só aumentava.

Apaguei.

Acho que horas depois quando realmente acordei percebi que estava no chão, muito suada e sem saber como tinha ido parar ali. Não lembrava o que tinha acontecido direito e minha cabeça doía muito. Depois que tomei um banho a tontura havia passado e todo aquele desconforto também, então desci pra comer alguma coisa. Ao chegar na cozinha vejo meus pais conversando e não quis atrapalhar, então fiquei em silêncio.

- Não vai falar o que houve pra acordar essa hora?-perguntou meu pai.
- Ainda não tenho aula, então..
- Seja grata por mais um dia filha, só isso.
- Claro que sou, eu só não acordei muito bem, vou subir.
- O que você está sentindo filha? - perguntou minha mãe
- Não sei. Tonturas, enjôos matinais e dor de cabeça, acho que se eu descansar mais algumas horas pode ser que passe.
- Tudo bem qualquer coisa estamos aqui.

Então eu subi, convencida de que mais algumas horas descansando poderiam me trazer melhoras.

Naquela época as pessoas da família se comunicavam poucas vezes, não era como os dias de hoje que só basta um nome e sobrenome que você tem todas as plataformas da vida de alguém.

Quando algo não ia bem, eu entrava no meu quarto e lia alguns livros que minha mãe comprava, a maioria de histórias antigas indígenas. Um tanto peculiar mas eu amava saber das lendas e mitos. Então me dei conta de que faltavam apenas dois dias para o meu vigésimo aniversário e eu já não me sentia bem fazia umas semanas e não tinha dito nada aos meus pais, pois pensei que fosse passar logo. A noite logo chegou, e por volta das 19 horas olhei pela janela e a lua estava linda em seu quase brilho total. As ruas estavam silenciosas e tranquilas, as casas estavam diminuindo a quantidade de luzes acesas e no fim da rua um ou dois cachorros latiam. Quando de repente comecei a me sentir tonta e me apoiei na janela. Estava sentindo dores absurdamente fortes em todo corpo esmagando e me deixando sem ar. Cai no chão na esperança de poder me concentrar na dor e fazê lá parar mas foram tentativas em vão. Meus pais ouviram o barulho e correram até mim e naquela hora tudo ao meu redor estava turvo, não conseguia me por de pé.

- Filha o que aconteceu? - perguntou minha mãe, aparentemente​ ela não fazia ideia do quê se tratava
- Eu.. Eu estou sentindo dores .. - falei sem mexer um músculo se quer
- Vivian coloca ela na cama, temos que fazer a dor parar. - fala meu pai com um tom de voz preocupante
- Querido não podemos fazer isso agora sem antes explicar nada a ela
- Do que estão falando? vão buscar um remédio de dor ou alguma coisa por favor..- falei quase gritando
- Filha, me escuta. Se concentre no som da minha voz. Respire e se concentre.
- Não consigo.. é.. É INSUPORTÁVEL. - gritei
- Tudo bem, temos que fazer isso. - fala meu pai e então ele segura meu braço com uma das mãos e fecha os olhos, e em questão de segundos a dor começa a diminuir. Quando tomei conhecimento da situação olhei pro braço do meu pai e suas veias estavam sugando algo de mim que até então não tinha visto antes, ou não lembrava.

- Como se sente agora? - perguntou minha mãe
- Aliviada..
- Ótimo. - fala meu pai
- Calma ai, o que o senhor fez tem explicação ou o que eu vi é o suficiente?
- Querido.. está na hora de contarmos a ela
- Contarem o que? O que tanto eu preciso saber? Já estou cansada de ignorar o fato de ser sempre excluídas dos assuntos que me desrespeitam mas com o que tenho sentido nas últimas semanas e o que vi hoje não dá mais pra só ser o "suficiente"
- Eu não posso contar tudo filha, são regras. Você precisa descobrir só. Assim como foi com sua mãe, comigo e o resto da família/alguns. - fala meu pai cabisbaixo
- Jeremih não podemos esconder de nossa filha, as regras já não estão sendo seguidas a muito tempo e você sabe disso! - falou minha mãe
- Vivian eu não posso quebrar as regras que eu sempre segui. Você sabe que não posso, o que posso fazer por nossa Lyall é dizer que quando ela se sentir perdida e assustada que procure voltar pra casa.

Eu não estava entendendo nada do que eles falavam. Faltavam pedaços nas histórias que me contavam mas eu nunca procurei perguntar, sempre foi o suficiente saber de metades.

Algumas Luas ( Primeira temporada ) Onde histórias criam vida. Descubra agora