Wybie Wybie

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Minha capa de chuva amarela e minhas botinhas da mesma cor, passaram a ser marrom barro.
Me levanto e olho para a criatura, que mexia em um tipo de alavanca em sua mascara pintada de branco, como se fosse uma caveira. Quando me dou por conta, minha varinha de rabdomante estava nas mãos do garoto.
Ele levanta sua máscara e mostra seu rosto, não era um menino bonito, ele era estranho, mas, isso não vem ao caso.
- Uuuuuh, deixa eu adivinhar, você veio de um lugar bem seco e estéreo tipo Texas né? Já ouvi falar dessas varinhas pra achar água ou algo do gênero, mas isso aqui não faz sentido! - ele começa a olhar o galho por todos os lados, ele tem uma cara de quem iria me irritar profundamente- É só um galho comum!
- É uma varinha de rabdomante! - me aproximo perto do garoto estranho e dou um pisão em seus pés. Ele dá um pulo engraçado, mas me controlo para não rir. A varinha acaba voando, mas a pego rapidamente, e seguindo de uma respiração ofegante, continuo- E eu não gosto de ser seguida! Nem por nerds psicopatas e nem por seus gatos!
Aponto para o gato preto que Ainda estava parado no mesmo local de quando o vi antes do garoto estranho aparecer.
- Ele não é meu gato! - fala ele ainda massageando seus pés, devia estar doendo muito, mas, foi merecido- Ele é meio arisco, é selvagem sabia? - ele começa a passar a mão direita em sua cabeça, como se estivesse a coçando- É claro que eu dou comida para ele toda noite! Às vezes ele vem na minha janela para comer uns bichinhos na noite!
Dou uma fungada e deixo meus ombros leves.
- Olha, eu sou de Pontiac, - vejo o cérebro dele dando um nó pelos seus olhos- no Michigan!
- Ah tá! - ele fala conseguindo saber de onde vim.
- Se isso aqui não é mesmo uma rabdomante, então cadê o poço? - bato meus pés no chão com um pouco de raiva, afinal, queria saber sobre o tal poço.
- Se pisar mais forte, vai cair dentro dele! - o mesmo diz se aproximando de mim.
Dou um gritinho, daqueles que as donzelas em perigo são mesmo, e pulo para trás. Vejo no chão um círculo com brotinhos de flores, ali deveria ser a tampa que protegia para não cair lá dentro quem por ali passava.
O menino começa a passar a mão no meio dos brotos, até ficar visível a tampa de madeira. Ele bate nela com a mão fechada, e se ouve um "toc, toc" que ecoa como se fosse algo bem fundo mesmo.
- Tá vendo? - o menino olha para meu rosto, e baixa a cabeça para o povo novamente- Dizem que ele é tão fundo, que se olhar lá de baixo, da para ver as estrelas em plena luz do dia!
Olho para ele e dou um sorriso de canto.
- Tá! - me ajoelho ao chão para passar minha mão sobre a tampa de madeira.
O garoto sai de perto da tampa e começa a coçar a cabeça novamente.
- Estranho ela ter deixado você vir pra cá, sabe? Minha vó, ela é dona do palácio cor de rosa! - ele cruza os braços e me olha rapidamente- Nunca aluga pra quem tem crianças!
Naquele momento, comecei a pensar nas razões do porque ela não querer alugar para quem tinha crianças.
- Como assim?
- Uuuuh, eu não devia estar falando isso... Eu sou Wybie! - ele estende sua mão direita, que estava com uma luva marrom enorme, combinando com a roupa de serial killer dele- Wybie Lovat!
Segura nas mãos dele para comprimento-lo e ele sacode meu braço de maneira desengonçada.
- Wybie? - me pergunto, quem em sã consciência teria um nome desses.
- Diminutivo de Wyborn! -finalmente ele solta minhas mãos e baixa sua cabeça, olhando para o chão- Não fui eu que inventei, é claro! E qual é o seu carma?
- Meu nome não é nenhum carma! - pronto, já não bastava ter um nome estranho, diz que meu nome é um carma- É Coraline!
- Hum, Caroline de que? - ele pergunta olhando para o gato, que agora estava passando do seu lado.
- É Coraline! - bato meu pé no chão novamente, odeio que errem meu nome- Coraline Jones!
- Hum, não está provado, - ele vai atras do gato estranho, e começa a fazer carinho no mesmo- mas pessoas que têm um nome comum como Caroline, induzem os outros a não terem maiores expectativas sobre o mesmo!
- Grrrr! - sim, eu rosnei como um animal selvagem, afinal, como já disse, odeio que falem meu nome errado.
Logo depois, ouço literalmente um berro vindo de longe, ele parecia estar saindo de alguém que estava com as cordas vocais já desgastadas, que falava da da seguinte forma: "Wybooooooorn".
Até o gato esbugalha seus olhos azuis.
- Acho que alguém está chamando você Wyborn! - toco no assunto.
- Han, o que? - ele se levanta rapidamente, deixando o gato que estava encostado já nele, cair ao chão.
Ele chega perto do barranco e olha para a imensidão que ali havia.
- Eu não ouvi nada!
-Ah, eu tenho certeza de que eu ouvi Wybie bobão born!
Ele se concentra no silêncio, e ouve de longe um sininho sendo sacudido, e mais um berro.
- Wyboooooorn!
- Vovó! - os olhos dele ficam enormes, dava pra ver o desespero em seu rosto, o porque, aí eu já não sei, sei que ele começou a sorrir levemente, fazendo uns sons estranhos- Bom, foi legal conhecer um rabdomante de Michigan!
- Rum! - Pego a rabdomante enquanto ele levanta sua estranha bicicleta.
- Mas, eu usaria luvas se fosse você! - ele se senta na bicicleta motorizada.
- Porque? - pergunto a ele, fico pensando nas possíveis respostas dele, e me pergunto o porque dele achar melhor eu ter que usar luvas, mas nada vem a minha cabeça.
- Porque essa sua varinha de rabdomante, é um solaste venenoso!
- Ah! - Dou um grito, e jogo o galho ao chão.
Ele baixa sua máscara, e sai com seu estanho veículo, em direção ao palácio cor de rosa. Começo a passar freneticamente minha mão em minha capa amarela, mesmo sabendo que o estrago já estava feito.
O Wybie já havia sumido de vista, aquele troço corria rápido demais. Olho para o lado e o gato preto Ainda estava lá, não sei se foi impressão minha, mas juro que vi ele balançando a cabeça antes de sair correndo para o mesmo caminho que Wybie fez.
Ele desaparece rapidamente. Lá está eu, Coraline Jones, sozinha novamente, apenas eu e o poço.
Olho ao chão, e vejo que na madeira que o tampava, havia um pequeno buraco. Me ajoelho ao chão, e olho por ele, para ver se enxergava algo, mas, não via nada.
Pego uma pedra, e a jogo pelo buraco. Encosto meu ouvido no buraco e não ouço nada, não acredito nisso. Olho para o buraco, e encosto novamente meu ouvido, até finalmente ouvir o barulho de algo se chocar contra a água.
Pois é, o poço era fundo mesmo. Ia jogar mais uma pedra, mas o chuvisco que ameaçava acontecer a um tempo atras, começa, então, corro para minha nova casa.

Coraline e o Mundo SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora