Cada cabelo é um cabelo, tantos tipos, com tantos formatos, impossível dizer qual o mais bonito, o que deva ser tido como padrão ou tipo único.
Como mencionei no capítulo anterior e reafirmo neste. A diversidade cultural e étnica em nosso país é gigantesca, logo não seria diferente com os cabelos. Cada hair é um hair, todos são belos a sua maneira, não há o tipo certo e nem errado, apenas a singularidade de cada um.
Assim que esse movimento do cabelo natural surgiu, não víamos muitos produtos destinados ao cabelo tipo crespo ou cacheado, apenas alguns poucos. Mas hoje depois de toda essa aceitação, várias e várias marcas de cosméticos capilares, enxergaram esse movimento, como um mercado extremamente lucrativo, e a partir daí vários são os tipos de cremes, máscaras, shampos, condicionadores e por aí vai, eu fiquei chocada quando vi máscara de nutrição a base de maionese, receita até então caseira, e eu particularmente ainda prefiro que seja assim, não tô dizendo que essa inovação não é boa, é sim, super válida, mas não vou me tornar escrava do consumo de produtos de tratamento que eu mesma posso fazer em casa. Nesse ponto há uma contradição pra mim, ao mesmo tempo que é bom, mais possibilidades, é ruim, porque você querendo ou não se torna refém disso, e eu não concordo, afinal deve haver um limite. Esses produtos podem estar ai pra facilitar a nossa vida, mas também estão ai, pra induzir ao consumo, o que já é enorme. Essas empresas estão lucrando e se aproveitando de um ato tão bonito, de amor próprio. Não nego que as vezes compro, hoje mesmo comprei uma máscara de cronograma capilar para reconstrução, usei e amei e recomendo, mas ainda prefiro eu mesma fazer minhas misturinhas, sempre deu certo, eu aprendi bastante,sobre como cuidar do meu cabelo e o que faz bem ou não pra saúde dele, acho esse contato importante, conhecer nossos cabelos.
Eu tô aberta sim pra coisas novas, mas não tô aberta a quase exploração, usar da minha aceitação capilar pra lucrar, o novo é legal com tanto que você tenha certo controle sobre ele.
Outro ponto importante é questão de muitos acharem que esse movimento é moda, não falo por todos, mas falo por mim, pra mim o meu cabelo não é tendência, não vai chegar, ficar um tempo e ir embora, o meu relacionamento é pra sempre.
Eu me sinto plena de verdade, só quem entende sabe, é muito especial, você resgata algo que foi tirado de você desde sempre, a autoestima, estar sempre sob um padrão que não tem que existir, então não venham difamar uma coisa tão importante que é a autoestima da mulher negra, que vocês com esse preconceito podre arrancaram de nós, não é moda, nunca foi, é resistência, é resistir a uma sociedade que te julga pela cor da sua pele e tipo de cabelo, é lutar por igualdade que nunca deveria ser tida como pauta de luta, devia ser algo naturalmente nosso, ninguém é melhor que ninguém, não faz sentido todo esse ódio distribuído de graça.
Cada vez mais e mais negros tem se assumido e isso é maravilhoso, então não diga moda, diga REVOLUÇÃO !
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Não é só cabelo !
Chick-LitPara meninas que como eu, após a transição capilar encontraram o grande amor da vida delas, nelas mesmas ♥