Encrespando, o início

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Depois de 2 anos e 3 meses terminei meu namoro, sofri sim, chorei sim, como todo fim de relacionamento, o amor é algo que só se entende sentido.
Mas de alguma forma isso fez bem pra mim, foi como um estalo, um acordar pra realidade, foi ai que comecei a ver na Internet, em redes sociais, no YouTube, um movimento de meninas que decidiram voltar ao cabelo natural, me interessei rápido, iniciei pesquisas a fundo sobre o assunto, as palavras do momento eram, transição (processo de aceitação e cuidado com os cachos que começam a crescer, quando você deixa a raiz natural se desenvolver) e big shop (grande corte, tira toda a química do cabelo), daí decidi, parar de usar química (relaxamento) e resolvi assumir meu cabelo natural, assistia a diversos vídeos dessas mesmas meninas que me incentivaram, com elas aprendi a cuidar do meu cabelo e amar cada cachinho novo que nascia.
Aos poucos eu fui entendendo, aprendendo a me amar, me aceitar, é uma coisa linda o autoconhecimento, se desprender de padrões, parar de tentar se encaixar a um quebra cabeça do qual você não é peça.
Descobri nesse momento o empoderamento feminino, é como isso é importante para a saúde mental das mulheres, quando você se sente segura, dona de si, orgulhosa da pessoa que é, feliz com sua ancestralidade e raízes, a vida fica mais leve, mais alegre, e é tanto amor, mas tanto amor, que não cabe no peito, ele transborda, e você sente prazer em se afogar.
"A coisa mais incrível aconteceu, encontrei meu amor, no meu eu".
Com a transição dei ponta pé inicial a uma jornada de descobrimento, eu entrei de cabeça literalmente, minha jornada durou 1 ano, entrei na transição em meados de abril e maio de 2014 e fiz o big shop em abril de 2015. A quase 2 anos atrás eu disse sim pra mim, e não para opiniões alheias, dali em diante caminhei  sem culpa, e sem medo de não fazer parte de algo. Sinceramente, foi uma das melhores coisas que me aconteceu, não me arrependo, na verdade, me arrependo sim, de não ter feito isso antes. É uma escolha difícil com certeza, sair da sua zona de conforto, tentar algo novo, nem todo mundo curte mudança,  mas eu particularmente,  nunca tive problemas com isso, depois do big shop eu conheci e reconheci meu cabelo, confesso que tive medo de como ele seria, ou de não me dar bem com ele, mas não me impediu, me joguei mesmo e hoje somos melhores amigos.
Adoro meus cachos, meu crespo, meu power, meu volume, o pente garfo não sai mais da minha bolsa, hoje sinto muito gosto em me arrumar, arrumar meu cabelo, porque é pra mim e não para os outros.
É de verdade, eu tenho minha identidade, identidade Black e essa eu não perco mais por nada.

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