Quase cinco semanas depois
Um pouco mais de um mês depois de tais acontecimentos, Vernon finalmente permitiu que todos o visitasse. Algumas cicatrizes marcavam seu rosto e braços, porém a felicidade de estar com ele de novo fez-me querer ignorar aquilo.
— Você está tão sério. — disse, após um longo momento de silêncio, aproximando-me dele.
— Só estou pensando em certas coisas...
— Como o quê?
— Nada demais. — sorriu bobo.
— Eu gosto quando sorri.
— Por quê?
— Porque eu me sinto importante. Você sempre sorri quando está comigo. Sou sortuda por te ter.
— Você é importante... Você, os meninos e...
— E?
— Nada, esqueça.
— Odeio quando faz isso! Dá vontade de te socar!
— Se me socar, não vou te contar!
— Tudo bem... Mas eu tenho uma coisa para contar!
Meu antes tão feliz sorriso transformou-se em feições angustiadas, tristes, ansiosas. Onde eu estava com a cabeça? Não podia contar isso para ele agora!
— O que é?
Fiquei tão nervosa ao ponto de não conseguir mais olhar em seus olhos.
— Olhe para mim... — pediu, sereno, levantando meu queixo.
— Não quero estragar tudo.
— Não vai. Conte-me o que está te deixando assim.
— Sua vida está tão estressante... Toda essa coisa de hospitais, notícias, os meninos tendo que dar entrevista, hiatus... Você têm mil coisas pra pensar. Não quero te dar mais uma.
— Eu não me importaria de ter mil e uma.
— Você está doente... Ainda tem sua carreira, suas músicas, os meninos e... Eu.
— Eu amo tudo isso, Luísa.
— Mas não vai me dizer o quão estressante isso é às vezes? Eu vejo isso no seu rosto... Você está... Infeliz.
— Eu ouvi o que você disse naquela noite, quando fui à sua casa te dar a notícia da turnê. Enquanto estávamos deitados, lembra?
— O-Ouviu?
— Cada palavra. Elas não saíram da minha mente desde então. Perdoe-me. Não queria machucar ninguém.
— Eu sei, meu amor, mas seja mais forte.
— Como quando nos conhecemos?
— Sim, como naquela época, "menininho forte". — chamei-o pelo apelido qua a mãe dele deu a ele.
— Não me chame assim!
— O horário de visita acabou. — disse Ana, uma enfermeira que se tornou nossa amiga e acompanha Vernon desde o Brasil. — Desculpem-me.
— Já? Eu queria ficar mais tempo com ele...
— Eu sempre deixo vocês ficarem dez minutos a mais do que é permitido. Sei como é ficar longe de quem ama.
— Por que não volta para o Brasil? Ana, você já está há quase dois meses aqui. Não sente falta dela e do seu filho?
— Daqui a alguns meses eles virão para Coreia. Se tudo der certo, vamos morar aqui, Vernon.
— Obrigado por... Por não me abandonar... E fazer de tudo para ficar aqui, cuidando de mim.
— Ah, não chore! — exclamou. — Luísa, seu namorado é sensível demais!
— Sei disso... Mesmo assim, eu amo esse chorão.
— Luísa!
— Desculpe-me, pessoa que chora à toa!
— O pior é que eu não consigo ficar com raiva! Você é tão... Bonitinha!
— Muito obrigada, senhor Chwe!
— Por nada, senhora Martins.
— Amanhã eu tenho que fazer umas compras e os meninos virão à tarde, no meu lugar, OK?
— E você? Não vai vir?
— Claro, meu amor. Passarei à noite com você.
— Tudo bem. Até amanhã.
— Até. — despedi-me — Fique bem.
— Eu vou. Sei que tenho vocês.
Ana me levou à saída para, felizmente, dar-me boas notícias.
— Vernon melhorou absurdamente nessas últimas semanas.
— Eu pude perceber isso. Antes, ele estava tão... Deprimido.
— Ele está fisicamente bem e suportará a cirurgia, Luísa.
— E ela já foi marcada?
— Sim, será daqui a uma semana.
— Já?
— Sim.
— Ele vai conseguir?
— É uma cirurgia muito complicada, além disso, o tumor já está em um estágio bem... Delicado.
— Isso é um não?
— É um talvez.
Involuntariamente, começo a chorar.
— Vocês precisam ser fortes por ele.
— Ana, eu não quero perdê-lo!
— Ele não irá embora. Mesmo que o pior aconteça, Vernon sempre estará vivo dentro de suas lembranças e pelo que vocês dois fizeram.
— É um menino.
— Sério?
— Sim. Vai ser nosso menininho forte.
— E ele já sabe?
— Não. Eu não tive coragem de contar.
— Por quê?
— Há tantas coisas acontecendo. Não quero que isso se torne uma preocupação para ele.
— O quê? Não, claro que não!
— Ah, Ana. Eu só quero evitar mais preocupações.
— Mas não demore muito para contar. Ele vai ficar feliz em saber disso. Acredite.
— Tem certeza?
— Absoluta! — exclamou, feliz. — Agora, vá para casa, descanse e coma bastante!
Descansar? Na verdade, esqueci como se faz isso...
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Carpe Diem [pt.1]
Fanfiction"[...] E foi olhando uma foto nossa que me lembrei de tudo o que vivemos juntos. As pessoas dizem que só temos um grande momento em toda nossa vida. Você me mostrou que elas estão erradas, afinal cada dia em que passamos juntos foram grandes mom...