Capítulo 2 - Um encontro a "nu"

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O meu sonho estava a começar agora.

Durante anos lutara para conseguir chegar aqui, a esta tão prestigiada escola.

A Dance Corporation sempre fora o motivo dos meus sonhos, sempre me imaginara a entrar na porta desta escola, lado a lado com a minha mãe e a minha tia. Parte do meu sonho tornou-se realidade. Sim, estou a frente da minha escola mas faltam-me os meus pilares, as mulheres que tanto batalharam pelo meu futuro.

Uma morta e a outra... Inspirei e observei o cenário à minha volta.

Estava no início de Outubro e as folhas começavam a cair das árvores. uma a uma, as folhas faziam o seu trajeto lento até ao chão. Apertei o casaco contra o meu corpo e comecei o meu caminho até às portas da escola.Aos poucos começavam a chegar alunos e comecei a sorrir. Sorria pelo simples facto de depois de tantos anos a imaginar como seria a sensação de percorrer este passeio nunca imaginei que a sensação fosse o oposto à minha imaginação. Sentia um arrepio a percorrer a minha espinha e estava a tremer de tanto nervosismo acumulado.

As palavras que recebera na carta no dia anterior ainda ecoavam na minha mente.

"Temos o prazer de comunicar à Miss.Isabelle Pierce que a sua candidatura à Dance Corporation foi aceite e depois da sua audiência no mês de Agosto, esta instituição ficou maravilhada com o seu talento com tão precoce idade. Seja bem-vinda à Dance Corporation, o futuro da sua carreira".

Os corredores transpareciam alegria. Com pareces azuis claras e pequenas linhas finas de cor-de-rosa o ambiente da escola era jovialidade autentica. Reparava nos pequenos grupos de raparigas que se juntavam e se cumprimentavam alegremente e contavam as suas aventuras de Verão. Confesso que me sentia um pouco perdida no meio de tanta gente e não sabia para onde era a Secretaria, mas decidi ir sempre em frente porque a algum lado teria de ir parar.

Depois de caminhar cinco minutos por um corredor com dezenas de salas de aulas, numeradas vi ao longe uma porta de madeira com uma placa de metal que tinha escrito "Secretaria"com letras bastante brilhantes.

Comecei a caminhar na sua direção e abri a porta revelando por detrás desta um balcão de mármore e ainda cerca de quatro secretárias com computadores, que julguei na hora serem de funcionárias. Uma senhora de estatura média e por volta dos quarenta anos reparou na minha entrada e veio logo na minha direção, sorrindo.

- Bom dia, em que posso ajudar a menina?

- Bom dia, eu recebi uma carta de admissão e queria saber em que turma estou e qual o meu horário por favor - sorri delicadamente.

- Como se chama Miss? - perguntou-me atenciosamente a Kate, pelo que pude da ver da placa que ostentava no seu peito.

- Isabelle Pierce. A Senhora Kate sentou-se na cadeira e de frente ao computador começou a escrever algo, que julgo ser o meu nome.Segundos depois a impressora começou a imprimir dois documentos.

A Senhora Kate levantou-se e dirigiu-se à impressora que se encontrava num dos cantos da sala. Os seus saltos faziam um barulho irritante, que me fazia ranger os dentes.

- Isabelle, estás no curso de Dance Perfomance BA, da turma B2 e tens aqui o teu horário.

Agradeci e dirigi-me em silêncio pelos corredores da escola, sentando-me no banco mais perto que encontrara. Contemplava a folha que possuía nas minhas mãos e tentava compreender o meu horário. Era diferente de todos os horários que tinha tido até à data.

A primeira possuía todas as indicações para eu conseguir chegar aos dormitório e ao cacifo estipulado para mim. A folha dizia que tinha de seguir as linhas azuis no chão para conseguir chegar aos meus dormitórios e ao olhar para o chão reparei que este era coberto de linhas de variadas cores. Logo consegui aperceber-me das linhas azuis e peguei na pequena que possuía e segui as linhas. Reparava em alguns quadros na parede, de inúmeras bailarinas e de raparigas belas que pousavam com medalhas e com sorrisos triunfosos.

Vi uma enorme porta de vidro que separava os corredores das salas de aula dos corredores dos dormitórios e as minhas mãos tocaram a fria superfície de metal abrindo-a. Pelo que lera na folha que me fora dada o meu dormitório era o 669 e este corredor ia do número 500 aos 700, o que significava que o meu quarto devia ser no fundo do corredor.

Via raparigas e rapazes a passar e a olhar fixamente para mim o que me deixava um pouco irritada. Sempre odiei ser o centro das atenções, a criatura nova e indefesa. 650, 660, 669. Vi uma porta de vidro fosco com a indicação do número da porta a letras rosadas. Retirei a chave que vinha colada à carta e abri a porta do quarto que iria ser meu durante três longos anos.

A grande vantagem desta escola é que cada aluno tinha o seu quarto e não havia partilhas o que me deixava mais descansada, pois não gostava de partilhar o meu espaço com desconhecidos e a ideia de ter alguém que não conhecia a mexer nos meus pertencer deixava-me fora de mim. Pousei a mala com os meus pertences em cima da cama e fui explorar um pouco a escola e descobrir onde era o meu cacifo. As minhas aulas só começariam amanhar por isso tinha imenso tempo para descobrir coisas novas. Logo que fechei a minha porta dei de caras com uma rapariga de estatura média à minha frente, com um enorme sorriso estampado na cara.

- Olá, eu sou a Clary - disse abrindo os braços e envolvendo-me num abraço apertado.

Não me mexi nem retribui. O meu corpo manteve-se assim, intocável e duro.

- Olá - disse secamente e dando um sorriso falso. Virei-lhe as costas e continuei o meu caminho. - Ei, não sejas mal-educada, espera por mim. Como te chamas? Continuei o meu caminho mas rapidamente Clary alcançou-me e lá tive de responder à sua pergunta coscuvilheira.

- Isabelle - disse em meio tom.

- Isabelle, que nome bonito. Vou-te chamar Izzy - disse entre gargalhadas.

Virei-me para trás pronta a discutir esta recente alcunha.

- Isabelle e ponto final.

- A fazer novas amigas Clare? - uma voz grave fez-se soar atrás das minhas costas.

Clary sorriu e olhou para onde provinha a voz. Virei vagarosamente o meu corpo dando de caras com um rapaz que estava apenas em toalha e que estava com o cabelo ensopado. O rapaz devia ter os seus vinte anos e tinha cabelo castanho todo despenteado e uns profundos olhos azuis. Uma aparência um pouco patética.

- Lou, conhece a minha amiga Isabelle,Izzy.

- Eu não sou tua amiga - comecei a caminhar e reparei numa atraente rapariga loira que se aproximava do rapaz a quem Clary denominara por Lou com um sorriso perverso estampado na cara.

- Louis, acho que esta toalha está aqui a mais - disse a rapariga retirando a toalha da cintura deste. Nesse momento apercebi-me que estava à frente de um rapaz completamente nu. As maçãs do meu rosto aqueceram rapidamente e fiquei um pouco desconfortável na presença de um rapaz completamente nu.

- A apreciar a paisagem Belle? - disse ele sorrindo e não se importando com o seu estado.

Soul DancerOnde histórias criam vida. Descubra agora